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Conceituação de Inovação Pedagógica

No documento Dissertação de Mestrado FUNCHAL 2015 (páginas 55-60)

Capítulo III – Inovação Pedagógica

3.1. Conceituação de Inovação Pedagógica

No âmbito social moderno, a necessidade de se repensar num novo modelo de educação que atenda as necessidades vigentes e promova aprendizagens significativas para a formação do indivíduo autônomo, crítico e participativo no meio sociocultural admite uma reflexão a cerca deste padrão, buscando algumas possibilidades inovadoras que possam auxiliar na vivência e construção de novos ambientes de aprendizagens, uma vez que, o ser humano além de ser prendado de potencialidades é capaz de construir saberes e conhecimentos essenciais a vida.

Entretanto, em meio a muitas evoluções e mudanças a escola não apresenta ainda um cenário educacional de aprendizagem, pois está arraigada ao paradigma fabril, paradigma este que destaca a aprendizagem apenas como o que resulta da transmissão de informação. E, que segundo Toffler (1970, p. 393), ressalta “o ensino em massa foi a máquina genial criada pela civilização industrial para conseguir o tipo de trabalhadores que precisava.” E nessa época, considerada de sociedade industrial, a realização do trabalho consistia num modelo de repetição, o qual reportava um mundo de barulho, máquinas, fumo, disciplina e ambientes superlotados regido por um relógio.

Conforme KUHN (1989), a educação com o passar do tempo também sofreu várias transformações e quebras de paradigmas. Assim como, para atender as exigências do mercado, o qual influenciava diretamente nas questões relacionadas ao

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contexto educacional e/ou escolar, houve inúmeras alterações na acessão de serviços e bens (TOFFLER, 1997).

Nesse ensejo de mudanças é necessário se adaptar as novas circunstâncias e desafios, ou seja, as pessoas precisam desenvolver certas capacidades que as auxiliem nesse processo, como também, estarem aptas a vencer as dificuldades. Isso Toffler (1970), já previa que “mudança é o processo no qual o futuro invade nossas vidas. E, nesse contexto percebe-se a necessidade que a escola tem de inovar e criar novos contextos de aprendizagem para superar esses entraves.

Desse modo, a educação contemporânea precisa ser vista com outro olhar, entender a ação do homem no processo de obtenção do saber e assim procurar novos meios para adequar o contexto global a unidade escolar. Daí, a necessidade de um ambiente inovador que traga propósitos recíprocos, interativos e múltiplos favorecendo um significado ao aprendizado. E segundo Fino (2010), isso se torna possível quando o docente rompe com o modelo de ensino tradicional, e passa a buscar uma abordagem construcionista, uma proposta de Papert (1994), numa linha de Inovação Pedagógica de acordo com (FINO, 2010).

Segundo Papert (1994), o pensamento construcionista originou-se a partir da teoria de Piaget em articulação com algumas concepções da inteligência artificial, inicialmente apresentada pela linguagem programada Logo e posteriormente utilizada em outros meios computacionais. Assim como, ele acreditava que a criança tinha o poder de provocar mudança no sistema educativo e o computador seria a chave para a sua libertação.

Para ele, o construcionismo é a construção do conhecimento por meio da interação do educando e o computador, no qual este instrumento tecnológico passa a ser orientado e através da exploração, pesquisa e experimentação o aprendiz participa dessa ação estabelecendo atributos aos objetos e construindo as propriedades do mundo, visto que, no construtivismo o conhecimento é constituído de forma gradual na sua interatividade com o meio social.

A abordagem construcionista desaprova a rigidez do sistema de ensino que trata de metodologias e avaliações sistemáticas e do uso de materiais desconhecidos da realidade do aluno, afastando-o assim do processo de edificar o saber. Todavia,

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considera o erro como um salto para o aprendizado, pois a partir dele é que o estudante tomará noção do caminho trilhado. Mediante a isso, o professor utilizará de intervenções apropriadas para auxiliá-lo em suas dificuldades e, posteriormente superá- las.

É o que Papert (1994, p.29), destaca:

“a melhor aprendizagem ocorre quando o aprendiz assume o comando de seu próprio desenvolvimento em atividades significativas e lhe despertem prazer para que a cognição e afeto andem juntos”.

Portanto, o construcionismo constituído por Papert (1994), é uma reconstrução teórica a partir do construtivismo de Piaget, no qual este e alguns seguidores consideravam a criança um ser pensante e independente de ser orientada, ela construiria suas próprias estruturas cognitivas. Entretanto, isso inquietava Papert no intuito de como criar situações em que a mesma adquirisse mais conhecimento.

Assim, a postura construcionista implica a redução dos atos de ensinar de modo que com o mínimo de ensino se produza o máximo de aprendizagem. Isto quer dizer, que o construcionismo visa obter meios de aprendizagem significantes que incremente a construção mental do aprendiz.

Nessa concepção, o setor educacional como um todo, tem por obrigação criar novos ambientes que estabeleça a inovação, interação e pesquisa, pois só há motivação e estímulo no aprender quando de fato o aluno e professor são colocados frente a situações-problemas e juntos encontram novas opções de respostas, pois o recurso somente, não apresenta momentos motivacionais. Sendo necessário então, propiciar oportunidades de criação coletivas para que o aprendizado aconteça imediatamente.

Logo, neste estudo, o entendimento de inovação pedagógica está pautado no rompimento de paradigmas educacionais e rupturas de técnicas pedagógicas tradicionalistas, que possibilite e estimule discentes e docentes a atuarem nos ambientes educacionais como figurantes do processo de construir e aprender. Nessa

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acepção, a prática pedagógica torna-se reflexiva e dialética, pois os alunos também são concebidos como co-participantes na construção do conhecimento (TOFFLER, 1970).

Quanto à inovação Fino (2008, p.1) destaca que:

“a inovação pedagógica implica mudanças qualitativas nas práticas pedagógicas e essas mudanças envolvem sempre um posicionamento crítico, explícito ou implícito, face às práticas pedagógicas tradicionais”.

Por outro lado, alguns autores definem a inovação como qualquer mudança de forma intencional no sistema educativo que destaque o progresso em relação a algo que foi criticado ou que não tenha dado certo. Outros conceituam inovação pedagógica como uma melhoria na educação de forma deliberada e duradoura, sem perder as particularidades iniciais e, ou quando se adiciona alguma coisa que já é célebre.

Sob o ponto de vista da inovação pedagógica, o docente é o mediador da aprendizagem, o qual possibilitará os meios e as condições necessárias para que o educando desenvolva suas habilidades e competências e, seja capaz de dominar os conhecimentos científicos, assim como seja independente na sua aprendizagem.

Para Fino (2007), a inovação pedagógica acontece quando há transformação e mudança. Mudança da escola, mudança da atitude docente e de suas conjecturas fabris. Logo para ele, a inovação pedagógica supõe a produção de aprendizagem e contextos contrários aos contextos tradicionais de ensino. Segundo o autor, a inovação pedagógica é um conceito que está em contínua redefinição. Ele justifica que:

“há fatores que encorajam, fundamentam ou suportam mudanças, mas a inovação, ainda que se possa apoiar nesses fatores, não é neles que reside, ainda que possa ser encontrada na maneira como são utilizados”. (FINO, 2008, pp.277-287.)

Entretanto, a inovação compreende as práticas pedagógicas, o qual deve ser estudada e percebida como um processo que acarreta crítica e reflexidade sobre o aprendizado, pois segundo Fino e Sousa (2001), a inovação implica diretamente em

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práticas pedagógicas e não em reformas curriculares ou mudanças pragmáticas, ainda que essas mudanças possam sugerir ou até mesmo nortear mudanças de caráter qualitativo.

Inovar na prática pedagógica, é criar métodos que possibilitem o educando interagir no contexto social, além de incentivá-los a participar das atividades sugeridas pelo docente e serem sujeitos autônomos na sua realização (Toffler,1991). Para Fino (2003; 2010), inovação pedagógica não é uma simples renovação, pois implica em uma ruptura paradigmática com a situação vigente, uma vez que inovar diz respeito de trazer à realidade educativa algo efetivamente novo, ao invés de renovar algo já existente ou fazer aparecer algo sob um mesmo aspecto.

Neste contexto, é relevante que os educadores procurem desenvolver atividades pautadas na proposta de inovação pedagógica, tanto na forma de agir e pensar das pessoas como no processo de ensino e aprendizagem (FINO, 2003; 2010). Para o autor, a escola é um ambiente que possibilita a aprendizagem, bem como propicia o aluno desenvolver suas habilidades e experenciar situações compatíveis a seus interesses.

Dessa forma, a partir da visão construcionista de Papert (1994), o educador deve procurar romper o ensino tradicionalista e agir como um facilitador da construção do saber e da aprendizagem. Fortalecendo esse entendimento, Freire (1976) destaca que o trabalho docente consiste em motivar o aluno a participar ativamente do processo de aprendizagem, despertando seu interesse, sua curiosidade, provocando-o a ser um sujeito instigador, criativo, reflexivo, crítico, dentre outros.

No entanto, é primordial esclarecer que inovação conjectura as mudanças significativas na prática pedagógica e não apenas, as reformas curriculares. Sendo assim, procuraremos perceber se o uso de objetos concretos pode ser planeado como uma estratégia que visa romper com as perspectivas tradicionalistas da aprendizagem matemática, bem como elevar a aprendizagem do educando tracejado na perspectiva de inovação pedagógica, conforme delineado por Fino (2004; 2010)

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No documento Dissertação de Mestrado FUNCHAL 2015 (páginas 55-60)