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Considerando a concentração em renda variável e renda fixa dos fundos de pensões, surge a necessidade de uma gestão de ativos que visa aumentar a diversificação entre as classes de ativos investidos por eles, que permita reduzir o risco de mercado associado principalmente ao mercado acionário brasileiro, visando o equilíbrio entre ativos e passivos e bem como o pagamento de benefícios, cujas necessidades de liquidez serão importantes em um futuro próximo, tornando cada vez mais importante buscar a diversificação de recursos investidos. Dessa maneira, vislumbrou-se a aplicação de metodologia que auxiliasse na avaliação de desempenho das empresas investidas por fundos de Private Equity, através do Sistema DuPont, com o objetivo de identificar entre os gestores analisados, aqueles que possuem as melhores práticas financeiras, econômicas e operacionais, para o caso em que a se defina futuramente que uma das classes de ativos que receberão recursos oriundos do movimento de redução da concentração em renda variável ou renda fixa sejam os fundos de Private Equity. No estudo, foi utilizada amostra da carteira de FIP’s da PREVI com posição em 31/12/2015.

Inicialmente, foi abordado o histórico do mercado de Private Equity no Brasil e suas características, teoria de diversificação e risco de carteira e análise de demonstrativos financeiros e tornaram-se ponto de partida para a definição dos critérios adotados no estudo e serviram de estrutura importante para fundamentar a escolha do Sistema DuPont para a avaliação de desempenho de empresas e gestores de FIP’s.

As companhias desinvestidas se mostraram exemplos importantes para a construção de um modelo a ser seguido, com bons ROA’s e ROE’s acumulados, além de excelentes retornos efetivos. Nesse sentido, identificamos através desse estudo 3 comportamentos que parecem estar funcionando bem para as empresas investidas pelos FIP’s:

• Margem líquida alta, giro do ativo total e MAF não tão altos, porém estáveis e quase repetidos anualmente;

• Margem líquida baixa, porém com o giro do ativo total e MAF relativamente altos, para alavancar os resultados do ROA e ROE; e

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• Margem líquida, giro do ativo total e MAF razoavelmente controlados, em empresas cuja visão do gestor é de que os setores econômicos nos quais estas empresas se encontram, passarão por movimento de consolidação, tornando a empresa investida em potencial alvo para empresas maiores. É claro que está mesma visão em relação a empresa e seu setor deve ser compartilhada pelos analistas da PREVI.

Para os próximos trabalhos, indicamos estender esta análise para todo o universo de empresas que citamos e verificar a existência de novas estratégias de sucesso para serem exploradas.

Entendemos que quanto mais empresas investidas adotarem as estratégias identificadas aqui como boas, mais o investimento em Private Equity se consolidará como uma alternativa viável para evitar a concentração em renda variável e renda fixa. A velocidade e o sucesso desta conclusão dependerão também de uma melhora macroeconômica do Brasil, uma vez que os investimentos em Private Equity estão intimamente ligados a economia interna.

Em relação ao crescimento das companhias investidas, notamos que ele foi decisivo para a realização do desinvestimento em algumas companhias, pois foi o que permitiu tornar estas companhias mais sólidas e atrativas para novos investidores. Importante notar que a empresa crescer cada vez mais nem sempre será a melhor estratégia que um gestor poderá adotar, este plano precisa ser amplamente debatido entre gestor, cotistas e outros sócios da companhia investida, pois há o risco de reduzir o número de estratégias de saída do investimento.

Outro ponto que serve de alerta para os analistas é que mesmo que o ROA e/ou ROE acumulados de uma determinada empresa sejam muito positivos, o analista não deverá deixar de verificar a construção desses indicadores de rentabilidade, ou seja, mesmo assim ele deverá analisar a margem líquida, o giro do ativo total e o MAF em todos os anos do investimento, para não cometer o erro de tomar conclusões precipitadas.

Vale destacar a utilização dos mesmos indicadores para todos as empresas, sem qualquer diferenciação setorial, de maneira que todos os papéis foram avaliados da mesma forma. A simplificação foi necessária à medida que não foi possível preparar um banco de dados com os indicadores como margem líquida, giro do ativo total, MAF, ROA e ROE divididos setorialmente, a fim de compara-los com os mesmos indicadores das empresas analisadas por este estudo. No entanto, para a utilização do modelo aqui apresentado em um

66 próximo estudo expandido para mais companhias, faz-se importante esta consideração, permitindo a avaliação de critérios e indicadores específicos de cada setor.

Todos os critérios avaliados no modelo referem-se ao passado das empresas, o que sugere que a adoção de critérios que vislumbrem o futuro dos ativos, como por exemplo, a expectativa de rentabilidade de cada uma das empresas investidas fornecida pelos gestores quando solicitados, poderia trazer maior convergência entre as expectativas de cotistas e gestores. Nesse sentido, a substituição da atual metodologia de avaliação de fundos de Private Equity, utilizada na PREVI, pelo sistema DuPont, não seria a melhor solução, uma vez que este sistema apresenta bons elementos indicativos para a saúde financeira/econômica das empresas investidas e a atual metodologia abrange também questões como governança das companhias investidas, práticas de RSA, relacionamento com os cotistas, além da expectativa futura para as companhias investidas e a percepção dos analistas da PREVI para o atual momento de cada empresa. Assim a solução mais viável seria incluir a avaliação de desempenho de empresas investidas por PE através do Sistema DuPont na atual metodologia de avaliação da PREVI, tornando mais robusta a percepção do analista para o atual momento de cada empresa e ainda fornecendo indícios de qual deverá ser o caminho a seguir para melhorar o desempenho das companhias, tornando o acompanhamento mais preciso e direcionado.

Por fim, entendemos que a avaliação de empresas pelo Sistema DuPont tornará a atual metodologia de avaliação de fundos de Private Equity da PREVI mais completa.

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APÊNDICE A – CARTEIRA DE FUNDOS DE PRIVATE EQUITY DA PREVI (31/12/2015)

FUNDO

N° DE COTAS VOLUME (R$) N° DE COTAS VOLUME (R$) FUNDOS DE INVES. EM EMPRESAS EMERGENTES 724,00 10.693.280,13

FUNDOTEC II - FMIEE INOV. 600,00 3.294.042,10 RB NORDESTE II - FMIEE 124,00 7.399.238,03

FUNDOS DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES 256.145.988,97 704.295.913,07 54.974.488,85 80.817.077,30 BNY MELLON GTD 7.187,85 5.049.949,31

BOZANO EDUCACIONAL II 2.000,00 454.197,95 500,00 113.549,48 BRASIL AGRONEGOCIO 106.773,33 95.999.788,25

BRASIL GOVERNANÇA CORPORATIVA 103.852,55 73.470.472,83 BRASIL INTER. DE EMPRESAS 70.560,99 49.447.677,86 BRASIL INTER. DE EMPRESAS II 26.309,02 23.913.857,83 BRASIL ÓLEO E GÁS 27.040,00 12.847.194,34 BRASIL PETRÓLEO 1 30.987,69 20.025.944,77 BRASIL PORTOS E ATIVOS LOGÍSTICOS 20.094,00 17.147.026,07 BRASIL SUSTENTABILIDADE 44.534.210,01 38.637.573,30

CAIXA AMBIENTAL 35.440,00 22.951.829,71

CAIXA BARCELONA 57.942,40 77.697.177,91

CRP EMPREENDEDOR 6.344.784,60 5.583.494,19

DGF FIPAC 2 8.704,80 7.378.637,51

GLOBAL EQUITY PROPERTIES 732,22 125.787.825,71 81,91 14.071.863,15 (PROVISÃO - GLOBAL EQUITY PROPERTIES) - 125.787.825,71 - - 14.071.863,15

INFRABRASIL 8.615,29 91.374.712,16

INVEST. INSTITUCIONAIS 182.244,64 10.093.320,85 INVEST. INSTITUCIONAIS III 26.204,22 10.607.626,20 KINEA PRIVATE EQUITY II 38.754,00 35.820.648,31 LOGÍSTICA BRASIL 6.000,00 40.004.686,79

NEO CAPITAL MEZANINO 49.040.673,58 39.902.664,95 5.448.963,72 4.433.629,43 NEO CAPITAL MEZANINO III 11.510.720,57 11.738.884,91

NORDESTE III 720,00 42.588,28

SONDAS 143.954.978,81 62.448.447,16 35.988.745,19 15.612.112,00 (PROVISÃO - SONDAS) - 62.448.447,16 - - 15.612.112,00

TERRA VIVA 338,88 3.898.896,04

2bCAPITAL-BRASIL CAPITAL 119,52 10.207.062,75 51,22 4.374.455,46

Fonte: Relatório Anual Previ 2015

PLANO 1 PLANO PREVI FUTURO CARTEIRA DE FUNDOS DE PRIVATE EQUITY DA PREVI - POSIÇÃO EM 31/12/2015

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