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CAPÍTULO 4 – PROJETO SEMEANDO FUTURO: ATENDENDO AOS SEUS

4.1 Concepção

Levando em consideração o processo histórico da extensão universitária, podemos constatar que, como a FAFIRE é uma instituição com 69 anos de existência e tem em sua missão26 um perfil que visa o avanço dos limites estruturais da instituição, através dos seus projetos de extensão, ou seja, mesmo sem esta denominação a faculdade já prestava serviços às comunidades carentes levando o conhecimento apreendido em sala de aula para estes espaços não escolares.

O Projeto Semeando Futuro, pertence à área de profissionalização e inclusão produtiva. Surgiu desde o início das atividades de Extensão e Ação Comunitária da FAFIRE, nas Comunidades da Mangueira (Torre) e Coque/Coelhos, apesar de não ter esta nomenclatura, com atividades de produção e comercialização de bijuterias, arranjos florais, velas ornamentais e confecção de instrumentos e ritmos percussivos.

A escolha deste nome se deu por dois motivos principais: primeiro pelo crescimento da produção e comercialização dos produtos, fazendo com que a Diretoria Adjunta de Extensão e Ação Comunitária (DAEAC) procurasse apoio no SEBRAE, sendo co- fundadora da Rede Solidária de Pernambuco.

Esta rede tem como objetivo principal reduzir as dificuldades/fragilidades comuns a toda organização popular e não governamental no campo do desenvolvimento de um trabalho coletivo. Tem também a missão de reunir pessoas, associações, cooperativas e ONGs que executam e/ou articulam projetos junto a setores governamentais e não governamentais formuladores e financiadores de políticas públicas, em busca de uma mudança no cenário social para a melhoria da qualidade de vida, geração de emprego e renda e inclusão social.

O segundo motivo de sua denominação surgiu da necessidade de identificar o grupo, escolha que se deu de forma coletiva.

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Oferecer uma educação integral de qualidade, promovendo a formação humana e profissional comprometida com a construção de uma sociedade justa e fraterna, fundamentada em princípios éticos, cristãos e na intuição pedagógica de Paula Frassinetti.

A Diretoria Adjunta de Extensão e Ação Comunitária, participando ativamente desde a sua 1ª edição do Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e Instituições de Ensino Superior Comunitárias, encontrou uma grande oportunidade para o Projeto Semeando Futuro, durante o IX encontro em 2007. Neste encontro foi lançado através do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares – PRONINC, um edital público, cujo objetivo principal é apoiar projetos vinculados às Universidades e apoiados por instituições públicas e privadas, o Termo de Referência para Apresentação de Propostas de Implantação de Novas Incubadoras Universitárias de Empreendimentos Econômicos Solidários, incluindo a partir de então as Instituições de Ensino Superior Comunitárias Confessionais.

Esta diretoria percebeu algumas características próximas do Termo às atividades desenvolvidas do Projeto Semeando o Futuro, podendo-se citar:

1) as ações dos empreendimentos na nova incubadora devem estar articuladas ao Programa de Inclusão Produtiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;

2) um dos setores ou cadeias produtivas que deveriam ser criados seriam o artesanato e serviços;

3) os novos Empreendimentos de Economia Solidária (EES) deveriam preferencialmente valorizar as tecnologias sociais, tais como produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que represente efetivas soluções de transformação social;

4) o detalhamento de articulação com outros projetos da universidade, com os movimentos de economia solidária, com outras políticas públicas, etc.;

5) a descrição da(s) metodologia(s) adotada(s) para o monitoramento, a avaliação dos Empreendimentos de Economia Solidária (EES) incubados e a disponibilidade do coordenador em ter, obrigatoriamente, no quadro da instituição, dedicado no mínimo vinte horas (20h) semanais aos trabalhos da incubadora.

Diante destas evidências, a DAEAC apresentou uma proposta sendo aprovada a Incubação FAFIRE com duas ações: a primeira o Projeto Semeando Futuro com a finalidade de proporcionar ao grupo uma nova forma de se relacionar social e economicamente, com mais autonomia produtiva em busca de uma emancipação social. Com apoio técnico, logístico e jurídico permitirá uma melhoria dos empreendimentos, através da economia popular solidária como alternativa de combate a pobreza e a desigualdade social, amenizando os problemas e conscientizando para a preservação ambiental local, tanto pelas perspectivas de

segmentos alternativos de produção ou pela organização de novos movimentos sociais nas comunidades da Mangueira da Torre, Coque/Coelhos.

A segunda ação buscou dar continuidade e estimular o potencial local do turismo para gerar trabalho e renda no município de Brejo da Madre de Deus, através do Projeto do GEESTUR FAFIRE - Grupo Gerador de Empreendimentos Econômicos Solidários do Turismo.

A proposta apresentou quatro etapas na metodologia, distribuídas da seguinte forma:

1ª fase: reconhecimento ou captação das demandas nas comunidades pela organização cooperativa;

2ª fase: escolha da atividade econômica e levantamento preliminar de sua viabilidade;

3ª fase: desincubação: elaboração do estatuto e formalização da cooperativa; 4ª fase: apresentações públicas em feiras e eventos com aplicações de questionários ao público visitante e oferecimento de oficinas de cooperativas nas comunidades atendidas.

Para efeitos desta pesquisa, as observações do Projeto Semeando Futuro foram realizadas até a 3ª fase da proposta do PRONINC, cujo estatuto encontra-se em elaboração pelo grupo, que participa das reuniões mensais, e o desenvolvimento destas fases, serão detalhadas no item referente à implementação onde as observações serão discriminadas durante as pesquisas de campo. Apesar desta proposta ter sido aprovada em 22 de dezembro de 2008, a liberação da verba de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) só foi publicada no Diário Oficial da União em março de 2009.

Nas entrevistas realizadas com a equipe gestora da extensão da Fafire que acompanha o grupo Semeado Futuro (diretoria, coordenação e assistente social) percebe-se que o projeto é uma proposta articulada na horizontalidade, inclusive com ações interdisciplinares onde são trabalhados relacionamentos interpessoais, acompanhamentos psicológicos na Clínica Comunitária, além de possuir similaridades com os princípios gerais da economia solidária, onde cada item será melhor detalhado adiante.

As ações/atividades que o Projeto Semeando Futuro se propôs a desenvolver naquela época abrangiam as comunidades da Mangueira (Torre) e Coque/Coelhos (sem serviços básicos, espaços públicos de qualidade e de moradia digna), com o objetivo de analisar as necessidades, urgências e potenciais socioeconômicos de uma economia solidária

inserida no contexto universitário na busca de superação do desemprego e da pobreza em um contexto urbano na cidade do Recife.

Este trabalho de conclusão de mestrado deteve-se apenas na análise da primeira ação da Incubação FAFIRE, o Projeto Semeando Futuro, pelas seguintes razões: a exiguidade do tempo, a sua existência desde o início da formalização da Diretoria Adjunta de Extensão e Ação Comunitária – DAEAC até a presente data; a proposição de uma análise das alternativas das práticas de economia popular solidária nas ações desenvolvidas, procurando desvirtuar o foco unidimensional dos princípios econômicos, hegemônicos e excludentes.

Foram levantados alguns questionamentos pela pesquisadora ao analisar as estratégias de atuação nas atividades do Projeto Semeando Futuro durante a pesquisa de campo e, ao mesmo tempo, ao avaliar alguns itens relacionados na proposta apresentada pela DAEAC ao PRONINC (Programa ao Nacional de Incubadoras Populares)

Nesta proposta podemos citar alguns aspectos relevantes a este estudo, tais como: incentivo da prática extensionista e interdisciplinar vinculada ao ensino e à pesquisa, através da relação professor-estudante-comunidade incentivando a troca dos saberes acadêmicos e populares, intensificando as relações transformadoras; analisar as demandas e necessidades das comunidades para decidir onde poderão ser desenvolvidas às ações de extensão e ação comunitária e definir e construir programas e ações de extensão com a comunidade.

Ao ter contato mais direto com as artesãs do Semeando Futuro e a diretoria de extensão da faculdade, a pesquisadora durante a pesquisa de campo, reportava-se sempre as possibilidades de respostas aos objetivos gerais e específicos deste trabalho, assim como aos objetivos da proposta acima referida.

Todos estes questionamentos serão detalhados em categorias de análises, baseados nos capítulos anteriores do quadro teórico deste estudo, como: a indissociabilidade no ensino/pesquisa/extensão; o perfil e/ou papel institucional da extensão principalmente nas instituições confessionais comunitárias; os pontos convergentes e divergentes à economia solidária e, finalmente, se esta atividade é realmente uma prática de prestação de serviço público.