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Capítulo 6 – Resultados

7.1 Conclusão

Embora o termo ERP ainda represente uma categoria de sistemas mesmo em se tratando do software livre, pois era assim que se encontrava classificada a categoria no site SourceForge.net este trabalho optou por utilizar o termo sistema integrado de gestão por sua maior abrangência .

Existe um número crescente de projetos de sistemas integrados de gestão desenvolvidos sob os moldes do software livre, mas poucos deles (apenas 7%) está em estágio de produção estável. Estar neste estágio não significa que não tenha mais nada a ser acertado no aplicativo. Existem opções que ainda não foram implementadas, idiomas nos quais o aplicativo ainda não está disponível, mas está pronto para o uso em suas principais atribuições que já passaram pela fase de testes (beta).

Os aplicativos de software livre que foram instalados mostram-se bastante adaptáveis às pequenas empresas, com destaque para o fato de que nenhum deles declarou ter sido criado para atender as necessidades das grandes empresas.

A escassez de pessoal capacitado dificulta mas não impede que a instalação seja realizada, pois existe um ambiente propício para isso, uma vez que 56% das pequenas empresas possui área própria de TI.

Outra característica que apóia a instalação de software livre na pequena empresa é o fato de ser comum as pequenas empresas cuidarem do desenvolvimento de seu próprio software, seja por meio da contratação de serviços de terceiros, seja com seu próprio pessoal de TI.

A instalação e configuração foram classificadas como tendo um nível de dificuldade entre baixo e médio, embora em função da utilização das linguagem Java e PHP na maioria dos aplicativos não estão presentes utilitários de instalação pelo fato da necessidade de se instalar o interpretador da linguagem e o banco de dados. Em compensação o uso destas linguagens não impõe barreiras ao tipo de sistema operacional que a pequena empresa venha a utilizar ou mesmo que já utiliza em seu dia-a-dia.

O hardware necessário para instalação está presente no ambiente das pequenas empresas e não se mostrou necessário investimentos adicionais em características específicas de hardware, seja em função do modelo de computador necessário ou fabricante especifico de equipamento.

Apenas um dos aplicativos não mostrou grande preocupação com a interface e o conceito de usabilidade, e os padrões de construção dos sistemas obedece à descrição dada por Sordi (2003) e apresentada no capítulo 2, quando o autor retrata uma interface baseada no conceito do ambiente gráfico e ambiente web.

Também ficou evidenciada a coerência entre a utilização de gerenciadores de bancos de dados desenvolvidos sob os moldes do software livre como elemento integrador de dados. Dos 13 aplicativos selecionados apenas um deles, o openXpertya, não utiliza um banco de dados software livre, embora haja projeto de fazê-lo.

Os aplicativos mostraram preocupação com questões de internacionalização, pois a maioria deles prevê sua utilização em mais de um idioma. Falta ainda prover uma maior flexibilidade quanto à adequação sobre as características de ordem fiscal e contábil que também variam de país para país. O idioma se mostrou uma restrição para o Brasil, pois apenas três dos sistemas tinham disponibilidade em português.

Os sistemas são compostos por diferentes módulos, o que representa a preocupação de cada sistema em atender a diferentes setores, embora alguns até nem se preocupem em declarar o vínculo de sua utilização à um determinado setor.

Não foi abordado neste trabalho a quantidade de pequenas empresas que utilizam software livre em suas atividades, mas as características dos sistemas estudados indicam adequação de seu uso muito mais nas pequenas

que nas grandes empresas, uma vez que estas provavelmente já passaram por um processo de escolha de um sistema integrado de gestão empresarial.

Uma dificuldade que pode ser encontrada é o fato de que na falta de pessoal capacitado para instalação, manutenção ou alteração do aplicativo, tendo a pequena empresa que recorrer a serviços de terceiros que provavelmente já são desenvolvedores de algum tipo de software e atuam no mercado com seu próprio produto, surja a dificuldade em convencer estes profissionais a trabalhar com o software livre.

Para o sucesso da utilização de um sistema de informação baseado no

software livre, assim como no software proprietário, é necessária a existência

de pessoal dedicado aos ajustes que se fizerem necessários para que o sistema possa realmente trazer vantagem competitiva à empresa. Assim fica indicada a necessidade da presença constante de pessoas comprometidas com este objetivo.

O fato da pequena empresa possuir pessoal dedicado à área de informática, ainda que de forma não estruturada ou acumulando funções, e ter como característica o desenvolvimento próprio de seus aplicativos pode ajudar a superar esta dificuldade e auxiliar a absorção de tecnologia, mas é preciso lembrar novamente que isto não dispensa a necessidade da presença de uma equipe envolvida com a proposta de desenvolvimento e adequação do software à empresa.

Informações obtidas no capítulo 4 apontam para uma baixa utilização dos sistemas integrados de gestão nas pequenas empresas que parecem ainda estar voltadas para o uso de sistemas isolados em seus departamentos. Este fato pode funcionar tanto como um ponto negativo se consideradas as dificuldades em realizar esta integração, como um ponto positivo, se considerado que existe muita necessidade a ser suprida à medida que as pequenas empresas adotem o conceito de integração, motivadas pelo uso destes sistemas nas grandes empresas, e pelos fabricantes que estão se voltando para a atuação no mercado das médias e pequenas empresas, seja com aplicações específicas, seja com a utilização do conceito ASP (Application

Service Provider).

Este trabalho não considerou outras limitações para o uso da tecnologia nas pequenas empresas, tais como os citados por Moraes (2005): resistência

humana à implantação, falta de adequação precisa das informações, perdas financeiras relacionadas a projetos de tecnologia que não deram certo, retorno não satisfatório sobre investimento ou altos preços. Apesar disso, é possível compreender que a pequena empresa que optar pelo uso de um sistema de gestão que tenha sido desenvolvido sob os moldes do software livre deve aceitar o desafio quanto à adequação do software, investimento em formação e capacitação de profissionais desenvolvedores e usuários. Embora a maioria destes requisitos seja descrita pela literatura como necessária também para a utilização de software proprietário, no caso do software livre a absorção da tecnologia é fator intrínseco ao desenvolvimento e adequação do software por membros da própria empresa face à dificuldade de se conseguir pessoal capacitado, tanto no que se refere às pequenas empresas quanto ao software livre.

Como a amostra utilizada para esta pesquisa não foi probabilística, não pode ser utilizada como elemento representativo para o universo de todos os aplicativos de software livre, mas os resultados aqui apresentados podem ajudar a explicar e descrever diversos aspectos que contribuem para a compreensão do fenômeno do software livre, bem como servir de base para indicadores utilizados em trabalhos futuros.