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O presente trabalho tratou da importante atividade de agregar atributos afetivos e cognitivos aos recursos humanos, sobretudo aos Oficiais e Graduados do Exército Brasileiro, para o desempenho de funções no contexto cambiante das Missões de Paz modernas, além de mostrar a relevância da Gestão de Pessoas em condições de situações adversas, o que exige do profissional de Recursos Humanos muita dedicação e comprometimento profissional.

Para as Forças Armadas, em especial para o Exército Brasileiro, a MINUSTAH foi uma experiência memorável que estendeu a oportunidade para tropas de todo o País, em um cenário de relativo risco, em um ambiente altamente volátil ( operando sob a égide do Capitulo VII da Carta das Nações Unidas ) e em um contexto internacional, nivelando a experiência das tropas que por lá passaram em âmbito nacional. Inúmeros ganhos podem ser contabilizados com essa participação. Podem-se enumerar alguns, dentre muitos: o intercâmbio cultural e doutrinário com outras nações; o aprendizado na área logística; o teste de qualidade do equipamento militar brasileiro; o aperfeiçoamento da capacidade expedicionária militar conjunta; a aplicação, aperfeiçoamento e reformulação da doutrina militar brasileira; a oportunidade de completar a formação dos Oficiais e Graduados em situação real; a projeção internacional do Brasil e de suas Forcas Armadas, e, em especial, o exercício de atributos cognitivos e afetivos pelos integrantes da Seção de Assuntos Civis. Os seus efeitos continuarão a se multiplicar em Missões de Paz no futuro, por meio dos quadros mais jovens que foram privilegiados com esse engajamento no passado, e da memória escrita de tudo o que ocorreu naquele ambiente operacional complexo, assimétrico e muitas vezes difuso.

É oportuna a observação de que a participação do Brasil nessas Missões, no contexto da Diplomacia e das Relações Internacionais, tem projetado o País para um patamar de respeito e de competência perante o mundo. Além disso, seu contingente militar mostrou a excelência de seu trabalho, sobretudo, no Haiti em que o Comando (FORCE COMMANDER), da MINUSTAH, que foi ocupado por vários anos, por um Oficial General do Exército Brasileiro. Isso corroborou a eficiência e a eficácia na

condução das Operações e representou, também, uma excelente oportunidade de treinamento real com riscos calculados.

Ressaltou-se de importância todas as medidas antecessoras a missão para que esse nível de excelência fosse atingido. A seleção de pessoal normatizada pela Diretriz de Preparo foi um ponto notável para o sucesso das tropas brasileiras no Haiti. A organização da tropa, os efetivos empregados e o preparo realizado, ainda no Brasil, mostraram-se adequados ao êxito da missão. O preparo da tropa foi orientado segundo uma metodologia de treinamento regulada por diretriz específica, desenvolvida por níveis e dentro de um ciclo contínuo, o que contribuiu para o sucesso da missão.

O que se espera para os tempos futuros é que a bagagem consolidada nessa epopeia não se perca, mas que seja utilizada em outras participações do Brasil em composições da ONU, evitando que se repita o hiato ocorrido em missões anteriores e mantendo as Forças Armadas nas mesmas condições de prestigio internacional, credibilidade e eficiência e, com o mesmo grau de relevância, atualizadas em relação ao dinamismo dos conflitos atuais.

Assim sendo, como proposta para a formação de uma equipe que cumprirá esse tipo de missão deve se considerar o quão importante é que se tenha composição mínima da configuração da equipe integrante da célula do G9 aqui apresentada (Capítulo 3), bem como o exercício de atributos afetivos e cognitivos evidenciados e elencados, seja na fase do preparo por meio de participação de cursos e de estágios (Capítulo 2), seja na consecução dos Projetos (Capítulo 4) e das atividades inerentes à coordenação civil-militar. Assim, possibilitar-se-á a realização das ações a serem desenvolvidas com grande probabilidade de sucesso, mas, sobretudo, focada em efetividade e eficiência.

A realização dos projetos foi fundamental para ressaltar os atributos elencados. A consecução de cada fase das ações, por mais simples que fosse, favoreceu muito para que cada integrante da Célula do G9 evidenciasse características que pudessem identificar cada atributo. Isso mostrou a importância na seleção desses profissionais calcada em pareceres de equipes de psicólogos, bem como em fundamentado estudo do perfil de cada militar e em entrevistas prévias.

Este trabalho abordou um aspecto importante de uma Missão que trouxe resultados bastante positivos para o Haiti, para o Brasil, para o Exército Brasileiro e, de maneira mais abrangente, para a segurança mundial. Diferentemente das Missões anteriores da ONU no Haiti, a MINUSTAH atuou de maneira multidisciplinar e, por isso, teve plenas condições de promover as bases de uma paz duradoura naquele país caribenho. Esse legado deve ser preservado pelos governantes e pela nação haitiana.

Por fim, verificamos que a seleção de militares para integrar uma missão de paz deve ter rígidos critérios de escolha. Esses Oficiais, Subtenentes e Sargentos devem evidenciar, destacadamente, atributos afetivos e cognitivos. Isso é de importância significativa para o bom andamento da missão de uma equipe engajada em ações de assuntos civis. O cenário levantado serve de referência para o desenvolvimento de futuras missões com essas características. Dessa forma, evitar-se-á cometer erros ocorridos no passado, bem como aperfeiçoar ações vindouras, o que favorecerá alcançar um resultado positivo ao término da missão de paz.

______________________________ FUÉDE FERES JUNIOR – Cel Inf

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