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O alcance dos resultados desta pesquisa foi necessariamente limitado, considerando a localização hierárquica e funções do Comando do Sétimo Distrito Naval e também não podem ser facilmente generalizados, considerando as especificidades desta unidade, atípica no contexto dos demais Comandos Navais da MB.

Não obstante, os objetivos propostos da pesquisa foram alcançados, na medida em que foi caracterizada ambiência mais favorável, apesar das dificuldades apontadas, com predisposição para o compartilhamento de experiências com base na aprendizagem em serviço, explicitação de conhecimentos em manuais, e também mediante atendimento a cursos e palestras.

O foco escolhido para a pesquisa de investigação da ambiência e dos condicionantes para o desenvolvimento e inserção de processos sistemáticos de GC no Com7ºDN revelou-se adequado, considerando as limitações dos meios adotados - oferta de cursos de formação e adestramento militar e também de técnicas relacionadas às próprias atividades específicas da unidade, com menor atenção para o desenvolvimento de competências genéricas, a aprendizagem pela cultura oral, treinamento em serviço (tácitos), bem como pela leitura de manuais de instrução e apostilas dos cursos (explícitos).

A investigação compreendeu várias especificidades em relação aos condicionantes para inserção de processos sistemáticos de GC: aplicação em uma organização fortemente hierarquizada; dinâmica de funcionamento da Marinha, com alta mobilidade de pessoal, o que intensifica a necessidade processos mais sistematizados de gestão; a participação de pessoal civil; variedade de competências necessárias à diversidade dos distintos postos e funções; e não menos importante, o tratamento de questões sensíveis e objetos de sigilo militar.

A investigação identificou a consciência da necessidade de inserção de processos sistemáticos de GC, mas considerou a alta rotatividade e transferências de cidades, as mudanças de funções e de postos de trabalho, a aversão aos riscos.

Da comparação do mapeamento de competências com as posições declaradas nas entrevistas foi possível identificar os condicionantes favoráveis e as dificuldades para desenvolvimento e inserção de processos sistemáticos de GC, conforme os objetivos da pesquisa.

Também foi possível mapear as competências essenciais da Marinha e do Com7ºDN como as seguintes: planejamento estratégico e operacional; inteligência e contra-inteligência; TIC e Logística; gestão de processos e projetos; e desenvolvimento de lideranças. Bem como

as preferências de meios de aprendizagem: por experiência; nos cursos de formação militar e outros mais genéricos ou de natureza técnica; e, treinamento em serviço e com os colegas de trabalho.

Os resultados quantitativos mostraram atitudes muito favoráveis à inserção de processos de GC, com médias na escala superior, predominando o processo de socialização de conhecimentos tácitos por meio de treinamento, cursos e elaboração de manuais de instrução e operação. Esse condicionante é talvez o mais importante para a ambiência favorável ao desenvolvimento de processos sistemáticos de GC.

De acordo com as competências que foram mapeadas, as mesmas foram relacionadas com a aprendizagem de conhecimentos tácitos, em serviço. Essa conclusão enseja que algumas comunidades de práticas poderiam ser formadas nesse ambiente.

A principal contribuição desta dissertação é ter explorado as bases sobre as quais podem ser desenvolvido um projeto de inserção de processos de GC no âmbito do Com7DN e as possibilidades para ampliação na MB.

Outra contribuição que parece relevante é o mapeamento de competências (conhecimentos, habilidades, e atitudes), o que certamente será útil para o Com7ºDN, se desejar inserir processos sistemáticos de GC na unidade.

Nas entrevistas, a maioria sugere que, no curto prazo, os processos de GC sejam iniciados de forma localizada na unidade para depois tentar generalizar de forma a abranger outras regiões e, consequentemente, partir para âmbito nacional.

Também, a metodologia combinada quantitativa, para mapeamento das competências, e qualitativa, para identificação dos condicionantes, ambos à luz da abordagem sistêmica, se revelou adequada, embora a organização de um grupo de discussão pudesse ter produzido resultados mais ricos para melhor entendimento da ambiência para inserção de processos sistemáticos de GC, para ampliação dos objetos potenciais de GC (novos conteúdos a serem compartilhados).

Ficou claro, também, que a adoção de práticas de GC nas OM não seria motivada pela necessidade de perenidade de suas instituições, mas pela condição profissional fortemente ligada à organização, o que pode facilitar o compartilhamento e a retenção de conhecimento.

Também resultaram claras a necessidade e as possibilidades de inserção de GC relacionada aos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento de maior envergadura: a construção de um Submarino Nuclear; a Capacitação em Guerra Eletrônica; e, Exploração Econômica Sustentável dos Recursos do Mar, no âmbito da CCIRM (Comissão Interministerial de

Recursos do Mar). Entretanto, considerando que o Com7ºDN, na configuração hierárquica das unidades da Marinha, está mais voltado para atividades administrativas e operacionais, conforme fica evidenciado na descrição de suas competências oficiais há possibilidade de exploração das expertises em TIC, Telecomunicações e Tecnologia Nuclear.

Outras atividades de relevância desenvolvidas pelo Com7ºDN como, por exemplo, o apoio à Defesa Civil e outras ações sociais, poderiam também ser objetos de GC, pois não foram exploradas para identificação de competências, optando-se por investigar apenas as relacionadas às atividades fins.

A aplicação dos conceitos de Aprendizagem Organizacional em muitos casos não tem levado em conta as especificidades de cada organização e o relacionamento intrínseco da aprendizagem nos processos de GC para disseminação e socialização de conhecimentos. Para enfrentar o desafio das mudanças nos ambientes de atuação, as organizações buscam inovar e adquirir novos conhecimentos a partir de processos de aprendizagem individual e coletiva, o que pode se dá por uma grande variedade de meios. No caso da unidade sob investigação nesta pesquisa, a aprendizagens têm sido alcançadas por meio de cursos e treinamento, e conhecimentos têm tornado explícitos nos manuais de operação.

Ficou também evidente que há competências gerenciais importantes presentes nas culturas das OM (s) e no Com7DN, dentre as quais podem ser destacadas as seguintes: expertise em planejamento e desenvolvimento de estratégias; atuação eficiente, com energia e iniciativa; disciplina e persistência; integridade, honestidade e ética militar nas atitudes e decisões; e, compromisso com resultados. Também o interesse dos militares de acompanhamento e introdução de novas tecnologias (por exemplo, as TIC) e aprendizagem de novas competências técnicas.

Por outro lado, há as seguintes competências gerenciais que são estranhas ao ambiente militar como, por exemplo, as seguintes: escuta ativa para considerar as opiniões de subordinados; abertura para criticas e sugestões; interações horizontais entre os pares (há longa cadeia de comandos, conforme apontado nas entrevistas); e, compartilhar os sucessos alcançados com os subordinados.

Sugestões para estudos futuros

Como sugestão para estudos futuros, provavelmente em nível de doutorado, observadas as questões de sigilo e segurança nacional, poderiam ser investigados do ponto de vista da GC os três grandes projetos: Desenvolvimento do Submarino Nuclear; Guerra

Eletrônica; e, a Exploração Sustentável de Recursos do Mar. Também, outras atividades de relevância desenvolvidas pela MB de apoio à Defesa Civil e outras ações sociais, que bem poderiam ser objetos de GC.

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