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CAPÍTULO II – 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.4 DESASTRES NATURAIS DECORRENTES DE EXCESSO OU ESCASSEZ HÍDRICA

2.4.1 Conceituação de desastres naturais

A Organização da Nações Unidas (ONU), por intermédio do setor de Estratégia Internacional para a Redução de Desastres (ISDR – International Strategy for Disaster Reduction), conceitua “desastre” como segue:

Um desastre é uma grave interrrupção do funcionamento de uma sociedade, causando perdas humanas, materiais ou ambientais que excedem a capacidade da sociedade afetada de lidar com tais conseqüências com seus próprios recursos.

Um desastre é função do processo de risco. Resulta da combinação de ameaças, condições de vulnerabilidade e insuficiente capacidade ou medidas para reduzir as conseqüências negativas e potencialidades do risco (UN/ISDR, 2004, cap. 1, p. 17). Castro (1998) define que o desastre é resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais. Os desastres são quantificados, em função dos danos e prejuízos, em termos de intensidade, enquanto que os eventos adversos são quantificados em termos de magnitude. Na Codificação dos Desastres, Ameaças e Riscos (Codar) da Política Nacional de Defesa Civil, os desastres naturais são aqueles provocados por fenômenos e desequilíbrios da natureza e produzidos por fatores de origem externa que atuam independentemente da ação humana.

Segundo Twigg (2001 apud UN/ISDR, 2004), estritamente falando, não existe o que é chamado de desastre natural, mas há ameaças naturais tais como os ciclones e os terremotos. É importante distinguir uma ameaça de um desastre. Um desastre tem lugar quando uma comunidade se vê afetada por uma ameaça, que ultrapassa a sua capacidade de enfrentamento.

Os desastres naturais demandam melhoria no entendimento dos processos atmosféricos e hidrológicos que levam aos extremos hidrológicos. Esforços são demandados para a prevenção de sua ocorrência e de sua severidade; de ações para implementar o gerenciamento relacionado com a prevenção e a mitigação e busca de ferramentas que propiciem a estimativa de extremos hidrológicos no ambiente em transformação (INAG, 2005).

Os desastres naturais são determinados a partir da relação entre o homem e a natureza. Para diminuir a vulnerabilidade e tornar a vida mais segura, deve ser realizada a prevenção e a mitigação dos desastres naturais. Nós, seres humanos, ainda não adquirimos conhecimentos suficientes para controlar e dominar os fenômenos naturais. Atualmente, o que é possível de ser realizado é a mitigação, ou seja, a redução máxima possível dos danos e prejuízos causados pelos desastres naturais. Devem ser realizadas medidas preventivas, não só para reduzir os prejuízos materiais, mas também, principalmente, para evitar a ocorrência de vítimas fatais (KOBIYAMA et al., 2006, p. 4).

Os desastres são súbitos e inesperados, de gravidade e magnitude capazes de causar mortes e feridos, dentre outros prejuízos ambientais diversos. Exigem ações preventivas e restituidoras, envolvendo diversos setores, governamentais e privados, visando à recuperação que não pode ser alcançada por meio de procedimentos rotineiros (KOBIYAMA et al., 2006). Para Castro (1998), a ocorrência e a intensidade dos desastres dependem muito mais do grau de vulnerabilidade dos cenários de desastres e das comunidades afetadas, do que da magnitude dos eventos adversos.

O Conselho Nacional de Defesa Civil (Condec) tem por finalidade a formulação e deliberação de diretrizes governamentais em matéria de defesa civil. Do Glossário de Defesa Civil – Estudos de Riscos e Medicina de Desastres, que padroniza a nomenclatura correlata, sob a coordenação de Castro (1998, grifo do autor), foram extraídas as definições, apresentadas a seguir:

Situação de emergência (SE):

Reconhecimento legal pelo poder público de situação anormal, provocada por desastres, causando danos (superáveis) à comunidade afetada.

Estado de Calamidade Pública (CP):

Reconhecimento legal pelo poder público de situação anormal, provocada por desastres, causando sérios danos à comunidade afetada, inclusive à incolumidade e à vida de seus integrantes.

Declaração de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública:

Documento oficial, baixado por autoridade administrativa competente, observando os critérios e procedimentos estabelecidos pelo CONDEC, para decretar, registrar e divulgar publicamente um ato legal, relativo a uma situação anormal provocada por desastre, desde que se caracterizem condições que o justifiquem. O Decreto de declaração de situação de emergência ou de estado de calamidade pública é da competência dos prefeitos municipais e do Governador do Distrito Federal.

Homologação de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública: Documento oficial de aprovação e confirmação, baixado por autoridade administrativa competente, observando os critérios e procedimentos estabelecidos pelo CONDEC, o qual é necessário para que determinado ato público produza os efeitos jurídicos que lhes são próprios, em nível governamental, representado pela autoridade homologante. O Decreto de homologação de situação de emergência ou de estado de calamidade pública [...] é da competência dos Governadores estaduais.

O Decreto nº 5.376, de 17 de fevereiro de 2005, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec) e o Conselho Nacional de Defesa Civil, em seu Art. 17, estabelece as diretrizes para a declaração de Situação de Emergência e de Estado de Calamidade Pública referentes aos desastres naturais, de competência do governador do Distrito Federal ou do prefeito municipal, feita mediante decreto (BRASIL, 2007). Para solicitar recursos financeiros e para que seja garantida a veracidade dos decretos, o prefeito deverá comunicar a ocorrência do evento adverso ou desastre, simultaneamente, ao Órgão Estadual de Defesa Civil e à Secretaria Nacional de Defesa Civil. O reconhecimento do ato é feito mediante portaria do ministro de Estado da Integração Nacional, e é condição para ter efeito jurídico no âmbito da administração federal. A situação de emergência pode ser ampliada com a decretação de estado de calamidade pública quando a severidade do desastre coloca em risco a vida dos cidadãos.

Os desastres naturais, colocam em risco a vida humana, além de causar danos às propriedades e, também, de forma muito clara, profundos efeitos e conseqüências desastrosas ao meio ambiente. Castro (2003) relaciona os desastres naturais com a geodinâmica terrestre externa e interna. De origem externa estão os desastres naturais de causa eólica, tais como os vendavais e tempestades; os desastres naturais relacionados com

temperaturas extremas, a exemplo dos granizos; os desastres naturais relacionados com o incremento das precipitações hídricas e com as inundações, a citar, as enchentes ou inundações graduais, as enchentes ou inundações bruscas e os alagamentos; os desastres naturais relacionados com a intensa redução das precipitações hídricas, incluindo as estiagens e a seca. De origem interna, entre outros, estão os desastres naturais relacionados com a geomorfologia, o intemperismo, a erosão e a acomodação do solo, a exemplo dos escorregamentos ou deslizamentos.

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