De acordo com os dados obtidos na presente revisão de literatura sobre a ausência de incisivos laterais superiores, é lícito concluir que:
A ausência congênita de dentes é uma anomalia rara na dentição decídua, porém bastante frequente na dentição permanente. Excluindo-se os terceiros molares, os dentes mais frequentemente ausentes são os incisivos laterais superiores e os segundos pré-molares inferiores. Indivíduos do gênero feminino geralmente são mais afetados do que os do gênero masculino, e a hereditariedade é o principal fator etiológico dessa anomalia de desenvolvimento.
O diagnóstico da agenesia é feito por meios clínicos e radiográficos, podendo ser realizado no início da dentição mista. A detecção precoce da agenesia possibilita tanto o tratamento interceptivo como um maior tempo para o planejamento do tratamento.
As opções de tratamento incluem o fechamento de espaços com os caninos ocupando o lugar dos incisivos ausentes ou a abertura/manutenção dos espaços para a substituição desses dentes por meio de próteses ou implantes. O plano de tratamento deve ser estabelecido individualmente, avaliando as indicações e os fatores que favorecem cada opção de tratamento.
As vantagens do fechamento dos espaços são: melhores condições periodontais, obtenção de excelentes resultados estéticos e funcionais após a transformação do canino em incisivo lateral e não necessitar de substituições artificiais com grandes desgastes de estrutura dental sadia. Como desvantagem pode-se citar a remodelação do canino e mesialização dos dentes posteriores, que pode causar uma alteração facial no paciente. Em geral o fechamento ortodôntico está indicado em casos de maloclusão de Classe II, com apinhamento inferior ou protrusão dentoalveolar e é preferível em pacientes com perfil convexo ou equilibrado. Contraindica-se essa opção de tratamento para pacientes com intercuspidação normal dos dentes posteriores, tendência a Classe III e espaços generalizados nos arcos.
A abertura/manutenção de espaços possibilita ao paciente uma relação oclusal de Classe I. Suas vantagens são simetria e estética na região anterior da maxila e simplificação do tratamento.Em contra partida, necessita de contenção a longo prazo com incisivo lateral provisório e colocação do implante após o término do crescimento
ou desgaste dos dentes adjacentes para colocação de prótese convencional. Os implantes osseointegrados são, atualmente, a opção de tratamento mais conservativa, porém, ainda de alto custo para grande parte dos pacientes. Esta opção de tratamento é indicada para pacientes com espaços generalizados entre os dentes, tendência a Classe III com mordida anterior topo-a-topo e agenesia concomitante de outros dentes. Sua contraindicação é para pacientes muito jovens (pois deve-se aguardar um período muito longo para colocação do implante) e estética nos pacientes com sorriso gengival.
O sucesso na estética e na função nos casos de agenesia de incisivos laterais superiores está diretamente relacionado com o formato original dos caninos superiores, o quadro geral apresentado na maloclusão, às alterações na forma do arco superior e da habilidade do operador em remodelar os caninos estética e funcionalmente. Além disso, a deve-se atentar para a importância do auxílio de profissionais de outras áreas da odontologia, para o completo sucesso do tratamento.
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