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5. CONCLUSÕES

5.1 Conclusões a respeito das simulações

Em relação aos cenários simulados, pode-se constatar que devido à presença de inúmeras variáveis em um sistema de LR e de destinação final de RSU, aliada à necessidade de se ter uma abordagem holística da sustentabilidade, a modelagem e simulação apresentou- se como uma ferramenta viável ao permitir uma maior compreensão do funcionamento do sistema e possibilitar a realização de análises por meio da criação de diversos cenários. As ferramentas e recursos disponíveis no software ProModel® conseguiram suprir as necessidades do modelo de simulação conforme as peculiaridades e características do sistema pesquisado.

Especificamente sobre a opção de mapear apenas uma fração dos RSU, neste caso de ELVs, ressalta-se que na fase da coleta, por exemplo, até pode ser viável simular o sistema juntamente com outros materiais recicláveis, porém devido às características de cada setor e às suas diversas variáveis, conclui-se ser necessário simular e planejar separadamente as

diversas cadeias de materiais, uma vez que cada um apresenta diferentes custos, receitas, riscos, passivos ambientais, dentre outras. O planejamento da destinação final das ELVs, que apresentam três tipos de materiais em sua composição, como verificado e citado por alguns autores, já é um processo complexo quando comparado com embalagens PET, por exemplo, que apresentam um único componente. Porém, nos RSU existem produtos que apresentam um número muito maior de componentes, como o caso dos resíduos eletroeletrônicos.

Por meio da utilização do DOE foi possível verificar os fatores que mais impactam no resultado econômico (EVA®) que no caso da alternativa incineração são o preço de venda da energia e a eficiência na produção de energia. As ELVs, por possuírem um alto poder calorífico, apresentam vantagens ao serem incineradas ao invés de serem enviadas para aterros ou mesmo recicladas quando o custo da coleta está em seu maior valor e o preço de venda das mesmas não atinge seu maior valor de mercado verificado na prática. Porém, ressalta-se que ao se simular a incineração dos RSU como um todo, precisaria haver um aumento significativo do atual preço de venda da energia oriunda de fontes alternativas, para que tal alternativa se tornasse mais viável do que o aterro, por exemplo.

O uso do DOE na cadeia reversa da reciclagem das ELVs apresentou uma especificidade em relação aos preços de venda dos materiais, uma vez que o aumento em um elo representa uma diminuição de igual valor em outro, o que faz com que sejam anuladas tais mudanças. Porém, verificou-se que tais alterações nos preços podem tornar a cadeia reversa social e economicamente mais justa e viável ao se modificar a estrutura de precificação existente. Pode-se também verificar o grande impacto que o custo da coleta seletiva tem para o sistema como um todo.

Os custos de implantação não se mostraram relevantes conforme o cálculo proposto no indicador econômico EVA®. Atribui-se tal resultado a duas questões principais: (1) o fato dos custos terem sido rateados por toneladas, tendo em vista um projeto de gestão de RSU por meio de consórcio entre municípios, fez com que os altos custos de instalação para as usinas de incineração, por exemplo, tivessem seu impacto reduzido uma vez que as usinas têm elevadas capacidades de processamento; (2) o indicador econômico EVA® utilizado neste trabalho tem como foco a agregação de valor econômico e o Custo de Capital (C) utilizado como base de cálculo para a incineração foi atrelado ao baixo valor mensal de remuneração da poupança. Adicionalmente, vale citar que para os casos em que se consideraram os empreendimentos sob o ponto de vista privado, a variação adotada para o indicador beta (β), utilizado no cálculo do Custo de Capital, também influencia para a pouca significância dos custos de implantação.

Especificamente em relação aos Cenários 39, 40, 41 e 43 (reciclagem), onde o custo da coleta seletiva está em seu maior valor, aliado ao baixo preço de venda das ELVs, a alternativa aterro mostra-se preferível sob o aspecto econômico e social, embora a priori não propicie geração de renda para os catadores e tenha impactos ambientais negativos. Sob o ponto de vista do Poder Público, verifica-se que para esses cenários supracitados a soma total do EVA®, que inclui os resultados ambientais e sociais positivos da reciclagem, não é suficiente para superar o resultado econômico final da alternativa aterro. Sob o ponto de vista dos catadores, devido às limitações de capacidade produtiva, estes poderiam obter rendas superiores ao se dedicarem a trabalhar com materiais que tenham uma maior demanda e valor de mercado.

O conceito de sustentabilidade das organizações de catadores envolve, dentre outras questões, a capacidade do empreendimento de desenvolver suas atividades para atingir resultados sociais, econômicos e ambientais crescentes. Porém, como verificado neste trabalho, esta sustentabilidade é comprometida caso o preço de venda das ELVs seja mantido em seus valores atuais e mantenha-se a venda para o intermediário local. Caso a venda das ELVs seja feita diretamente para a indústria recicladora, tem-se um EVA® positivo a partir do momento em que o preço de venda atinge seu maior valor. Para a situação em que se considere a associação sob o ponto de vista privado, se mantido o preço de venda das ELVs em seu menor valor, o empreendimento também não seria sustentável economicamente.

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