• Nenhum resultado encontrado

Esta pesquisa teve como objetivo analisar de que modo às condições de trabalho no setor aéreo podem ocasionar a fadiga de voo e influenciar no desempenho e na segurança das atividades executadas por esses profissionais. Para atingir esse objetivo, adotou-se a pesquisa descritiva, na forma de um estudo de caso, com levantamento de campo com uma abordagem quantitativa, através da utilização de um questionário como instrumento para a coleta de dados, aplicado a 30 pessoas, pilotos e comissários do transporte aéreo público regular de passageiros.

Especificamente no que se refere aos objetivos: a) verificar a percepção dos tripulantes sobre a qualidade de vida no trabalho, constatou-se que em relação aos sentimentos, apesar dos entrevistados se mostrarem bastante preocupados, mencionaram estar alegres e entusiasmados, havendo uma diferença na percepção dos sentimentos entre homens e mulheres. Além do mais, no que se refere aos aspectos que compõem o fator de análise para avaliação da qualidade de vida, os tripulantes, de modo geral, estão satisfeitos com o treinamento que recebem, contudo, a falta de incentivo por parte da chefia tem sido um aspecto que causa um mal-estar moderado no trabalho, sendo que para estes aspectos não foi verificada nenhuma interferência do sexo, faixa etária e cargo nas respostas dos entrevistados.

b) Identificar as causas mais comuns de fadiga entre os pilotos e comissários, evidenciou-se que quase metade dos entrevistados relataram dormir muito pouco, e que os principais fatores que contribuem para a percepção de cansaço dos tripulantes são: pouco tempo de descanso entre as jornadas de trabalho; horários de trabalho; atrasos; longa jornada de trabalho e tempo de deslocamento entre a residência/hotel e o local de trabalho. Vale ressaltar, que esse é um assunto que interfere diretamente na segurança das operações aéreas e afeta a vida de milhares de profissionais e passageiros. Portanto, acredita-se que a Lei nº 13.475, de 28 de agosto de 2017 deveria ser revista, proporcionando um tempo de repouso maior em relação à duração da jornada de trabalho.

c) Identificar se os sintomas da fadiga possuem alguma relação com o sexo, cargo ou a faixa etária dos tripulantes, concluiu-se que os sintomas mais frequentes foram sonolência, vontade de bocejar e dores nas costas, e que a sua

ocorrência não houve nenhuma relação com o sexo, a idade ou a função ocupada. É importante evidenciar que de acordo com especialistas, não dormir o suficiente é um problema de segurança maior para os pilotos do que dormir no cockpit.

Diante de tais pressupostos, retoma-se ao problema que norteou esta pesquisa: Como a fadiga de pilotos e comissários de bordo pode comprometer a segurança das operações aéreas? Respondendo de forma sucinta, provocando a diminuição das habilidades dos tripulantes, influenciando drasticamente no seu estado de alerta.

Indubitavelmente, a fadiga aérea por ser produto de vários fatores e estar relacionada às necessidades fisiológicas, de sono e ritmos biológicos internos, é uma das principais causas dos acidentes aeronáuticos.

Nesse sentido, para evitar que a fadiga afete as condições de segurança do voo, sugere-se que os tripulantes sigam as recomendações do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº 117, Emenda nº 00, de 19 de março de 2019 e que as empresas aéreas adotem sistemas de gerenciamento do risco da fadiga, visando assegurar que os pilotos e comissários estejam em níveis de alerta adequados.

Por fim, vale ressaltar que o intuito deste trabalho foi fazer um breve diagnóstico da percepção dos tripulantes que atuam no transporte aéreo público regular de passageiros sobre a sua qualidade de vida no trabalho e as causas mais comuns da fadiga aérea e o que isso pode comprometer a segurança de voo. Portanto, considerando a amostragem utilizada nesta pesquisa, não se pretende generalizar tais resultados, mas utilizá-los como um ponto de partida para a busca de medidas que visem melhorar as condições de segurança nas operações aéreas.

Portanto, recomenda-se o uso de outras metodologias no sentido de verificar a replicação destes resultados. Bem como, a realização de estudos específicos sobre a ocorrência dos acidentes aeronáuticos relacionados à fadiga de tripulantes.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, C. J. W. de; RAMOS, A. C. Fadiga aérea: a relação entre estresse, fadiga e qualidade de vida do aeronauta. Revista Ibirapuera, São Paulo, n. 15, p. 23-31, 2018.

BARBOZA, F. de M. A mente humana entre decolagens e pousos – a psicologia da aviação e o estudo dos fatores desencadeadores dos principais transtornos psicológicos em tripulantes de voo. 2017. 18 f. Monografia (Bacharel em Psicologia). Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2017.

BAYER, K. C. “Amamos o que fazemos, mas precisamos de um tempo para nós

mesmos!” Retrato da Qualidade de Vida no Trabalho dos Pilotos do Transporte

Aéreo Público Regular de Passageiros no Brasil. 2018. 260 f. Dissertação (Mestrado). Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

BRANDÃO, M. S. Estudo da sonolência e da fadiga em tripulantes de cabine de

uma companhia aérea portuguesa. 2012. 249 f. Monografia (Mestrado).

Universidade de Lisboa, Lisboa, 2012.

BRASIL. Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº 117, Emenda nº 00, de 19

de março de 2019. Requisitos para Gerenciamento de Risco de Fadiga Humana.

BRASIL. Lei nº 13.475, de 28 de agosto de 2017. Dispõe sobre o exercício da profissão de tripulante de aeronave, denominado aeronauta; e revoga a Lei nº 7.183, de 5 de abril de 1984. Brasília - DF.

BRASIL. Portaria DECEA nº 137/DGCEA, de 25 de maio de 2015. Aprova a reedição da DCA 63-3 que dispõe sobre o Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). BCA nº 100, 2015.

BOURGEOIS-BOUGRINE, S.; CARBONO, P.; GOUNELLE, C.; MOLLARD, R.; COBLENTZ, A. Perceived fatigue for short- and long-haul flights: a survey of 739 airline pilots. Aviation, Space, and Environmental Medicine. Vol. 74, n. 10, p. 1072-1077. 2003.

CALDWELL, J. A. Fatigue in aviation. Travel Medicine and Infectious Disease, v.3, n.2, p.85-96, 2004.

CASSIANO, S. K. A Fadiga em Foco na Aviação: Adaptação Brasileira da Samn Perelli Scale. Revista Conexão SIPAER, vol. 8, n. 3, p. 19-28, 2017.

CELESTINO, V. R. R. Fadiga no trabalho de pilotos: uma psicologia sistêmica da aviação civil. 2017. 145 f. Tese (Doutorado). Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2017.

ENOHI, R. T. Fatores organizacionais e de sono associados aos sintomas

musculoesqueléticos em pilotos de aviação comercial. 2016. 97 f. Dissertação

FONTELLES, M. J.; SIMÕES, M. G.; FARIAS, S. H.; FONTELLES, R. G. S.

Metodologia da pesquisa científica: diretrizes para a elaboração de um protocolo de pesquisa. 2009. 8 f. Núcleo de Bioestatística Aplicado à Pesquisa da

Universidade da Amazônia - UNAMA. Belém, 2009.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.

International Civil Aviation Organization (ICAO). Doc 9966 - Manual for the

Oversight of Fatigue Management Approaches. 2ª ed. 2016.

ITANI, A. Saúde e gestão na aviação: a experiência de pilotos e controladores de tráfego aéreo. Psicologia & Sociedade, v. 21, n. 2, p. 203-212, 2009.

KANASHIRO, R. G. Jornada de voo na aviação de transporte e a prevenção da fadiga. Revista Conexão SIPAER, v. 4, n. 2, p. 190-199, 2013.

KANASHIRO, R. G. Fadiga de voo. In: Waldo Fonseca Temporal (Org). Medicina

aeroespacial, Rio de Janeiro: Luzes, 2005, p. 335-342.

KUBE, L. C. Fisiologia da fadiga, suas implicações na saúde do aviador e na segurança na aviação. Revista Conexão SIPAER, v. 2, n. 1, p. 35-57, 2010.

LOVATTO, P. A.; LEHNEN, C. R.; ANDRETTA, I.; CARVALHO, A. D.; HAUSCHILD, L. Meta-análise em pesquisas científicas – enfoque em metodologias. Revista

Brasileira de Zootecnia, vol. 36, p. 285-294, 2007.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MARQUEZE, E. C.; NICOLA, A. C. B.; DINIZ, D. H. M. D.; FISCHER, F. M. Jornadas de trabalho associadas a cochilos não intencionais entre pilotos da aviação regular.

Revista de Saúde Pública, vol. 51, p. 51-61, 2017.

MOTA, Dálete Delalibera Corrêa de Faria; CRUZ, Diná de Almeida Lopes Monteiro da; PIMENTA, Cibele Andrucioli de Mattos. Fadiga: uma análise do conceito. Acta

Paulista de Enfermagem, São Paulo, vol. 18, n. 3, p. 285-293, 2005.

OLIVEIRA, M. F. de. Metodologia científica: um manual para a realização de pesquisas em Administração. 2011. 72 f. Monografia (Pós-graduação). Universidade Federal de Goiás, Catalão, 2011.

POLIT, D. F.; HUNGLER, B. P. Fundamentos da pesquisa em enfermagem. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995.

RAYOL, H. Fadiga, suas causas e sintomas. [S.l.]: Piloto Policial, 2015. Disponível em: <https://www.pilotopolicial.com.br/fadiga-suas-causas-e-sintomas/>. Acesso em: 5 nov. 2019.

SANTOS, L. C. B.; ALMEIDA, C. A. de; FARIAS, J. L.; et al. Aviões - Sumário

Estatístico 2008-2017. Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes

Aeronáuticos (CENIPA). Brasília. 2018.

SELLTIZ, C.; WRIGHTSMAN, L. S.; COOK, S. W. Métodos de pesquisa das

relações sociais. São Paulo: Herder, 1965.

SILVA, E. L. da; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de

dissertação. 4. ed. rev. atual. Florianópolis: UFSC, 2005.

SOUSA, M. R. de; RIBEIRO, A. L. P. Revisão Sistemática e meta-análise de estudos de diagnóstico e prognóstico: um tutorial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 92, n. 3, p. 241-251, 2009.

TEIXEIRA, E. B. A análise de dados na pesquisa científica: importância e desafios em estudos organizacionais. Desenvolvimento em Questão, Ed. Unijuí, n. 2, p. 177-201, 2003.

YEN, J.; HSU, C.; YANG, H.; HO, H. An Investigation of Fatigue Issues on Different Flight Operations. Journal of Air Transport Management, n. 15, p. 236-240, 2009.

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

Avaliação da Qualidade de Vida e da Fadiga em Tripulantes da Aviação Regular Brasileira

IMPORTANTE: Essa pesquisa faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências

Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, que tem por objetivo conhecer sobre a qualidade de vida no exercício de sua função como tripulante da aviação regular brasileira, bem como, identificar as causas mais comuns da fadiga aérea. Portanto, será garantida a confidencialidade de suas respostas e a sua participação não produzirá nenhum tipo de risco para suas atividades laborais nem para a empresa na qual trabalha.

PERFIL DO ENTREVISTADO

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: _____ anos

Cargo: ( ) Comandante ( ) Copiloto ( ) Comissário

Usualmente, qual o número de horas de jornada de trabalho você realiza? _____ AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

MARQUE O PONTO DA ESCALA QUE MELHOR REPRESENTE SUAS EXPERIÊNCIAS

Nem um pouco Extremamente

0 ˈ ׀ ˈ 1 ˈ ׀ ˈ 2 ˈ ׀ ˈ 3 ˈ ׀ ˈ 4 ˈ ׀ ˈ 5 ˈ ׀ ˈ 6 ˈ ׀ ˈ 7 ˈ ׀ ˈ 8 ˈ ׀ ˈ 9 ˈ ׀ ˈ 10

Nos últimos seis meses, meu trabalho tem me deixado...

1. Alegre 2. Preocupado 3. Irritado 4. Impaciente 5. Entusiasmado

LEIA CADA AFIRMATIVA E MARQUE O PONTO DA ESCALA QUE MELHOR REPRESENTE SUA OPINIÃO

Discordo totalmente Concordo Totalmente

0 ˈ ׀ ˈ 1 ˈ ׀ ˈ 2 ˈ ׀ ˈ 3 ˈ ׀ ˈ 4 ˈ ׀ ˈ 5 ˈ ׀ ˈ 6 ˈ ׀ ˈ 7 ˈ ׀ ˈ 8 ˈ ׀ ˈ 9 ˈ ׀ ˈ 10 6. O período de repouso é satisfatório

7. Tenho trabalhado no limite da minha capacidade

8. Recebo incentivo da minha chefia 9. As condições de trabalho são precárias 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10. O trabalho prejudica o uso do meu tempo fora da empresa

11. A empresa oferece oportunidade de crescimento profissional

12. Tenho me sentido cansado

13. O modo de gestão das tarefas é flexível

14. As condições de trabalho existentes contribuem para a segurança de voo 15. O treinamento que recebo é adequado para a execução eficiente do meu trabalho

AVALIAÇÃO DA FADIGA NO TRABALHO

16. O período de repouso de 12 horas na apresentação para o voo é respeitado? ________ 17. Qual o número máximo de dias consecutivos de trabalho que você geralmente faz? ____ 18. Assinale os principais fatores que contribuem para a sua percepção de cansaço durante o seu trabalho (pode assinalar mais de uma opção):

( ) Horários de trabalho

( ) Longa jornada de trabalho ( ) Trabalho noturno

( ) Local de descanso no hotel ( ) Local de descanso em casa ( ) Atrasos

( ) Pouco tempo de descanso entre as jornadas de trabalho

( ) Problemas de saúde

( ) Tempo de deslocamento entre a residência/hotel e o local de trabalho ( ) Não me sinto cansado(a) durante o meu trabalho

( ) Faço uso de medicamentos relaxantes musculares após a jornada de trabalho

19. Você dorme o suficiente:

( ) Sim, definitivamente o suficiente ( ) Sim, perto do suficiente

( ) Não, muito pouco

( ) Não, muito longe do suficiente

20. Marque o ponto da escala indicando a frequência dos seguintes sintomas durante sua jornada de trabalho: a) Sonolência b) Olhos cansados c) Vontade de bocejar d) Dor de cabeça e) Falta de concentração f) Moleza no corpo g) Dores nas costas

Obrigado pela sua valiosa participação!!!

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Documentos relacionados