• Nenhum resultado encontrado

Conforme foi apresentado ao longo desta pesquisa, o histórico do Planejamento Urbano no Brasil esteve dividido em 4 períodos, marcados pela busca de um planejamento urbano que realmente fosse adequado a realidade dos municípios e eficazes em sua aplicação pela gestão pública.

Entre os Planos de Melhoramentos e Embelezamentos; os Planos de Conjunto; os Planos de Desenvolvimento Integrado e os Planos sem mapas, muitos destes documentos foram parar nas gavetas e prateleiras das prefeituras, tornando-se sem utilidade, por se caracterizarem como cópias uns dos outros e ineficazes a realidade físico territorial dos diversos municípios.

Apenas a partir de 2001, inicia-se um novo cenário para o planejamento urbano municipal, com a aprovação do Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/2001 que instituiu os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, estabelecendo normas que regulamentam o uso da propriedade urbana e as diretrizes gerais da política urbana, dando respaldo ao Plano Diretor, como Lei Municipal com poder para atuar no planejamento e ordenamento territorial de cada município.

O Plano Diretor exerce regime jurídico, razão pela qual, todas as suas determinações devem ser obedecidas conforme previsto nas Leis que o compõe. A abertura de exceções, além de infringir o Plano Diretor constituído como Lei, põe em risco a estrutura urbana da cidade, bem como, abre precedentes para que as irregularidades e a desobediência ao Plano Diretor cresçam pela cidade.

Desta forma, para analisar o estudo de caso, referente a uma edificação embargada no município de Imbituba/SC, foi realizado um confronto de resultados dos parâmetros urbanísticos de uso e ocupação do solo urbano, tratados nos Planos Diretores de 1974 e 2005, quanto ao zoneamento urbanístico da área a qual a edificação está inserida.

Considerando a análise, nota-se que a complementação da construção com o início do 3º pavimento da edificação gerou um conflito com o atual Plano Diretor vigente, o qual determinou seu embargo. A obra encontra-se regular até o 2º pavimento, conforme o Plano Diretor de 1974, e como sua execução não foi concluída dentro da data prevista pelo Alvará de Licença para Construção, dentro do prazo de 360 dias e não foi prorrogada antes da data de seu vencimento, após esta data, caberá ao empreendedor dar nova entrada ao pedido de aprovação de projeto e licença para construção, esbarrando na nova Lei.

Perante a problemática exposta, conclui-se que a única alternativa de solução para a liberação da nova licença de construção, encontrada no Plano Diretor de 2005, seria a realização de readequação do projeto arquitetônico, visando a ampliação do 3° pavimento e a construção do 4º e 5° pavimento, devendo recuar 1,5m nas laterais, após análise estrutural, e, caso, não haja possibilidade de reforço estrutural a obra deverá permanecer embargada.

Considerando que o controle da legalidade do Plano Diretor deve se fazer efetiva pela gestão pública e visto a exigência de profissionais habilitados que assumam a responsabilidade técnica pelo mesmo, evitando situações de negligência, imprudência ou imperícia, caso sejam mal utilizados, os instrumentos urbanísticos, antigos e novos, podem causar mais prejuízos do que benefícios.

Deste modo, a definição do regime jurídico do plano diretor constitui tarefa fundamental do direito urbanístico, caracterizando-se como condição prévia para a própria legitimidade da política urbana. As infrações ao Plano Diretor, além de pôr em risco o planejamento urbanístico da cidade, fere todo um estudo de planejamento a longo prazo. Só aplicando o que a lei determina, o Plano Diretor será realmente efetivo para resolver problemas urbanos.

Assim sendo, conclui-se que o atual Plano deverá ser obedecido pelo empreendedor, o qual deverá realizar as adequações conforme o Plano Diretor vigente, ou a obra já iniciada deverá continuar sofrendo os trâmites jurídicos previstos pela Lei, ou ainda, aguardar possíveis mudanças que possam ocorrer no zoneamento urbano das próximas revisões do plano diretor.

REFERÊNCIAS

ALVES-MAZZOTTI, A.J. Usos e abusos dos estudos de caso. Cad. Pesqui. [online]. 2006, vol.36, n.129, pp.637-651.

BRASIL. Estatuto da Cidade. Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Brasília: 2001. BRASIL. Ministério das Cidades. Plano Diretor Participativo: guia para a elaboração

pelos municípios e cidadãos. Brasília, CONFEA, 2004.

BRASIL. Ministério das Cidades. Plano Diretor Participativo. Brasília: 2005. MELLO, C.A.B. Efeitos - Jurídica do Zoneamento, 1982.

DEÁK, Csaba, SCHIFFER, Sueli Ramos. O Processo de Urbanização no Brasil. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1999.

DORNELES, Ana Claudia B. O Zoneamento e sua importância como um instrumento de

planejamento urbano. Cadernos da Escola de Direito e Relações Internacionais, Curitiba,

13: 452- 467vol. 1. 2010.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2009. Apostila GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 20-29, mai/jun, 1995.

GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a

Questão? In Psicologia: Teoria e Pesquisa. Mai-Ago. 2006, Vol. 22 n. 2, pp. 201-210.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Dados sobre o

Município de Imbituba. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=420730 < Acesso em: 04 jun 2017.

LEME, Maria Cristina da Silva. A formação do pensamento urbanístico no Brasil: 1895-

1965. In: LEME, Maria Cristina da Silva, 1999.

MARTINS, Manoel. História de Imbituba. 2°Edição, 2002.

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística. Cidades. Disponível em

<http://www.netpage.estaminas.com.br/sosdepre/codificação.htm>. Acesso em: 04 jun. 2017. PREFEITURA MUNICIPAL DE IMBITUBA (PMT). Plano Diretor de Desenvolvimento

Sustentável de Imbituba – PDUI. Lei Complementar nº 375/1974. Imbituba, 1974.

NYGAARD, P. D. Planos Diretores de cidades. Discutindo sua base doutrinária. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005.

PREFEITURA MUNICIPAL DE IMBITUBA (PMT). Plano Diretor de Desenvolvimento

Sustentável de Imbituba – PDDSI. Lei Complementar nº 2.623/2005. Imbituba, 2005.

SAULE, Nelson Júnior, UZZO Karina. A trajetória da reforma urbana no Brasil. 2009.

SCPar – Porto de Imbituba S/A. Disponível em

http://www.portodeimbituba.com.br/site/quem-somos/?id=3>.Acesso em 12 jun.2017.

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO A MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (Sebrae).

Santa Catarina em Números. Florianópolis: Sebrae/SC. 2010. 117pg.

SILVA, Reinaldo Oliveira. Teorias da Administração. São Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 2001.

TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. Ed. ABCP, 2005, 308p.

VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil. In: DEÁK, Csaba; SCHIFFER, Sueli Ramos (org.) O processo de urbanização no Brasil. São Paulo: EdUSP, 1999. p. 169 – 243.

Documentos relacionados