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O presente trabalho nasceu da percepção da importância do desenvolvimento da adequada aplicação da linguagem, bem como o aprimoramento para se expressar no âmbito das atividades desenvolvidas pelos operadores do Direito. Mais do que em qualquer outra profissão, o uso da linguagem para esses profissionais é imprescindível.

Este estudo confirma o imprescindível papel que a linguagem exerce no mundo jurídico. Para os operadores de Direito exercerem sua profissão adequadamente, não basta o conhecimento técnico para produzir uma peça processual, ele deve ter o conhecimento das estruturas linguísticas e gramaticais para a produção de um texto coerente.

Sendo o uso e o domínio da língua portuguesa o instrumento de trabalho dos profissionais de Direito, faz-se necessário o incitamento da linguagem clara, objetiva e precisa durante os anos nos quais irá se graduar no curso de Direito, evitando a formação de egressos que não a dominam, acarretando prejuízos e descrédito no exercício da profissão.

Durante a formação acadêmica do estudante de Direito, é necessário focar na importância desse viés linguístico para sua formação, o que nem sempre ocorre. Ao examinar a matriz curricular de quatro IES da Grande Florianópolis, foi possível verificar lacunas as quais confirmam as problemáticas levantadas neste trabalho. Observou-se que em duas dessas instituições estão presentes disciplinas que tratam da linguagem jurídica, porém, o foco não é somente a linguagem e seu desenvolvimento, além disso, em ambas, apenas um semestre é dedicado a isso durante toda a graduação. Dessa forma, não se mostram suficientes para que os estudantes aprendam com a desenvoltura adequada a linguagem utilizada, a argumentação, a estrutura textual. Ao passo que nas outras duas IES não há um estudo mais específico em relação ao aperfeiçoamento do uso da língua.

Os cursos de Direito, conforme visto nas diretrizes curriculares impostas pelo MEC, teriam que apresentar esses tipos de atividades – leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou normativos, com a devida utilização das normas técnico-jurídicas, utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica, domínio de tecnologias e

métodos para permanente compreensão e aplicação do Direito –, proporcionando dinâmicas para que se possa desenvolver essa habilidade. No entanto, verifica-se que nem sempre essas habilidades são estimuladas durante a graduação do curso.

Quando existe uma formação carente nesse aspecto, há probabilidade também de haver uma deficiência na própria aplicação do Direito. Assim, muitas vezes formam-se profissionais que não saberão aplicá-lo simplesmente por não dominarem as formas adequadas de se expressar. Dessa forma, pela escassez de aprimoramento nos mais diversos aspectos da linguagem, poderão ocorrer problemas comuns, como erros gramaticais, a ilusão de que uma peça jurídica boa é uma peça jurídica longa, ou pecar pelo excesso de palavras difíceis e latinismos desnecessários.

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ANEXO A – Matriz curricular UFSC

ANEXO E – Disciplina “Linguagem Jurídica” UNIVALI

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