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Variação dos Custos do CO2 – Estudo de Casos White Martins

4. Novo Cenário CO2

4.2 Variação dos Custos do CO2 – Estudo de Casos White Martins

Essa seção dedica-se a buscar uma correlação entre os principais eventos relacionados à hibernação das fábricas de fertilizantes do nordeste com a variação de custos do CO2. Com a finalidade de refinar a análise, esses custos serão divididos em custos de produção, que são impactados em maior parte por alterações nas fontes de CO2, e em custos de distribuição, que são ditados em geral pela distâncias percorridas para entrega de produto. Para isso, será realizado um estudo de casos com informações cedidas pela White Martins. Como o Brasil é um país de dimensões continentais, os custos de distribuição são de extrema importância no que diz respeito à localização de oferta e demanda de gás. O mapa da figura 32 em seguida tem por objetivo mostrar onde são localizadas as fábricas de CO2 da White Martins para melhor entendimento dos custos associados à transferência de produto.

Figura 32: Mapa do Brasil com com Status das plantas de CO2 White Martins em 2019.

Fonte: White Martins

Para facilitar a visualização e comparação foi elaborada, na figura 33, uma linha do tempo em conjunto com a descrição em resumo dos eventos supracitados e detalhadamente explicados na sessão 2.3.

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Figura 33: Resumo dos Eventos envolvendo FAFENs.

Fonte: Elaboração Própria, baseado em dados GlobalFert.

Anteriormente à crise, os custos do gás carbônico variavam basicamente de acordo com a safra e entressafra, uma vez que o CO2 oriundo de fertilizantes compete com a priorização da produção de ureia, há maior quantidade de CO2 disponível se, no momento, a produção da ureia não for prioridade, como explicado na sessão 3.3.1. Dessa forma, os meses de plantio de grãos são efetuados de agosto a dezembro com a colheita prevista para novembro a março (EMBRAPA) e, nessa época do ano, o CO2 fica menos livre para o mercado. Portanto, os meses de maior valor dos fertilizantes no mercado são de agosto a dezembro, aumentando os custos dos mesmos (como poder visto na figura 34), uma vez que há a priorização da produção de ureia.

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Figura 34: Variação de Custos do CO2 no ano de 2017.

Fonte: Elaboração própria, baseado em dados White Martins.

Na figura 34, é possível identificar os dois patamares de preços descritos. Até julho, tem- se o patamar mais baixo e no segundo semestre do ano, os custos aumentam. Identifica- se também um aumento de custos de produção em outubro depois do anúncio da Petrobras no mês anterior de saída do setor de Fertilizantes.

O ano de 2018 foi quando a Petrobras, de fato, divulgou a hibernação das fábricas de fertilizantes de Sergipe e da Bahia e, apesar de a paralização não ter sido colocada em prática nesse ano, foi gerada grande instabilidade no mercado pelas notícias.

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Figura 35: Variação de Custos do CO2 no ano de 2018.

Fonte: Elaboração própria, baseado em dados White Martins.

Como pode ser visto na figura 35, o início do ano demonstrou a tendência esperada de redução nos custos por ser o período de entressafra, menor produção de ureia pelas plantas e maior disponibilidade de CO2 nas plantas de amônia para ser comercializado. Em março de 2018, foi o mês em que aconteceu o anúncio de suspensão da operação das fábricas de fertilizantes do Nordeste e logo depois o adiamento em 120 dias do prazo para iniciar a hibernação. Esse cenário de incerteza, falta de confiança na operação das plantas e decisões de mercado exaltadas levou à preferência da indústria por trazer o gás de fontes com o custo de produção mais barato, porém mais distantes, impactando diretamente no custo de distribuição.

Em maio desse mesmo ano, o Brasil viveu um momento atípico de greve nacional de caminhoneiros e, como é um cuja base de distribuição e circulação de mercadorias é a rodoviária, o mercado foi abalado por esse acontecimento. Nesse mês, os custos tanto de produção quanto de distribuição diminuíram, porque o volume de entrega diminuiu e, por consequência, os quilômetros rodados também. Porém, em junho, veio a tona a resposta do mercado com um aumento de 13% em relação à média anual e de 44% em relação ao mês anterior configurando-se como maior custo de distribuição do ano.

Era esperado para outubro de 2018 o começo da hibernação e percebe-se pela curva um ensaio nos meses anteriores por uma estabilização da curva com um modesto pico nos

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52 custos de produção no mês em questão, que pode ser explicado por toda uma tensão e expectativa em torno da paralização e a busca por produto de custos maiores visando manutenção dos estoques.

Contudo, a interrupção das atividades foi postergada para 2019 cuja variação dos custos é apresentada na figura 36 seguir.

Figura 36: Variação de Custos do CO2 no ano de 2019.

Fonte: Elaboração própria, baseado em dados White Martins.

Desde janeiro de 2019, a Petrobras já começou a busca por empresas que tivessem o interesse de arrendar as fábricas de fertilizantes do nordeste e, a partir de Fevereiro do mesmo ano, a empresa iniciou de fato a ruptura das atividades da FAFEN – BA e FAFEN -SE.

Por conta desse acontecimento, os custos de distribuição aumentaram consideravelmente devido a necessidade de trazer CO2 de localidades mais distantes, inclusive da Argentina. E, nos meses seguintes, a busca de reestabelecimento de estoque por outras fontes de CO2 como óxido de etileno fornecido pela Oxiteno na mesma região do nordeste, fez com que esse intercâmbio de produtos não fosse mais urgente e os custos de distribuição cederam. Todavia, percebe-se em agosto um aumento abrupto dos custos de produção. Isso é devido a uma parada para manutenção da planta de fertilizantes Yara, que é a fonte para as plantas de CO2 da White Martins em Cubatão, São Paulo. Essa interrupção nas operações inicialmente prevista para durar 26 dias se estendeu por quase 60, aumentando então os

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53 custos de produção, pois foram necessárias compras esporádicas de outras fontes e até mesmo de concorrentes, que nessa modalidade de venda (conhecida como spot, vendas sem contrato firmado) praticam um preço bem acima do mercado. Além disso, a parada de uma planta em São Paulo, que é uma região de vascularização industrial intensa, impacta também nos custos de distribuição. Por ser uma área que consome muito, é necessário trazer muito produto de lugares mais distantes.

O aumento de custos para qualquer empresa é preocupante, pois afeta diretamente suas margens operacionais e, consequentemente, comprometem o andamento dos seus negócios. Nesses casos, medidas que buscam mitigar essa perda de lucro são imediatamente colocadas em prática. De modo geral, a via mais fácil de manter as margens, é repassando para o consumidor no preço o aumento de custos sofrido e essa ação é um importante avaliar de desempenho de negociação das empresas.

Como consequência mais visível da hibernação das FAFENs, do anúncio de retirada da Petrobras do setor de fertilizantes e do aumento no preço do gás natural é o acréscimo nos custos de obtenção do CO2 e busca por fontes que consigam abastecer os estoques no mesmo nível que anteriormente, como pode ser observado na figura 37 a seguir.

Figura 37: Participação das Fontes no Fornecimento White Martins em 2017, 2018 e

2019.

54 Analisando a figura 37, pode-se verificar que a majoritariedade das fontes continua sendo dominada pelos fertilizantes, porém se fez necessária a compensação por outras fontes e, conforme evidenciado, isso foi feito pela produção de Carbureto e pelo Óxido de Etileno. A primeira é uma fonte própria sob o domínio da White Martins e a segunda é uma fonte oriunda de empresa privada e consolidada no mercado.

Passado esse episódio, os custos de transferência e produção voltaram a normalizar e, em novembro de 2019, foi assinado o arrendamento da Fafen-BA e SE para a empresa Proquigel Química S.A trazendo expectativas otimistas para o mercado de CO2, uma vez que, apesar de muito recente e de difícil projeção, possivelmente voltará a ter sua antiga fonte na mesma localidade de antes podemos atender seus clientes locais sem agregar custos na distribuição do CO2.

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