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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

6.1 Conclusões e considerações finais

O objetivo desta dissertação foi a análise da viabilidade econômica da produção de péletes produzidos a partir de biomassa oriunda de florestas de pinus, na região do Contestado, em Santa Catarina. Os péletes produzidos seriam destinados ao mercado europeu. Por isso, a matéria-prima deve provir de florestas certificadas e os péletes devem atender padrões para o uso irrestrito em sistemas de aquecimento nos setores residencial e comercial. O objetivo proposto foi cumprido.

Na avaliação dos custos foram consideradas hipóteses que aproximam as situações analisadas da realidade em cada uma das fases da produção: da biomassa, do pélete e o transporte até o destino final, que foi assumido com sendo Roterdã, na Holanda. Por exemplo, foram considerados a remuneração do capital investido, o custo de oportunidade da terra, os custos diretos e indiretos da certificação e os custos da secagem da biomassa. Na análise, para explorar os efeitos de escala na fase industrial, foram assumidas três capacidades de produção. Os custos de produção foram comparados com os de situações similares na Europa, e conclui- se que os custos no Brasil são iguais ou mesmo menores, apesar do maior custo da biomassa e da maior tarifa de energia elétrica.

Os custos da certificação representam pouco em relação aos custos de produção e eles não impactam negativamente a viabilidade da exportação. Ao contrário, a certificação da produção florestal e o atendimento de padrões técnicos – aspecto que também precisa ser certificado – são condições para se ter acesso ao mercado europeu, principalmente nos setores residencial e comercial.

Da mesma forma, os custos da secagem tampouco são determinantes e não reduzem a viabilidade da produção de péletes visando a exportação. Entretanto, essa componente de custos pode ser reduzida, o que impactaria a viabilidade. Por outro lado, quando do emprego de árvores inteiras, não secar a biomassa torna difícil o cumprimento dos padrões técnicos associados ao produto final.

Já a viabilidade econômica da produção péletes em Santa Catarina, tendo por referência os preços médios históricos pagos em Roterdã, é prejudicada quando o transporte

marítimo é feito através de contêineres. Na análise baseada no Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), por exemplo, em nenhum arranjo produtivo em que o transporte seria feito por contêineres foi verificada viabilidade econômica. Isso por causa dos custos do transporte, mas também porque a forma de transporte está associada à produção industrial em menor escala.

Oito situações de referência foram estudadas, sendo que duas correspondem aos arranjos produtivos em que o transporte seria feito por contêineres, acima mencionados. Para os seis demais casos de referência, com transporte dos péletes a granel, foi feita uma análise de sensibilidade prévia, com seis variações em cada caso. Dentre as 36 situações analisadas, 20 apresentaram viabilidade.

Uma análise de viabilidade mais detalhada foi feita, com foco no estudo do impacto de três aspectos determinantes: preço de venda dos péletes na Holanda, taxas de câmbio, que tanto impactam a receita quanto os custos do transporte marítimo, e os custos de produção de biomassa. Conclui-se que haveria viabilidade para a produção de péletes em unidades industriais de maior porte (o caso estudado foi de uma planta com capacidade nominal de 10 t/h, operando em regime contínuo), uso de madeira que seria produzida com gerenciamento florestal para uso energético, e transporte a granel, em navios de maior porte (o caso estudado foi o de uso integral da capacidade de navios de 50.000 toneladas). Assim, cabe evidentemente o questionamento de se é possível produzir para o carregamento contínuo de navios com tal capacidade.

Nos municípios da Região do Contestado, em Santa Catarina, já há plantio de pinus em quantidade suficiente para a produção de péletes, que permitiria a exportação em navios graneleiros de maior porte. De acordo com os resultados da avaliação feita, mesmo com os custos de armazenamento no porto (supondo que esses são equivalentes aos de armazenamento de grãos), haveria margens positivas. Então, o suprimento de madeira não seria, em princípio, uma restrição.

O transporte tem peso significativo nos custos finais dos péletes exportados, afetando a competitividade da comercialização, por exemplo, em Roterdã. Nesse sentido, é importante analisar como os fretes marítimos variam ao longo do ano e como os custos de estocagem, desembaraço da carga e do transporte em si podem ser reduzidos. Tal aspecto é evidenciado pela estratégia de grandes comercializadores de péletes, nos Estados e Canadá, que operam terminais portuários específicos, e usam navios de grande porte exclusivamente para o transporte de péletes.

6.2 Sugestões para a continuidade da pesquisa no tema

Uma vez que foi identificada a relevância do custo da biomassa e sabe-se da importância da adoção das melhores práticas florestais, deve-se avaliar a produtividade e os custos de produção em áreas florestais com maiores densidades populacionais, visando à obtenção de maiores rendimentos no primeiro desbaste e/ou no corte raso.

Da mesma forma, em função da importância do processo de secagem, deve-se avaliar alternativas que resultem em maior eficiência energética do processo de secagem, capacidades alternativas que resultem em menores custos unitários, uso de resíduos para minimizar o uso de madeira nobre como combustível, bem como o impacto de etapas de pré-processamento.

No caso do abastecimento elétrico, é conveniente considerar a cogeração de energia elétrica e calor – por exemplo. Nesse caso, uma questão fundamental é determinar o porte mínimo da unidade industrial para que haja viabilidade da implantação de sistemas de cogeração.

Finalmente, cabe destacar que, embora não fosse o objetivo desta dissertação, é importante avançar na análise de viabilidade da produção de péletes visando o mercado brasileiro e, sobretudo, o mercado regional no Sul e Sudeste do Brasil.

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