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3 METODOLOGIA

3.2 APLICAÇÃO DO SISTEMA DUPONT NA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS E

3.2.1 Informações Necessárias para Calcular o ROA e ROE

A Figura 1 apresentada anteriormente demonstra o passo-a-passo necessário para encontrar o ROA e ROE, sendo assim, iremos definir e explicar cada informação necessária até atingir esse objetivo. Ressaltamos que o ponto de partida desta análise são as Demonstrações de Resultados do Exercício (DRE) e o Balanço Patrimonial (BP) das empresas investidas, portanto, não são dados públicos e sim dados que os gestores fornecem anualmente aos cotistas, após a realização de auditoria externa e independente, para fins de aprovação das contas anuais dos fundos de Private Equity.

Dessa forma, as informações necessárias são:

1) Demonstração de Resultados do Exercício (DRE)

As Demonstrações de Resultado do Exercício fornecem informações sobre a vida operacional de uma empresa ao longo de um determinado período de tempo, normalmente 1 (um) ano. Segundo Assaf Neto (2010), a DRE visa fornecer, de maneira esquematizada, os resultados (lucro ou prejuízo) auferidos pela empresa em determinado exercício social, os quais são transferidos para conta do patrimônio líquido.

O resultado líquido de uma companhia é fortemente influenciado pela sua capacidade de aumentar suas vendas ou reduzir seus custos, bem como reduções nas despesas operacionais e financeiras, ou na provisão para imposto de renda. Segundo Damodaram (1997), o resultado líquido de uma empresa é igual às receitas menos despesas, onde as receitas medem os fluxos de entrada de recursos decorrentes da venda de mercadorias ou serviços e as despesas medem os fluxos de saída de recursos para a geração de receitas.

21 2) Balanço Patrimonial (BP)

O BP deve ser considerado como uma representação do valor contábil de uma companhia em uma data específica, ou seja, como se fosse uma fotografia em um determinado momento. O BP possui dois lados, conforme dito anteriormente, onde do lado esquerdo podemos encontrar os ativos e do lado direito, encontramos o passivo e patrimônio líquido da companhia. Segundo Ross et al (2015), o balanço patrimonial declara o que a empresa possui e como ela é financiada.

Segundo Assaf Neto (2010), ativo, passivo e patrimônio líquido podem ser definidos das seguintes maneiras:

• Ativos – relacionam-se todas as aplicações de recursos efetuadas pela empresa. Esses recursos poderão estar distribuídos em ativos circulantes, assim denominados por estarem em alta rotação e ativos não circulantes;

• Passivo – identifica as exigibilidades e obrigações da empresa, cujos valores encontram-se investidos nos ativos. Os recursos dos passivos são classificados como curto prazo e longo prazo, sendo definidos, respectivamente, por passivo circulante e não circulante; e

• Patrimônio Líquido – é representado pela diferença entre o total do ativo e do passivo em determinado momento. Identifica os recursos próprios da empresa, sendo formado pelo capital investido pelos acionistas (ou sócios), mais os lucros gerados nos exercícios e que foram retidos na empresa (lucros não distribuídos).

Para Damodaram (1996), ao contrário do demonstrativo de resultados do exercício, que mede o fluxo ao longo de um período de tempo, o balanço anual fornece um resumo daquilo que a empresa possui em termos de ativos e daquilo que deve tanto a seus credores quanto aos investidores em seu patrimônio líquido.

Lembramos que tanto o BP quanto a DRE fazem parte das demonstrações contábeis. Para Pimentel (2007), as demonstrações contábeis têm como objetivo final analisar a situação

22 financeira e econômica de uma empresa e prever futuras situações, contribuindo para tomada de decisão.

3) Margem Líquida

A margem líquida apresenta qual o lucro líquido para cada unidade de venda realizada pela companhia, ou seja, corresponde ao que sobra para os acionistas da empresa em relação as receitas com prestação de serviço e vendas.

Em outras palavras, uma companhia gera um determinado valor financeiro de lucro líquido para cada unidade monetária vendida. Vale observar que o resultado para este índice deve ser expresso em percentual e como o valor de vendas é positivo e o lucro líquido é menor do que as vendas, sendo o lucro positivo ou negativo, o índice normalmente deverá se encontrar no intervalo entre -100% e 100%. Ressaltamos que poderá existir alguns casos escassos, onde o valor poderá não pertencer a este intervalo, em função do tamanho do prejuízo da empresa em determinado exercício.

Ross et al (2015) define a margem líquida como uma medida de lucratividade, se destinando a medir a eficiência da empresa em utilizar seus ativos e administrar suas operações.

Como poderemos ver adiante, quanto maior for o resultado para este índice, melhores serão os resultados para a Taxa de Retorno do Ativo Total (ROA).

4) Giro do Ativo Total

Segundo Ross et al (2015), as medidas de giro se destinam a descrever a eficiência ou a intensidade com que a empresa utiliza seus ativos para gerar vendas.

Nesse caso, conforme podemos observar na figura a seguir, o Giro do Ativo Total pode ser encontrado simplesmente através da razão vendas sobre o ativo total. Assim, podemos dizer que para cada unidade monetária em ativos, uma determinada companhia gera “n” unidades monetárias em vendas.

Para Póvoa (2012), quanto maior o giro do ativo, maior o potencial teórico de retorno da empresa e o ideal é a combinação de muita receita com pouco ativo, o que mostra a competência do empresário para gerar caixa rapidamente. Vale lembrar que neste estudo, o indicador será utilizado como subsidio para encontrar a Taxa de Retorno do Ativo Total (ROA).

23 Devemos observar que quanto maior for o valor das vendas ou menor o valor do ativo total, maior será o resultado para o giro do ativo total. Como exemplo, imaginemos que as vendas de uma determinada companhia estejam representadas pelo valor de R$ 3 milhões e o ativo total é de R$ 1 milhão, nesse caso o nosso giro do ativo total será de 3 vezes no ano pelas vendas, ou seja, a companhia vendeu o equivalente a 3 vezes o seu ativo.

Esse indicador mostra quantas vezes a empresa está vendendo seu ativo em um determinado período. Quanto maior, melhor e para isso, o ideal é que a aplicação em ativos esteja se tornando cada vez menor e paralelamente o volume de vendas seja cada vez maior, justamente pelo fator matemático. Em uma divisão, quando o numerador é maior e o denominador é menor, consequentemente temos um resultado maior, o que também aumentará o ROE, como veremos adiante.

Segundo Marion (1998), é aconselhável manter o ativo a um mínimo necessário. Para ele, ativos ociosos, grandes investimentos em estoques, elevados valores de duplicatas a receber, prejudicam o giro do ativo total e, consequentemente, a rentabilidade da companhia.

5) Multiplicador de Alavancagem Financeira (MAF)

Para Póvoa (2012), os indicadores de alavancagem demonstram como o controlador da empresa está mantendo a relação entre capital próprio e capital de terceiros e como está conseguindo transformar esses recursos em ativos.

Nesse caso particular, podemos observar que com o valor encontrado na razão expressa pelo MAF poderemos avaliar em quantas vezes a companhia conseguiu se alavancar, utilizando uma unidade de capital próprio. Se o resultado for 1,3, ela tem em sua estrutura a aplicação de 30% a mais que o capital investido. Isso potencializa a base de ativos para conseguir retornos, mas envolve terceiros que nem sempre compartilham do risco do negócio e querem receber independentemente dos resultados da companhia.

Ressaltamos que nesse estudo a alavancagem financeira deve ser entendida como a participação de recursos de terceiros na estrutura de capital das companhias investidas, onde a situação ideal é aquela onde o custo de capitação de recursos é inferior aos retornos proporcionados pelos investimentos realizados com o capital emprestado. Assim, podemos dizer que a alavancagem financeira poderá ser responsável por demonstrar qual a capacidade que os recursos de terceiros têm de elevar os resultados dos acionistas de uma determinada companhia.

24 Segundo Gadiesh (2009), as companhias investidas por fundos de Private Equity adotam a alavancagem como uma estrutura de capital relativamente barata e caso precisem de US$ 100 para o crescimento, elas financiam esse montante com US$ 70 de capital de terceiros e US$ 30 de capital próprio, se concentrando na geração de caixa, que eles podem usar para pagar dívidas ou investir de maneiras mais produtivas, significando que estas companhias administram agressivamente seu capital, forçando o negócio a ser o mais eficiente possível.

Para Ross (2015), acionistas alavancados têm retornos melhores em períodos bons do que os não alavancados, mas têm retornos piores em períodos ruins.

6) Taxa de Retorno Sobre o Ativo Total ou Return on Asset (ROA)

Conforme dito anteriormente, as demonstrações contábeis têm como objetivo final analisar a situação financeira e econômica de uma empresa e prever futuras situações, contribuindo para tomada de decisão. No contexto desse estudo, o meio utilizado para realizar a análise da situação financeira e econômica das companhias serão os índices de rentabilidade, que mensuram o quanto uma companhia está sendo rentável ou não, verificando o quanto renderam os investimentos realizados pelo capital investido, além de informar o resultado econômico delas. Sendo assim, podemos definir que quanto maior o resultado desses índices, melhor.

O ROA, conforme demonstrado na Figura 1 é o resultado do produto entre a margem líquida e o giro do ativo total. Dessa forma está claro que quanto mais positivos forem os resultados para estes dois indicadores, maiores serão os resultados para o ROA. Portanto, este estudo estará voltado para a rentabilidade das companhias, suas capacidades de vendas, seu talento para gerar resultados e a evolução/crescimento das despesas.

Ross et al (2015) define o ROA como uma medida do lucro por unidade monetária em ativos, afirmando que ele pode ser apresentado de diversas maneiras, sendo a mais comum expressa através da razão entre Lucro Líquido e Ativo Total. Observe que esta abordagem em nada difere da apresentada pela Figura 1, uma vez que nela a Margem Líquida está representada pela divisão entre Lucro Líquido por Vendas e o Giro Total do Ativo é expresso pela divisão das Vendas pelo Ativo Total, conforme pode ser visto na Figura 2 a seguir.

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ROA = Margem Líquida X Giro do Ativo Total = Lucro Líquido x Vendas = Lucro Líquido

Vendas Ativo Total Ativo Total

Figura 2 – Fórmula ROA

Fonte: fórmula apresentada no livro Administração financeira (Ross, 2015)

Nesse caso, uma simples manipulação das formas nos levará ao resultado apresentado por Ross, ou seja, a razão entre Lucro Líquido e Ativo Total. A possibilidade de encontrar o resultado para o ROA por diversas maneiras, é especialmente importante nesse estudo, pois ajudará a entender de onde as companhias estão conseguindo obter resultados ou onde elas precisam melhorar para atingir um desempenho satisfatório.

Uma outra abordagem para obtenção do ROA pode ser vista em Assaf Neto (2010), onde o índice é obtido pela divisão do Lucro Operacional pela diferença entre o Ativo Total e o Lucro Líquido.

Já para Damodaran (1997), o ROA de uma empresa mede sua eficiência operacional em gerar lucros a partir de seus ativos, antes de considerar os efeitos dos financiamentos. Para Damodaran (1997) o ROA, uma vez computado, pode ser utilizado de diversas maneiras, como para comparar diferentes empresas do mesmo ramo de negócios, com o intuito de avaliar a eficiência operacional.

Para Marion (1998), a combinação de itens do ativo é que gera receita para empresa e na verdade, o ativo significa investimentos realizados pela empresa no sentido de obter receita e, por conseguinte, lucro. Para ele, é assim que podemos obter a Taxa de Retorno sobre o Ativo Total e isso significa o poder de ganho da empresa, ou seja, quanto a empresa ganhou por unidade monetária investida.

Wernke (2008), define ROA como o indicador que evidencia o retorno conseguido com o dinheiro aplicado pela empresa em ativos num determinado período. Segundo o autor, o uso do ROA pode proporcionar alguns benefícios:

a) A identificação de como a margem do lucro aumenta ou se deteriora;

b) A possibilidade de medir a eficiência dos ativos permanentes em produzir vendas;

c) Possibilidade de avaliar a gestão do capital de giro por intermédio de indicadores mensurados em dias;

26 d) Faculta o estabelecimento de medidas que aferem a habilidade do gestor para controlar

custos e despesas em função do volume de vendas; e

e) Propicia a comparação das medidas de eficiência e estabelece o patamar máximo de custo de captação de recursos que a empresa pode suportar.

7) Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido ou Return on Equity (ROE)

O ROE é uma medida obtida através da multiplicação do ROA e do MAF, porém um olhar mais atento permitirá perceber, que assim como mostramos para o ROA, as manipulações aritméticas permitiram expandir para outras maneiras de enxergar este índice, como por exemplo a multiplicação de Margem Líquida, Giro do Ativo Total e MAF, ou ainda o produto do ROA pelo Ativo Total, divididos pelo Patrimônio Líquido. Essa gama de variações para encontrar o ROE permitirá buscar os mais diversos entendimentos sobre a maneira como o capital do acionista está se valorizando. Vale lembrar que para Póvoa (2012), este índice mede a rentabilidade dos recursos aplicados pelos acionistas na companhia.

Figura 3 – Taxa de retorno sobre patrimônio líquido (ROE)

27 Como definimos anteriormente, o ROA é um índice que medirá a eficiência da empresa em gerar resultados e de maneira análoga, para Marion (1998), podemos também, do ponto de vista do acionista, observar que o retorno (lucro) está remunerando condignamente o capital investido no empreendimento. Já para Ross (2015) o ROE é uma medida de como foi o ano para os acionistas, sendo a verdadeira medida de desempenho do lucro.

Damodaran (1997) define que o ROE examina a lucratividade do ponto de vista do investidor em patrimônio líquido, relacionando os lucros do investidor em patrimônio líquido (lucro líquido após tributação e juros), ao valor contábil do investimento em patrimônio líquido. Para ele, como o ROE se baseia em lucros após o pagamento de juros, ele é afetado pelo conjunto de financiamento utilizado pela empresa para financiar seus projetos.

Ainda para Damodaran (1997), de modo geral, uma empresa que toma dinheiro emprestado para financiar projetos e realiza um ROA sobre aqueles projetos, que excede a taxa de juros livre de impostos que ele paga sobre sua dívida, poderá aumentar seu ROE através da contratação de empréstimo.

Wenke (2008) afirma que os acionistas são os que mais se interessam em acompanhar o desempenho desse indicador, uma vez que este se trata do retorno do investimento que foi feito, analisando se foi superior às outras alternativas ou se ultrapassou as taxas de rendimento do mercado financeiro. Assaf Neto (2010), trata o ROE como uma mensuração do retorno que a empresa obtém dos recursos aplicados por seus acionistas, ou seja, para cada unidade monetária de recursos próprios (patrimônio líquido) investido na empresa, quanto os acionistas conseguirão de retorno.

Bodie et al (2000), ressalva que apesar de ser um dos dois componentes básicos para determinar a taxa de crescimento dos lucros de uma empresa, existem cuidados para se utilizar o ROE. Se por um lado é razoável supor que o ROE futuro irá se aproximar do seu passado, um ROE alto no passado não é, necessariamente, garantia de que o ROE futuro desta empresa será mais alto. Para Bodie (2000), o ponto vital é que o analista de mercado não aceite os valores históricos como indicadores dos valores futuros, ainda que forneçam informações valiosas a este respeito, uma vez que são as expectativas de dividendos e lucros futuros que determinam o valor intrínseco das ações de uma empresa.

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