• Nenhum resultado encontrado

Principalmente nos últimos anos tem-se verificado uma crescente procura de informações ambientais sobre o sector do pescado. Neste sentido, têm vindo a ser desenvolvidos diversos estudos que avaliam a cadeia produtiva dos produtos de peixe e marisco numa perspetiva integrada, utilizando ferramentas de gestão ambiental como a ACV (Almeida et al., 2014, 2015; Irribarren et al., 2010; Pelletier et al., 2007; Vázquez- Rowe et al., 2010, 2012, 2014; Ziegler et al. 2013).

Neste estudo foi desenvolvida a ACV à sardinha, devido à sua importância no contexto nacional, sendo avaliados três produtos: sardinha fresca, sardinha congelada e sardinha em conserva. De acordo com os resultados obtidos, os processos chave do impacte ambiental destes produtos são a produção e consumo de gasóleo no transporte marítimo para a pesca, comum aos três produtos, e no caso específico da sardinha em conserva, a que acresce uma fase de processamento, também a produção de conservantes (nomeadamente azeite e óleo de girassol) e a produção das embalagens primárias (latas de alumínio).

Segundo vários autores, o consumo de energia, em termos de combustível usado na captura, é muito preocupante, tanto associado aos efeitos ambientais, como aos custos para os pescadores (Schau et al., 2009; Thrane, 2004), podendo este ser afectado por muitos factores, nomeadamente: distância do local de pesca, o mau tempo e ondas fortes, temperatura ambiente, arte de pesca e conservação do pescado (Schau et al., 2009; Tyedmer, 2002). Contudo, deve salientar-se que quando comparados os resultados obtidos neste estudo (0,54-0,66 kg CO2 eq/ kg sardinha desembarcada) com

estudos de captura de sardinha ou de outros pequenos pelágicos analisados na literatura, a captura da sardinha em Portugal representa um impacte ambiental mais reduzido. Vázquez-Rowe et al. (2010) e Ramos et al. (2001) obtiveram o impacte de 0,80 kg CO2 eq e de 0,95 kg CO2 eq por kg de peixe desembarcado, respetivamente.

Por fim, considerando os diferentes hotspots identificados na cadeia produtiva dos produtos da fileira do pescado analisados neste estudo, são propostas algumas oportunidade de melhoria, que deverão ser futuramente analisadas conjugando não só

Conclusões

a redução dos impactes ambientais como também viabilidade tecnológica e económica. No que diz respeito à redução dos encargos ambientais associados à propulsão navio, esta deve ser explorada através de planos de otimização adequados ou por alterações futuras nos equipamentos (embarcações e motores) que poderá incluir, nomeadamente, o melhoramento da eficiência e eficácia energética e/ou a utilização de combustíveis alternativos. Durante o processamento da sardinha para produção de conservas, algumas das potenciais melhorias são: reduzir a utilização de conservante no produto; minimizar as perdas durante o seu processo; substituir as embalagens de alumínio por embalagens de outro material com menores impactes ambientais. Vários estudos têm sido feitos com o objetivo de encontrar materiais alternativos para embalar os alimentos em conserva (Løkke e Thrane, 2008; Hospido et al., 2006), sugerindo o uso de embalagens de plástico em vez de latas de alumínio. Todavia, esta alternativa não parece viável para a sardinha, que é difícil de preservar, podendo no entanto, um frasco de vidro ser uma alternativa interessante a analisar (Vázquez-Rowe et al., 2014).

Referências

Referências

Althaus, H., Bauer, C., Doka, G., Dones, R., Hischier, R., Hellweg, S., et al. (2009) Implementation of life cycle impact assessment methods. Ecoinvent database v 2.2. Swiss Centre for Life Cycle Inventories. Dübendorf, Switzerland.

Castro e Melo (2010) A indústria Conserveira em Portugal: constrangimentos, oportunidades, desafios e inovação. ANICIP, http://www.drapc.min- agricultura.pt/base/geral/files/castro_e_melo_anicp.pdf (consultado a fevereiro de 2014).

COWI (2000) Cleaner Production Assessment in Fish Processing. Consulting Engineers and Planners AS, Denmark.

DGPA (2007) Plano estratégico nacional para a pesca 2007-2013. Direção Geral das Pescas e Aquicultura, Lisboa.

DGPA (2011) Pesca - Frota e Recursos: Artes de Pesca. Direção Geral das Pescas e Aquicultura, Lisboa.

DGPA (2011) Recursos da Pesca. Série estatística Volume nº 24 A-B, Ano 2010, Direcção Geral das Pescas e Aquicultura, Lisboa.

DGRM (2012a) Plano de Gestão para a pesca da sardinha (2012-2015), Lisboa.

DGRM (2012b) Recursos de Pesca. Série Estatística Volume nº 24 A-B, Ano 2011, Direcção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Lisboa.

DGRM (2013) Recursos de Pesca. Série Estatística Volume nº 25 A-B, Ano 2012, Direcção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Lisboa.

DGRM (2014), http://www.dgrm.min-agricultura.pt/xportal (consultado em fevereiro 2014).

Docapesca (2013) Datapescas, janeiro a dezembro 2012, Nº 95.

EMEP/EEA (2013) EMEP/EEA air pollutant emission inventory guidebook 2013. Technical report No.12/2013. European Environment Agency, Luxemburg, http://www.eea.europa.eu/publications/emep-eea-guidebook-2013 (consultado em fevereiro 2014).

European Commission (2012) Fleet Register On The Net (FRONT) v 6.5.6 RC1(r935), http://ec.europa.eu/fisheries/fleet/index.cfm?method=Search.SearchAdvanced&countr y=PRT (consultado em fevereiro de 2014).

FAO (2014) Fishery and Aquaculture statistics - FAO yearbook 2012. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Roma.

Referências

Goedkoop, M., Heijungs, R., Huijbregts, M., De Schryver, A., Struijs, J., Van Zelm, R. (2009). ReCiPe 2008: A Life Cycle Impact Assessment method which comprises haminises category indicators at the midpoint and endpoint level, first ed. (version 1.08), Report I: Characterisation. http://www.lcia-recipe.net (consultado a fevereiro de 2014).

Guinée, J., B., Gorrée, M., Heijungs, R., Huppes, G., Kleijn, R., de Koning, A., van Oers, L., Wegener, A., Suh, S., Udo de Haes, H., A. (2001). Life Cycle Assessment. An Operational Guide to the ISO Standards. Centre of Environmental Science, Leiden, The Netherlands. Hospido, A., Tyedmers,P. ( 2005) Life cycle environmental impacts of Spanish tuna fisheries. Fisheries Research, Vol.76, pag. 174–86.

Hospido, A., Vazquez, M. E., Cuevas, A., Feijoo, G. and Moreira, M. T. (2006) Environmental assessment of canned tuna manufacture with a life-cycle perspective. Resources, Conservation and Recycling, Vol. 47, pag. 56–72.

IPCC (2006). Greenhouse gas inventories (2006). IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Volume 4, Chapter 10 and 11. http://www.ipcc- nggip.iges.or.jp/public/2006gl/index.html (consultado a fevereiro de 2014).

INE (2012) Estatísticas da Pesca 2011. Instituto Nacional de Estatística, I.P., Lisboa Iribarren, D., Hospido, A., Moreira, M. T., and Feijoo, G. (2010) Carbon footprint of canned mussels from a business-to-consumer approach. A starting point for mussel processors and policy makers. Environmental Science & policy, Vol. 13, pag. 509–521. ISO 14040 (2006). Environmental Management - Life Cycle Assessment - Principles and Framework. Second ed. Geneva, Switzerland.

Løkke, S. and M. Thrane (2008) Alternative packaging materials & design criteria to canned food: The case of mackerel from sea to table. Paper presented at Life CycleApproach to ClimateChange, 20–21 May, Fredrikstad, Norway.

MADRP-DGPA (2006) Plano Estratégico Nacional para a Pesca 2006-2013. http://www.gpp.pt/ambiente/PROT/OVT/doc/PEN_Pescas.pdf (consultado a fevereiro de 2014).

Nijdam, D., Rood, T. ae Westhoek, H. (2012) The price of protein: Review of land use and carbon footprints from life cycle assessments of animal food products and their substitutes. Food Policy, Vol. 37, pag. 760–770.

PE International (2014), http://www.gabi-software.com/international/software/ (consultado a fevereiro de 2014).

Pelletier, N.L., Ayer, N.W., Tyedmers, P.H., Kruse, S.A., Flysjo, A., Robillard, G. (2007) Impact categories for life cycle assessment research of seafood production systems: review and prospectus. International Journal of Life Cycle Assessment, Vol.12, pag.414– 421.

Referências

Documentos relacionados