Quando iniciou-se o projeto sabia-se sobre as dificuldades existentes nos ambientes de compra, independentemente da área comercial, e por isso entendeu-se que para pessoas com deficiência visual (assim como outras deficiências) essas dificuldades agravam-se.
Devido à intenção em beneficiar esse público-alvo não havia como prosseguir em uma ideia imaginada sem ouvir as pessoas reais que possuem esse perfil. Foi nesse momento que foi realizado a entrevista com as pessoas que possuem deficiência visual e ao ouvi-las descobriu-se o problema vivido, que é o processo de identificação dos preços nos supermercados, definiu-se como público-alvo as pessoas que não possuem deficiência visual e os consumidores com baixa visão.
Ao realizar a pesquisa de campo percebeu-se que esse processo de identificação dos preços envolve muitos elementos, tais como: localização do produto (prateleiras mais altas e mais baixas), iluminação, suporte das etiquetas, embalagens, experiência do usuário tanto com o produto quanto com o supermercado e a própria etiqueta de supermercado.
Então objetivou-se propor melhorias por meio de uma novo layout de etiqueta pensada e estudada conforme as necessidades do público-alvo. Ao fazer a análise de similares, coletados no momento da pesquisa de campo, observou-se os pontos positivos e negativos de cada etiqueta ao informar sobre os produtos.
Após o levantamento iniciou-se o processo de desenvolvimento de três modelos de etiquetas para serem apontados pelo público-alvo o melhor modelo. Para cada modelo definiu-se: as tipografias e seus tamanhos, a posição de cada informação e o tamanho da etiqueta.
Com os modelos prontos, realizou-se uma nova entrevista. Através dessa entrevista foi possível conhecer mais a necessidade de cada um, conforme seus relatos, bem como definir qual dos modelos foi considerado pela maioria como mais legível e com a melhor estrutura de layout, segundo o que consideram como informação mais relevante (hierarquia das informações por meio dos tamanhos tipográficos).
Através da indicação dos consumidores definiu-se o melhor modelo o qual sofreu novos ajustes para adequar às necessidades dos consumidores com baixa visão observados na entrevista, e continuar o processo de validação da etiqueta. Nessa etapa também optou-se por utilizar dois fundos para contrastes com a tipografia preta que são o branco e o amarelo.
A validação da etiqueta definida foi realizada no supermercado, conforme a disponibilidade dos participantes voluntários. Nela foram determinadas algumas tarefas para os participantes, sendo que deveriam encontrar quatro produtos escolhidos conforme a complexidade de posição na prateleira, embalagens semelhantes, iluminação.
etiqueta nas melhores condições possíveis, conforme estudos feitos, ela não resolve o problema por completo apenas minimiza-o. Chegou-se a essa conclusão devido ao fato dos dois participantes (um deles com baixa visão e outro sem baixa visão) terem localizado inicialmente produtos similares ao definido pela tarefa, apesar de terem encontrado o produto desejado de maneira correta tiveram dificuldade em encontrar ao menos um produto dos quatro.
Por fim, através do desenvolvimento desse projeto conclui-se que um problema sempre pode conter mais de uma solução e que nem sempre apenas uma solução seja suficiente para suprimi-lo. Entender o público-alvo é outro elemento indispensável ao produzir materiais de design gráfico, mesmo que seja custoso o processo para que seja realizado uma entrevista ou validação. Sem ouvi-lo é difícil ter um projeto final satisfatório.
Com essa conclusão aponta-se que o problema em questão pode ser aprofundado em novos estudos sobre todos os elementos que envolvem o processo de identificação dos preços dos produtos nos supermercados. Uma possível solução a ser estudada seria um aplicativo para dispositivo móvel que faça o escaneamento do código de barras e através dele encontrar exatamente o preço ou o produto respectivo ao escaneamento.
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