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Inicialmente, é forçoso destacar que o presente trabalho monográfico de direito buscou apresentar a multipropriedade imobiliária no aspecto nacional. Para isso, foi necessário abordar questões relativas à propriedade, suas formas, características, funções, bem como ao condomínio, de forma geral e edilícia, visto que foram os institutos mais abordados na Lei nº 13.777/18 para estruturar a regulamentação da multipropriedade imobiliária.

Este novo instituto de compartilhamento de propriedade por intermédio do tempo trará fomento nas relações econômicas imobiliárias, visto que o seu modo de aquisição e exercício facilita o acesso de várias classes sociais a imóveis de difícil aquisição, dependendo das condições financeiras do público interessado.

Com essa espécie condominial, não se adquire o bem propriamente dito, mas o acesso a ele pelo período correspondente as férias, em regra. No mais, considerando a facilitação da aquisição e acesso ao bem, partindo da premissa de bom senso do uso, a coisa permanecerá em estado de conservação, atingindo uma finalidade ecologicamente social.

Por outro lado, aspectos controversos nasceram com o surgimento desta nova regulação, identificadas e levantadas neste trabalho como a natureza jurídica da multipropriedade, a qual foi compreendida como “um modo de ser do direito real de propriedade”; a sucessão da fração de tempo a um número de herdeiros muito superior ao período da fração, tornando o seu uso por todos inviável faticamente, sendo o melhor caminho a alienação judicial da coisa para divisão em pecúnia; a questão da renúncia translativa somente em favor do condomínio edilício, a qual foi interpretada que, em sendo o condomínio edilício ente despersonalizado, essa renúncia se deve ser judicial, dando destino a coisa em sequência, sem que a fração conste como de propriedade do condomínio; a necessidade de que se faça um juízo de valor de qual multiproprietário mais tem o aproveitamento econômico do imóvel, considerando o período de sua fração, diante da não solidariedade entre os multiproprietários sobre os tributos fiscais; a existência de uma anticrese (a qual limita o direito de propriedade, podendo haver aqui uma inconstitucionalidade, dependendo da forma como ela for aplicada) e a (im)possibilidade de usucapir o imóvel que está sujeito a multipropriedade ou uma fração temporal específica.

O estudo mais aprofundado desse instituto levará a novas questões controversas, e demonstra que novas modalidades de propriedade, aquisição e exercício das coisas podem surgir conforme a evolução social. Os desdobramentos da propriedade não são limitados por aquilo que está positivado. É de se reconhecer que os fatos jurídicos estão sempre à frente da

norma positivada, como a própria multipropriedade que existe no ordenamento social (fático) muito antes da sua regulamentação, forçando os juristas as mais diversas interpretações doutrinárias e jurisprudenciais para que a coisa se adeque ao ramo social enquanto não previamente exibida em lei.

Por fim, inegável que a nova Lei de Multipropriedade Imobiliária (Lei nº 13.777/18) traz uma nova perspectiva ao direito das coisas e, por ser uma norma recente, em muito, ainda, será debatida pela doutrina e jurisprudência, podendo surgir novas questões e definições no âmbito dos direitos das coisas.

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