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Após a análise dos resultados apresentados, é possível verificar que o RCD tem grande potencial de reutilização, apresentando-se como uma possibilidade na substituição do agregado natural, pois além de possuir características que fundamentam a sua utilização, torna-se relevante do ponto de vista ambiental, uma vez que esse material é, na sua grande maioria, descartado em locais impróprios, comprometendo o meio ambiente. Os resultados dessa pesquisa ressaltam as potencialidades que o agregado reciclado possui quando utilizado como material alternativo no próprio setor que os gerou.

De forma geral, com base nas características obtidas pelos autores estudados, nas argamassas com agregado reciclado obtiveram maiores fatores água/cimento se comparado com a argamassa de referência, podendo ser em razão de os materiais absorverem grande quantidade de água, apresentando alto índice de finos, ou seja, quanto maior a quantidade de resíduos, maior a quantidade de finos, e consequentemente maior a absorção de água.

Quanto a utilização dos RCD em argamassas, pode-se perceber que as argamassas com adição de resíduo apresentam retenção de água alta, podendo comprometer a aderência, já a argamassa de referência apresenta retenção normal.

As argamassas são classificadas de acordo com as classes estabelecidas em norma, porém, apesar da norma NBR 13281 (ABNT, 2005) exigir que venham impressas nas embalagens das argamassas industrializadas várias informações (revestimento interno, revestimento externo, assentamento de alvenaria de vedação, tempo de mistura e maturação, tempo de utilização do produto, etc.), não especifica o requisito e a classe que deve ser exigida para as condições de utilização.

Nas argamassas com incorporação de resíduo cimentício e cerâmico obtiveram, de modo geral, maiores resistências à compressão e aderência na argamassa com substituição de 40%, produzida por Oliveira e Cabral (2011), e maiores resistências à tração na substituição de 25%, aos 14 dias, realizada por Gomes (2016).

Para o resíduo cimentício, que foi analisado somente a resistência à tração, a melhor substituição de acordo com os resultados obtidos por Rudnitski, Nakanishi e Mohamad (2014) foi de 75%.

Para o resíduo cerâmico, a incorporação de 40% proporcionou maior resistência à compressão e à tração, estudado por Silva e Bellei (2018), comparado com as outras substituições e com a argamassa de referência, que apresentou resultados menores. A mesma substituição foi encontrada para o emprego de resíduo de pavimentação asfáltica estudada por Neto (2018).

De modo geral, as argamassas com substituição de agregado natural por agregado reciclado apresentam resistências à compressão, tração e aderência maiores, quando comparadas com a argamassa de referência. Porém, esses resultados não apresentam-se de forma crescente à medida que aumenta-se a quantidade de agregado, pelo contrário, com 100% de substituição, na maioria das argamassas, ocorreu um decréscimo das resistências.

Por fim, conclui-se que os agregados reciclados apresentam potencial para serem utilizados em argamassa de revestimento, porém deve-se ter cuidado ao utilizá-lo, realizando estudos prévios do seu comportamento físico e mecânico. Também, por conta do resíduo de construção apresentar diferentes tipos de constituintes, deve ser realizada a separação deste, a fim de eliminar os materiais contaminantes, e ainda eliminar aqueles que apresentam baixa resistência, afetando o desempenho das argamassas de revestimento.

Sugestões para trabalhos futuros:

 Analisar as propriedades das argamassas, no estado fresco, que engloba a trabalhabilidade, retenção de água, massa específica e teor de ar incorporado, aderência inicial e retração na secagem, e no estado endurecido, que compreende propriedades de permeabilidade e durabilidade;

 Realizar ensaios laboratoriais com uso de RCD cimentício e cerâmico, RCD cimentício, RCD cerâmico e RCD asfáltico, separadamente, verificando se o comportamento encontrado pelos autores se mantém;

 Realizar um estudo comparativo quanto aos custos financeiros da utilização de agregados reciclados frente aos convencionais.

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