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A paralização das FAFENs gerou uma grande desestabilização nos custos de produção do CO2, porque além de a indústria ter que reorganizar de onde está vindo esse gás,

61 existem diferentes processos de purificação associados a cada fonte para tornar o CO2 apto à comercialização e atender aos altos níveis de exigência da indústria alimentícia, que é seu principal consumidor. Adicionalmente, para atender aos mesmos volumes deixados em aberto pela hibernação, foi preciso procurar outras fontes a curto prazo para não gerar desabastecimento nos consumidores de CO2.

O custo de distribuição também foi alterado, porque a paralisação de uma fonte localizada no nordeste gerou uma sobrecarga da região sul e sudeste para abastecer o país inteiro. Como a matriz de transporte brasileira é o rodoviário, quando é preciso percorrer mais quilômetros para entregar o produto, os custos de transferência aumentam. Nesse contexto, traçando uma linha do tempo, foi possível observar a exata correspondência entre os eventos que envolveram a hibernação da FAFEN com essa variação de custos mencionada.

Ademais, ao longo do trabalho foi mostrado tamanhas as possibilidades de diversificação das fontes, mas como todo processo de transição mercadológica, a participação dessas nova fontes começarão a ser expressivas no longo prazo. Além do episódio das FAFENs, o estudo de casos feito contemplou também uma parada da fábrica de fertilizantes de Cubatão, SP, que gerou intensa oscilação nos custos. Evidenciando-se, portanto, a alta influência da indústria de fertilizantes no mercado de CO2.

No sentido de entender o real impacto do fechamento das plantas de amônia, analisou-se a indústria do CO2 sob o espectro das Cinco Forças de Porter. A ameaça de novos entrantes pode ser considerada fraca, pois além do alto custo para ingressar na dinâmica de mercado de gases industriais, o setor, que é altamente concentrado, tem a capacidade de absorver novos entrantes com movimento de fusões e aquisições.

A ameaça de produtos substitutos também é fraca, pois além de desempenhar a performance requerida pelos consumidores a sua utilização representa um bem ambiental, pois evita a emissão de poluentes da atmosfera.

A rivalidade entre concorrentes é acirrada, pois a concentração no mercado é alta e não há diferenciação no produto, logo os players precisam buscar se diferenciar em outros aspectos como preço, confiabilidade de fornecimento e estratégias de negociação. O poder de barganha dos clientes é alto, pois se a transição entre fornecedores não é dificultada, o cliente tende a escolher pelo menor preço e, no estudo de casos realizado, a

62 principal fonte de CO2 da White Martins foi a mais afetada. Desse modo, para essa empresa, o poder de barganha dos clientes é acentuado. Enquanto que o poder dos fornecedores, que são os detentores das fontes para o mercado de CO2, pode ser dito fraco em um momento que não seja o de crise, pois as alternativas à venda desse gás para a indústria de gases não são atrativas e são danosas ao meio ambiente, podendo até gerar multas. Entretanto, no cenário de crise, os detentores das demais fontes sem ser a produção da amônia ganham participação no mercado e ganham poder de barganha com as empresas em questão.

Como sugestão para futuros trabalhos, com o objetivo de mitigar e blindar ao máximo a vulnerabilidade da indústria de gases que não tem o domínio das fontes, sugere-se o estudo da viabilidade de estratégias de repasse do aumento de custos, como estabelecimento de contratos com os fornecedores pautados na prática de Delivery ou Pay, ou seja, se o fornecedor não estiver apto a produzir o CO2, ele paga um valor mínimo como forma de indenização. Assim como a possibilidade de elaboração de contratos com cláusulas de reajuste que estejam associadas aos índices econômicos que reflitam a oscilação das indústrias fontes no mercado.

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