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A questão de limites territoriais sempre é delicada, pois envolve pessoas que, culturalmente, têm as duas origens, no caso de fronteiras entre dois Estados.

No caso especifico do atual Estado do Amapá, os acontecimentos referentes à questão do Contestado Franco-brasileiro contribuíram para enaltecer e consolidar a jovem República Brasileira no seu aspecto territorial, mas não foi a completa expulsão francesa de nosso território, pois na região a cultura e a língua se misturam, gerando um misto de “crioulos franco-brasileiros” que dançam “Zuk” (música típica africana cantada em francês) e falam “Patauá” (língua crioula francesa).

O que se pode ressaltar da questão estritamente territorial é a eficácia do laudo arbitral, o qual garantiu a posse e a propriedade das terras do setentrião pátrio, que afastou conflitos armados mais intensos pela disputa das terras amapaenses.

Sabe-se que os meios pacíficos de solução de conflitos internacionais têm sua eficácia adstrita à vontade dos países em contenda. Assim, ainda que boas decisões, no

sentido lato da expressão, sejam construídas em comum acordo, ou mesmo propostas por um terceiro ente, a solução depende do próprio Estado ofensor para ser efetivada.

Os tratados sobre a Região telada foram todos descumpridos pela rival européia, que mesmo assinando-os e ratificando-os, ainda se via descontente com os limites traçados, buscando a posse completa daquelas terras com o fito de alcançar o Rio Amazonas e lá ter livre navegabilidade.

Conclui-se, portanto, que a Arbitragem seria realmente o único meio de resolução pacífica de conflitos que definiria de vez o impasse entre portugueses, sucedidos por brasileiros, e franceses.

A obrigatoriedade e a irrecorribilidade de sua sentença foram fortes fatores que garantiram a eficácia da aplicação da decisão arbitral, a qual foi respeitada na íntegra por brasileiros e franceses, que não discutiram mais sobre o limite territorial e a fronteira determinada.

Como visto, representa a arbitragem uma verdadeira revolução no campo da solução de disputas fora dos tribunais, sendo necessário o delineamento e delimitação das normas internacionais em prol da unificação dos conceitos e pensamentos a respeito, principalmente, das questões entre Estados.

Há cem anos, o Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores, conseguiu que fossem estabelecidos os limites territoriais, demarcando as fronteiras da Guiana Francesa. A demarcação das terras, porém, não significou a separação dos povos que continuaram se relacionando amistosamente. Nos últimos anos, a relação de cooperação entre brasileiros e franceses vem se fortalecendo dia-a-dia. O espírito de cooperação amapaense foi, e continua sendo, objeto de atenção de várias personalidades nacionais e internacionais.51

51 CONTESTADO franco-brasileiro. Governo do Amapá on line. Disponível em:

REFERÊNCIAS

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RESOLUÇÃO Pacífica de Conflitos. Tribunais Arbitrais Internacionais Especializados. Disponível em: ‹http://tribunaisespecializados.blogspot.com/2007/09/da-soluo-pacfica-das- controvrsias.html›.

UTILIZAÇÃO da arbitragem no mundo. Direito Net on line. Disponível em: ‹http://www.direitonet.com.br/›.

(Fonte: www.rootsweb.ancestry.com/~brawgw/ap/mapaap.html)

Os Estados Partes na presente Convenção,

Considerando o papel fundamental dos tratados na história das relações internacionais,

Reconhecendo a importância cada vez maior dos tratados como fonte do Direito Internacional e como meio de desenvolver a cooperação pacífica entre as nações, quaisquer que sejam seus sistemas constitucionais e sociais,

Constatando que os princípios do livre consentimento e da boa fé e a regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos,

Afirmando que as controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias internacionais, devem ser solucionadas por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da Justiça e do Direito Internacional,

Recordando a determinação dos povos das Nações Unidas de criar condições necessárias à manutenção da Justiça e do respeito às obrigações decorrentes dos tratados,

Conscientes dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas, tais como os princípios da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, da igualdade soberana e da independência de todos os Estados, da não-intervenção nos assuntos internos dos Estados, da proibição da ameaça ou do emprego da força e do respeito universal e observância dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos,

Acreditando que a codificação e o desenvolvimento progressivo do direito dos tratados alcançados na presente Convenção promoverão os propósitos das Nações Unidas enunciados na Carta, que são a manutenção da paz e da segurança internacionais, o desenvolvimento das relações amistosas e a consecução da cooperação entre as nações,

Afirmando que as regras do Direito Internacional consuetudinário continuarão a reger as questões não reguladas pelas disposições da presente Convenção,

Convieram no seguinte: [...].

Dom João, por graça de Deos, Rey de Portugal:

Faço saber aos que esta minha Carta virem, que havendo todas as Potências que concorreram para a presente guerra, concordado em que na Villa de Utrecht se formasse hum Congresso de todos os Plenipotenciários dellas, para nelle se conferirem os pontos, e meios proporcionados para pôr fim às hostilidades, concordaram e ajustaram hum Tratado de Paz entre as Coroas de França e de Portugal, pela maneira seguinte:

EM NOME DA SANTISSIMA TRINDADE

Havendo a Providencia Divina disposto os ânimos do muito Alto e muito Poderoso Príncipe Luís XIV, pela graça de Deus Rey Christianíssimo de França, do muito Alto poderoso Príncipe Dom João, o V, pela graça de Deos Rey de Portugal, convieram nos artigos seguintes:

ART. I

Haverá huma Paz perpetua, huma verdadeira amizade, e huma firme e boa correspondência entre Sua Magestade Christianíssima, seus Descendentes, Sucessores e Herdeiros, todos seus Estados e vassallos, de huma parte, e Sua Magestade Portuguesa, seus Descendentes, Successores e Herdeiros, todos seus Estados e vassallos, da outra, [...].

ART. II

Haverá de huma e outra parte hum inteiro esquecimento de todas as hostilidades,[...]. ART. III

Todos os prisioneiros de guerra, por huma e outra parte se restituirão promptamente, [...]. ART. IV

[...] ART. VIII

A fim de prevenir toda a occasião de discórdia, que poderia haver entre os vassallos da Coroa de França e os da Coroa de Portugal, Sua Magestade Christianíssima desistirá para sempre, como presentemente desiste por este Tratado pelos termos mais fortes qualquer direito e pretenção que póde, ou poderá ter sobre a propriedade das Terras chamada do Cabo do Norte, e Situadas entre o Rio das Amazonas e o de Japoc ou de Vicente Pinsão, sem reservar, ou reter porção alguma das ditas terras, para que ellas sejam possuidas daqui em diante por Sua Magestade Portugueza.

ART. IX

Em consequência do Artigo precedente, poderá Sua Magestade Portugueza fazer reedificar os fortes de Araguari e Camaú, ou Massapá, e os mais que foram demolidos em execução do Tratado Provisional feito em Lisboa aos 4 de Março de 1700 [...].

ART. X

Sua Magestade christianíssima reconhece pelo presente Tratado, que as duas margens do Rio das Amazonas, assim Meridional como Septentrional, pertencem em toda a Propriedade, Domínio e Soberania a Sua Magestade Portuguesa, e promette que nem elle nem seus Descendentes, Successores e Herdeiros farão jamais alguma pretenção sobre a Navegação e uso do dito Rio, com qualquer pretexto que seja.

ART. XI

Da mesma maneira que Sua Magestade Christianíssima desiste em seu nome, e de seus Descendentes, Successores e Herdeiros, de toda a pretenção sobre a Navegação e uso do Rio das Amazonas, cede de todo o direito que pudesse ter sobre algum outro Domínio de Sua Magestade Portuguesa tanto na America, como em outra parte do mundo.

ART. XII

E como he para recear que haja novas dissenções entre os Vassallos da Coroa de França e os da Coroa de Portugal, com a occasião do Commercio, que os moradores de Cayena podem intentar no Maranhão e na entrada do Rio das Amazonas, Sua Magestade Christianíssima promette por si, seus Descendentes, Successores e Herdeiros, que não consentirá que os ditos moradores de Cayena, nem quaesquer outros seus Vassallos vão commerciar nos lugares acima nomeados, e que lhes será absolutamente prohibido passar o Rio de Vicente Pinsão, para fazer commercio, e resgatar escravos das Terras do Cabo do Norte, como também promete Sua Magestade Portugueza por si, seus Descendentes, Successores e Herdeiros, que nenhum dos seus Vassallos irão commerciar a Cayena.

ART. XIII [...] ART. XIX

As ratificações do presente Tratado, dadas em boa, e devida forma, se trocarão de ambas as partes dentro do termo de 50 dias a contar do dia da assignatura, ou mais cedo se for possível.

Em fé do que, e em virtude das Ordens, e Plenos poderes que nós abaixo assignados recebemos de nossos Amos, El Rey Christianíssimo, e El Rey de Portugal, assignamos o presente Tratado e lhe fizemos pôr os sellos de nossas Armas. Feito em Utrecht a 11 de Abril de 1713.

(L.S.) Huxelles. ______________ (L.S.) Conde de Tarouca. (L.S.) Menages. ______________ (L.S.) Dom Luis da Cunha

ANEXO D - Cronologia sobre o Laudo Suíço

02 DE MAIO DE 1895 - o presidente do Triunvirato do Amapá, em resposta a solicitação da população de Cunani, em carta de 25 de abril de 1895, comunica a referida

comunidade que providenciou a prisão de Trajano e seus compassas, através do Major Felix Antônio de Souza, do Exército Defensor do Amapá.

15 DE MAIO DE 1895 - o governador de Caiena, Monsieur Charvein, encarrega o capitão Lunier que, ao comando da canhoneira Bengali, chega ao Amapá com oitenta “gendarmes” da Legião Estrangeira com a intenção de forçar Cabralzinho a soltar Trajano. A invasão à vila de Amapá, sede do Triunvirato, deixa um saldo de dezenas de mortos e feridos do lado brasileiro, alguns soldados do lado francês, e a morte do Capitão Lunier pelos comandados de Cabralzinho. O conflito demorou menos de duas horas e os franceses fugiram na canhoneira, pois a maré estava baixa e seu navio poderia ficar prejudicado.

26 DE MAIO DE 1895 - o Jornal “O PAIZ”, do Rio de Janeiro, é o primeiro a noticiar o conflito ocorrido, na versão da imprensa francesa.

30 DE MAIO DE 1895 - o jornal “A PROVÍNCIA” do Pará relata pela primeira vez, e com atraso de quinze dias, o conflito ocorrido no Amapá.

30 DE MAIO DE 1895 - o governador da Guiana Francesa, Monsieur Charvein, envia ao Governo Francês notícias contraditórias sobre o conflito ocorrido no Contestado, tentando justificar o envio de força à vila de Amapá. A notícia foi publicada no jornal “O DEMOCRATA”, primeira página.

06 DE JUNHO DE 1895 - o jornal “DIÁRIO DE NOTÍCIAS” narra a preocupação do Ministro Francês, presidente do Conselho de Ministros da França, em resolver a questão do Amapá de forma pacífica entre a França e o Brasil. Desde junho de 1895, iniciam-se as negociações entre os governos da França e do Brasil, referente à questão contestada.

11 DE JUNHO DE 1895 - os jornais franceses como o “LE TEMPS” começaram a produzir artigos referentes à questão do Amapá, dando um cunho de possível vitória para o lado brasileiro.

18 DE JUNHO DE 1895 - o jornal do “COMMERCIO” publica nesta data notícias a respeito do Governador de Caiena, Monsieur Charvein, que manda um telegrama ao Ministro da Fazenda, noticiando versões diferentes sobre Cabralzinho.

27 DE JUNHO DE 1895 - o jornal “O DEMOCRATA” de Belém, Pará, divulga declarações de um engenheiro militar francês sobre a importância estratégica da região Contestada do Amapá.

25 DE SETEMBRO DE 1895 - o governador Charvein, principal responsável do massacre de Lunier ao Amapá, em 15 de maio, é demitido e substituído por Lamothe, que recebe autorização para devolver imediatamente as bandeiras brasileiras e os prisioneiros encarcerados, para partirem no primeiro navio a sair de Caiena.

25 DE NOVEMBRO DE 1895 - o cientista Emilio Goeldi, enviado à região contestada do Amapá, faz um relatório ao Ministro das Relações Exteriores sobre a situação da fronteira e as conseqüências do massacre francês no Amapá.

10 DE ABRIL DE 1897 - Brasil e França assinam um acordo para decisão da Questão do Amapá.

02 DE DEZEMBRO DE 1898 - é instalada na vila de Cunani, a comissão mista franco-brasileira.

1º DE DEZEMBRO DE 1900 - o presidente da Suíça, Confederação Helvética, Walter Hauser, expede o Laudo Suíço, dando ganho de causa ao Brasil na questão do Contestado Franco-brasileiro.

Vistos os fatos acima,

O Conselho Federal Suíço, na sua qualidade de árbitro chamado pelo Governo da República Francesa e pelo Governo dos Estados Unidos do Brasil, segundo o Tratado de Arbitramento de 10 de abril de 1897, a fixar na fronteira da Guiana Francesa e do Brasil apura, decide e pronuncia:

Artigo I – Conforme o sentido preciso do Artigo 8º do Tratado de Ultrecht, o rio Oiapoque ou Vicente Pinzón é o Oiapoque que desemboca imediatamente a Oeste do Cabo de Orange e que por seu talvegue forma a linha lindeira.

Artigo II – A partir da cachoeira principal deste rio Oiapoque até a fronteira holandesa, a linha de divisão das águas da Bacia Amazônica, que nesta região é constituída da quase totalidade pela linha do fastígio da Serra de Tumucumaque, forma o limite interior.

Assim, assentado em Berna em nossa sessão de 1º de dezembro de 1900, a presente sentença, revestida do selo da Confederação Suíça, será expedida em três exemplares franceses, três exemplares alemães. Um exemplar francês e um alemão serão comunidados a cada uma das duas partes pelos cuidados de nossa repartição política; o terceiro exemplar francês e o terceiro alemão serão depositados nos arquivos da Confederação Suíça. Em nome do Conselho Federal Suíço

O presidente da Confederação, Walter Hauser; o chanceler da Confederação Klinger.

(tradução em português do Barão do Rio Branco).

As redes de fortificações do Amapá eram, na sua maioria, constituídas por simples postos ou pequenos redutos, os quais, devido à fragilidade de sua construção, quase ruíram por completo, restando somente as edificações mais sólidas. Dentre estas figuras, a fortaleza de São José de Macapá, considerada o melhor, maior e mais importante monumento histórico do Estado, do Brasil e da América do Sul.

As fortificações mais importantes são: Forte de Cumaú; Forte de Santo Antônio de Macapá; Vigia do Curiaú.

1. FORTE DE CUMAÚ

Depois que os portugueses se apossaram dos fortes de Torrego, nos rios Manacapuru e Filipe, entre os rios Matapi e Manacapuru (hoje Rio Vila Nova), um reduto mais seguro e mais resistente, os ingleses enviados oficialmente à Amazônia alojaram-se na Região de Macapá, onde fundaram o Forte de Cumaú ou Massapá, com a ajuda dos índios Nhengaybos, Aruan e Tucuju. Em 10 de março de 1631, aportou em Santa Maria de Belém, Feliciano Coelho de Carvalho, nomeado ao cargo de vice-governador e grão-pará com a missão de continuar a lutar contra os invasores no grande vale amazônico. Em 1632, chefiava uma expedição guerreira, cuja finalidade era expulsar os invasores ingleses e parar nas imediações no Forte do Cumaú. Deu ordens aos capitães Ayres Chinchorro e Pedro Baião de Abreu. Ergue-se um lugar estratégico, uma trincheira para iniciarem os ataques ao aquartelamento dos súditos de Carlos I, da Dinastia de Studart. Na noite de nove de julho, o capitão Pedro Baião, acompanhado de seus soldados, de cinco mil índios, apoderou-se do Forte de Cumaú, onde os ingleses que haviam resistido à ofensiva portuguesa foram mortos e aprisionados. O comandante da expedição Roger Frey não estava presente no combate, porque foi ao encontro de uma nau de socorro, bastante equipada com material bélico. Feliciano Coelho, ciente da atitude de Roger Frey, ordenou ao capitão Ayres Chinchorro que fosse ao encontro do navio inglês, era o dia 14 de julho de 1632. O capitão tratou de executar as ordens do seu comandante, ma o fez com o auxílio dos índios flecheiros (Tucuju), os quais, em suas canoas, abordaram os navios ingleses, todavia, foram vencidos pelos lusitanos.

Ayres, Chinchorro e Roger Frey confrontaram-se no tombadilho da nau inglesa e de espada em punho iniciaram o duelo. Ao final, o comandante súdito de Carlos I é derrotado, sucumbido pela espada mortal do português. A vitória portuguesa já era previsível: o Forte de Cumaú foi arrasado. Feliciano Coelho retorna, então, para Belém no navio tomado por Roger Frey com a artilharia e os despojos da fortificação vencida. Dessa forma, os ingleses perderam a sua última batalha nas terras do Amapá. Atualmente, este forte pertence ao município de Santana.

2. FORTE DE SANTO ANTÔNIO DE MACAPÁ

A presença francesa, ou melhor, a presença dos guianos (membros de uma tribo indígena) despertou nos portugueses a idéia de construir uma fortificação para a defesa da região de Macapá, que o Rei de Portugal, Dom Pedro I (1683-1706), através da Carta-régia de 21 de dezembro 1666, facultou ao governador Gomes Freire de Andrade a escolha de um local para construir a respectiva fortaleza então em projeto. No ano de 1688, o governador do Maranhão e grão-pará, capitão Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho (filho de Feliciano Coelho) adotando as instruções do Governador-geral do Brasil, mandou levantar essa fortificação, a qual recebeu o nome de Santo Antônio de Macapá. Em 31 de março de 1697, portanto, nove anos após a fundação do forte, o marquês Deferroles, seguindo determinação do Governador de Caiena é, acima de tudo, ordens do Rei da França (Luiz

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