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6. Estudo de impacto junto da comunidade de professores de Ciências

6.3. Conclusões do estudo

Os casos dos professores analisados neste estudo revelam uma variedade de situações relativamente ao impacto que as TIC e em particular o Ensino a Distância possa ter ou tem na sala de aula.

Posicionamento actual dos professores participantes relativamente às TIC

Existem situações de satisfação com o modo como se processa a integração das TIC e em particular o Ensino a Distância na sala de aula.

Os casos em que afirmaram abertamente que têm uma boa relação com as TIC parecem assentar, sobretudo na boa capacidade de relacionamento pessoal quer com alunos quer com os colegas (Carolina, João Paulo e Pedro). Os casos em que a integração se realiza com dificuldades têm, por um lado correspondência com uma visão mais “conservadora” do ensino, apesar de curiosa (Laura) e por outro o facto de só agora começar a despertar para mais esta ferramenta ao dispor do professor (Gabriela). Ainda existe o caso de quem, reconhece que tem falta de formação (Isabel).

Grau de eficácia da introdução do computador na prática pedagógica

Todos os professores reconhecem esta introdução como uma mais valia. Os professores que mais vezes recorreram a esta ferramenta, com os alunos em sala são os que referem que o grau de eficácia é elevado, visto que reconhecem que vai de encontro às motivações dos alunos (Carolina, João Paulo e Isabel). Há que reconheça eficácia, mas a quem “assusta” esta nova abordagem, pois se não for bem conduzida pelo professor pode levar há desmotivação do aluno (Pedro). Apesar de reconhecer eficácia, prefere realçar as condicionantes que uma abordagem deste tipo possa conseguir com os alunos (Gabriela).

A acção de formação

A experiência de realizar uma acção de formação com componente a distância é para repetir, na maioria dos casos (Carolina, João Paulo, Isabel, Pedro). Com esta acção de formação o leque de actividades a desenvolver com os alunos fica mais rico, nomeadamente com a possibilidade de utilizar Webquest’s (Carolina, João Paulo, Isabel, Pedro). Contribuiu para responder a alguns problemas dos professores (Isabel). Serviu como ponto de partida para os professores colocarem a criatividade em prática e para desmistificar a utilização das ferramentas a distância como algo muito complicado e só acessível a alguns professores (Carolina, João Paulo, Pedro, Isabel). Houve professores para quem a frequência na acção de formação teve como principal motivação a possibilidade de recolherem no seu final “o crédito” para a progressão na carreira, pois reconhecem que o professor há-de ser sempre um auto-didacta (Laura e Gabriela).

Constrangimentos da aplicação concreta na sala de aula destas ferramentas

É unânime que a falta ou as condições deficientes dos equipamentos informáticos é um dos grandes constrangimentos à utilização das TIC e em particular o Ensino a Distância na sala de aula (Carolina, João Paulo, Laura, Pedro, Isabel, Gabriela). Esta falta de equipamentos informáticos pode ser uma frase feita para que grande parte dos professores se mantenha em estado de inércia (Isabel). A burocracia existente nas escolas, por exemplo, no acesso ao equipamento tecnológico também surge nesta lista (João Paulo). A falta de ligação entre os conteúdos programáticos com a vida quotidiana também foi referida como constrangimento (Pedro). Por último, a resistência à mudança por parte dos professores associada a alguma falta de formação é também apontada (Isabel).

Avaliação do trabalho produzido na disciplina

Os professores que participaram neste estudo tinham já pelo menos uma experiência com a utilização das TIC na sala de aula, e as posições são unânimes em revelar que é razoável na medida em que já utilizam, mas têm a noção que muito terreno ainda há pela frente, até atingirem os seus objectivos. Professores com um espírito mais arrojado e com experiências de interdisciplinaridade (João Paulo). Professores com experiências extra- curriculares (Pedro). Professores que começaram no estágio a utilizar estas ferramentas (Carolina e Isabel) e também professores em que experiências anteriores não foram bem sucedidas por falta de condições na escola (Gabriela).

De realçar que após a conclusão da acção de formação todos os professores se sentiam mais satisfeitos por constatar que inovar e tornar as suas aulas mais motivadoras para os alunos, não é algo de transcendente e os resultados podem valer a pena.

O futuro das TIC no ensino

Se, relativamente aos constrangimentos houve alguma unanimidade, no que diz respeito ao futuro das TIC e em particular do Ensino a Distância na escola isso não se verifica. Sensibilizar os professores com mais acções de escola, promovidas por investigadores mostrando a vanguarda da investigação na área das TIC no ensino foi o ponto de partida (Carolina). A constante falta de tempo dos professores, foi algo referido também como podendo afectar o futuro das TIC no ensino (Gabriela). A parca capacidade de investimento das escolas pode limitar o futuro (João Paulo). Há quem veja as escolas sob a tutela das autarquias e as TIC podem beneficiar com isso, uma vez que permite mais projectos em colaboração entre a escola e a sociedade (Laura). O desenvolvimento tecnológico imposto pela sociedade, vai fazer com que a escola se modernize e a “obrigue” a actualizar-se (Isabel). Por último, no futuro usar as TIC e o computador será tão banal e generalizado como hoje se usa um papel e uma caneta (Pedro).

Em suma, as dificuldades de integração das TIC e em particular ferramentas do Ensino a Distância na sala de aula, não devem ser apenas associadas a um só factor. Podemos destacar alguns como:

 O papel que os professores querem e podem assumir neste novo século;

 A política educativa;

 A cultura das escolas;

 A formação inicial de professores de ciências que se pratica nas universidades em Portugal.

Finalmente, temos que considerar as características pessoais destes professores. Não basta que nas faculdades, durante a formação inicial, existam disciplinas que os ajude a lidar com as TIC, que tenham um estágio numa escola que lhes proporcione todas as condições, que as escolas onde leccionem lhes coloque um computador por aluno, é necessário que os professores estejam decididos a investir pessoalmente no seu trabalho e se identifiquem coma profissão.

Os professores deste estudo revelam, apesar das diversas dificuldades, um significativo gosto pela sua profissão. Revelam uma atitude de empenhamento na sua formação e na procura de informação relevante para a sua actividade docente.