O Portfólio Estratégico do Exército sofreu ao longo dos anos, acompanhando a
própria evolução do Escritório de Projetos do Exército, uma transformação como
resultado da necessidade de adequação com as melhores práticas internacionais de
gerenciamento.
Entre os diversos Programas Estratégicos do Exército, o PROTEGER
gerenciado diretamente pelo EPEx, evidencia a referida evolução na governança
estratégica, apresentando uma série de novos desafios dada as recentes concepções,
principalmente no que concerne a manutenção no nível de alinhamento com os
Objetivos Estratégicos do Exército (OEE).
Esses objetivos são alcançados com mais de um programa ou projeto
estratégico, e o PROTEGER em particular é afeto ao OEE3 cujo propósito é contribuir
com o desenvolvimento sustentável e a paz social e ao OEE5 cuja descrição prevê
implantar um novo e efetivo sistema operacional militar terrestre.
O primeiro foca sua estratégia no aperfeiçoamento das estruturas de apoio às
operações de GLO, operações interagências e ações subsidiarias, com ação voltada
para ampliar a capacidade operacional do Exército para atuar na proteção da
sociedade.
Já o segundo, prevê suas estratégias e respectivas ações no: aumento da
capacidade pronta resposta da F Ter com ação de reestruturação do COTER; e o
aumento da efetividade do emprego da F Ter com ação definida para desenvolver as
capacidades de monitoramento/controle e apoio à decisão.
Uma vez que as iniciativas do portfólio são concebidas para a entrega de
capacidades para a Instituição e benefícios para a sociedade, os programas e projetos
estratégicos do Exército podem ser indutores ou estruturantes da transformação da
Força, assim como servirem de indicadores para as Ações Estratégicas do PEEx,
devendo para tal, estarem alinhados em aspectos mensuráveis aos objetivos
estratégicos, de forma que sua aderência possa ser avaliada.
Baseado em três consagradas metodologias gerenciais para realizar tal
avaliação do alinhamento estratégico do programa com os objetivos estratégicos
organizacionais, o trabalho buscou elencar indicadores e métricas para uma análise
metodológica com o Método Grumbach de Gestão Estratégica, base do software
brainstorming de uso institucional para tal avaliação no âmbito do EME; o Balanced
Scorecard de concepção de R. S. Kaplan e D. P. Norton, base de outras metodologias
estratégicas como a de Grumbach; e a metodologia do PMI subsidiada por conceitos
do Padrão para Gerenciamento de Programas.
Do ponto de vista do Método Grumbach foi possível mensurar através do
indicador de Restos a Pagar que o PROTEGER no aspecto economicidade atingiu um
nível insatisfatório; no aspecto eficiência, a partir do percentual de execução
orçamentária anual, um desempenho plenamente satisfatório; em contrapartida, no
aspecto eficácia, baseado no percentual de execução orçamentária total, o
desempenho foi de plenamente insatisfatório; e finalmente um nível satisfatório no que
se refere ao aspecto efetividade, o qual é pautado no Sistema de Medição do
Desempenho Organizacional. Com isso, o nível global na referida metodologia foi de
insatisfatório quanto ao alinhamento do programa com os Objetivos Estratégicos do
Exército.
Já do ponto de vista do Balanced Scorecard foi possível identificar que no
aspecto financeiro, baseado no percentual de execução orçamentária total, o
desempenho foi plenamente insatisfatório; no aspecto clientes, guardada as devidas
peculiaridades institucionais, o desempenho pautado no indicador de impacto na
cadeia de valor da BID foi de plenamente satisfatório; quanto aos processos internos,
cujo indicador referencial foi a maturidade do EPEx, o nível atingido foi de satisfatório;
e da mesma forma satisfatório o desempenho no aspecto aprendizado e crescimento
com referência global. Dessa forma, o resultado geral do BSC foi de alinhamento
satisfatório do programa.
Por fim, a metodologia do PMI elencou o alinhamento de estratégia do programa,
com referência ao Sistema de Medição do Desempenho Organizacional, obtendo um
nível satisfatório de alinhamento; o gerenciamento de benefícios do programa,
baseado no impacto na cadeia de valor da BID, como plenamente satisfatório; quanto
ao aspecto engajamento das partes interessadas do programa, cujo indicador foi
global, como sendo satisfatório; como plenamente satisfatório o alinhamento no
aspecto governança do programa, referenciado pelo indicador de maturidade do EPEx
e o Prêmio PMO de 2019 do PMI; e por fim, como plenamente insatisfatório o
alinhamento no aspecto de gerenciamento do ciclo de vida do programa, dada a
análise do indicador prazo e ciclo de vida do Sistema de Material de Emprego Militar.
Como resultado desta metodologia, o desempenho foi avaliado como satisfatório em
relação ao alinhamento.
Conclui-se assim, que no desempenho global, referenciadas as metodologias
supramencionadas, o alinhamento do PROTEGER aos Objetivos Estratégicos do
Exército pode ser considerado com satisfatório. Contudo, cabe ressaltar, que a
despeito de alguns indicadores negativos de desempenho insatisfatório – cujos
motivos são devidamente expostos no trabalho, a exemplo da conjuntura econômica
nacional – os benefícios gerados para a sociedade advindos do gerenciamento
contínuo do programa, assim como as novas capacidades entregues para a Força,
são facilmente constatadas nas diversas oportunidades de emprego do Exército
Brasileiro em Operações ao longo dos últimos anos, como no planejamento e
condução da segurança do ciclo de sede nacional dos grandes eventos esportivos,
segurança das fronteiras, GVA ou GLO, evidenciando o profissionalismo e efetividade
com que os planejamentos do portfólio no nível estratégico são concretizados em
excelentes indicadores para a sociedade no nível tático de emprego do Exército
Brasileiro.
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ANEXO C – Estrutura Analítica do Programa PROTEGER
No documento
O alinhamento do Programa PROTEGER com os Objetivos Estratégicos do Exército Brasileiro
(páginas 54-65)