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O estudo da temática demonstrou a importância de se assegurar a Competência informacional em qualquer formação, entendida como uma competência transversal necessária a todo o cidadão da Sociedade da Informação, e, de forma especial, naquelas que objetivam preparar pessoas para lidar com informação, como ocorre nos Cursos Superiores de Tecnologia da Informação (TI). De acordo com Miranda (2004, p.121) elas podem e devem estar presentes em todos os profissionais nas mais diversas áreas na era da informação e do conhecimento.

A presente pesquisa teve como objetivo geral analisar se os discentes e docentes do Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da União Educacional de Brasília (UNEB) têm conhecimento dos fundamentos para a aquisição de competência informacional na sua formação de acordo com os padrões e indicadores de competência informacional para estudantes do ensino superior da Association of College and Research Libraries (ACRL).

Os objetivos gerais e específicos puderam ser alcançados com a aplicação do questionário (com 76 questões dividas em quatro grupos temáticos: I – Identificação dos participantes, II – Localização, acesso e uso da informação, Uso das tecnologias e Internet, e IV – Competência Informacional) , da entrevista e da análise do documentos acadêmicos da IES estudada. O questionário baseou-se nos padrões da ACRL e permitiu a quantificação do nível de competência informacional de alunos e professores, segundo a avaliação dos participantes. O questionário mesmo tendo sido adaptado a partir dos padrões da ACRL e dos objetivos para a Competência Informacional apresentados por Dudziak, mostrou-se eficaz para a coleta dos dados desejados para alcançar os objetivos propostos, o que não significa que não seja possível melhorá-lo. Todos os pressupostos da pesquisa foram verificados.

A analise documental da IES, demonstrou uma certa preocupação com a temática da competência informacional, descritas pela preocupação em desenvolver em seu aluno competência para ser um profissional reflexivo, com visão sistêmica,

multidisciplinar e possuidor de competências para agir de forma consciente. Os documentos da IES (PDI, PDI e PPC) descrevem a busca de equilíbrio na aquisição de habilidades necessárias para identificar problemas, achar e filtrar informação, tomar decisões e comunicar-se com eficácia. Porém, os documentos institucionais não descrevem ações efetivas, que proporcionem a aquisição de tais competências como projetos para o desenvolvimento de competência informacional na IES, ações que indiquem a atuação efetiva da biblioteca no contexto escolar e metodologias baseadas na resolução de problemas. Os entrevistados também não indicaram a existência desse tipo de ação.

Sobre os procedimentos de busca e uso da informação ressalta-se que a Internet amplia as opções de fontes de informação, mas não substitui totalmente o uso de fontes mais tradicionais, como a biblioteca e o acervo pessoal, fundamentais no apoio às atividades docentes e de pesquisa, pois as informações nem sempre estão disponíveis integralmente na Internet. Os resultados da pesquisa indicam o emprego intenso de algumas estratégias de busca, em detrimento de outras, assim como a pouca combinação de estratégias para se obter resultados mais satisfatórios, o que pode indicar a ausência de competência por parte de discente e docentes no uso dessas estratégias, as quais ainda precisam ser desenvolvidas.

Verificou-se ainda que a biblioteca da IES não se integra ao contexto educacional e pedagógico, como um espaço de expressão do sujeito, atuando apenas na orientação de buscas bibliográficas para professores e alunos.

Como relatado nessa pesquisa o processo de desenvolvimento de competências informacionais perpassa dois momentos distintos. O primeiro consiste em desenvolver no aluno a aprendizagem para o uso das TICs. O segundo é mais abrangente, pois além de saber utilizar as TICs e por meio delas buscar informações, é necessário ter compreensão das informações obtidas e ao utilizá-las modificar o seu arcabouço cognitivo e sua criticidade enquanto cidadão da sociedade da informação.

De forma geral, verificou-se que os alunos e professores dos Cursos de TI da UNEB, participantes da pesquisa, indicaram possuir a maioria das habilidades relacionadas à competência informacional, sendo possível afirmar que os discentes e docentes possuem compreensão sobre os preceitos das normas da ACRL (2000),

uma vez que já demonstram algum conhecimento sobre elas, mesmo que de forma intuitiva e inconsciente.

A presente pesquisa teve nos resultados coletados uma limitação importante. As respostas dos participantes indicam a sua opinião a cerca de sua capacidade, especialmente nas questões referentes a competência informacional. O ideal seria a aplicação de um instrumento de coleta de dados que permitisse aferir as habilidades dos pesquisados na prática.

Dessa forma, entende-se como um dos desafio da Educação Brasileira, especialmente do Ensino Superior, o desenvolvimento da Competência Informacional do âmbito acadêmico, visto que esta competência é peça chave e fundamental para o acesso a informação eficaz, não dependendo de área de atuação, curso ou profissão.

A pesquisa corrobora a compreensão de que a competência informacional, entendida como uma competência transversal e fundamental a todo o cidadão, é indispensável aos estudantes de nível superior, especialmente aos que lidam com informação e tecnologia, como os alunos de Cursos de Tecnologia da Informação (TI).

Espera-se que esta pesquisa possa servir de reflexão e suscite discussões sobre o tema competência informacional no âmbito da UNEB e de outras IES, bem como indique caminhos para investigações futuras e o aprofundamento de questões que não foram, aqui, trabalhadas ou respondidas adequadamente.

5.1 Recomendações e propostas para novos estudos

Como recomendação inicial, propõe-se que as IES façam a verificação regular dos alunos ingressantes e concluintes, com intuito de fornecer dados sobre a situação dos estudantes quanto às suas competências informacionais. A partir desses resultados as ações e projetos das IES sobre essa temática podem ser aprimoradas, permitindo que os estudantes desenvolvam as competências informacionais necessárias para o melhor aproveitamento dos recursos informacionais disponíveis e desempenhem melhor as suas atividades educacionais e de pesquisa, tanto na UNEB, quanto fora dela. O resultado sobre a situação dos

estudantes quanto à competência informacional pode ser um indicador educacional a ser empregado pelas Comissões Próprias de Avaliação de todas as IES do Brasil.

Propõe-se também que as IES implementem em suas estruturas curriculares, como uma prática comum a todos os cursos superiores, e articulada pedagogicamente com a Biblioteca e seus profissionais da informação, ações efetivas e práticas para o desenvolvimento de competência informacional, inclusive com parte integrante das competências esperadas na formação de seus egressos.

Outro aspecto a ser proposto é a participação efetiva da Biblioteca das IES em apoio às ações pedagógicas dos professores e das Coordenações de Curso, contribuindo no processo de mediação do acesso à informação, na utilização de metodologias de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) e no trabalho do professor como facilitador, sempre com uma abordagem colaborativa e cooperativa, a qual coloca também a Biblioteca como um centro de aprendizagem.

Como última proposta, recomenda-se que as IES criem, orientadas pelas Bibliotecas e seus profissionais da informação, programas, palestras, seminários e tutoriais para a promoção e desenvolvimento de competência informacional utilizando recursos de autoaprendizagem baseados em ferramentas Web, multiplataforma e acessíveis de qualquer computador conectado à Internet, com o objetivo de proporcionar ao estudante um maior conhecimento sobre as fontes de informação, estratégias de busca, uso da informação, e por consequência, em um melhor desempenho em suas atividades acadêmicas e profissionais.

Como proposta de futuros trabalhos indica-se a realização de estudos que verifiquem de forma prática o nível de competência informacional, ou seja, que testem por meio de questões práticas, em seus instrumentos de coleta de dados, o nível de competência informacional dos participantes em relação aos padrões verificados na pesquisa.

Propõe-se também a realização de estudos que desenvolvam ferramentas tecnológicas para realizar a avaliação do nível de competência informacional, integradas aos sistemas e portais acadêmicos das IES, assim como sistemas e simulados para treinamento e capacitação em competência informacional de discentes e docentes das IES.

Finalmente, apresenta-se a proposta para futuros estudos sobre programas e tutoriais para o desenvolvimento de competência informacional que possam ser aplicados no ensino fundamental e médio, para alunos e professores.