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CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES DO ESTUDO

5.1 Conclusões gerais

Importa recordar que se trata de um estudo de caso contextualizado na temática da integração das TIC em educação, que se focalizou na identificação de competências TIC dos alunos, em dois contextos distintos: (i) contexto informal de aprendizagem (fora da escola e na escola fora das aulas) e (ii) contexto formal de aprendizagem (na escola nas aulas). O estudo realizou-se numa escola secundária, em Aveiro, onde a disciplina de TIC apenas existe no 10º ano de escolaridade dos Cursos Profissionais. Considerou como intervenientes, alunos de três turmas do 10º ano dos Cursos Científico-Humanísticos, alunos de três turmas do 10º ano dos Cursos Profissionais e professores das seis turmas envolvidas. O objectivo deste estudo foi identificar como são utilizadas as TIC pelos alunos.

Procurou-se dar resposta às questões de investigação. As competências de utilização das TIC foram definidas analisando-se actividades realizadas por alunos e por professores, cuja percentagem de utilização tenha sido de pelo menos 30%, por considerar-se uma percentagem representativa.

Competências de utilização das TIC de Alunos do Ensino Secundário Um estudo de caso

175 Q1: Que competências de utilização das TIC desenvolvem os alunos do ensino secundário em contextos informais de aprendizagem?

As competências de utilização das TIC que os alunos do ensino secundário desenvolvem em contextos informais de aprendizagem relacionam-se com a utilização dos recursos do Office, com a exploração da internet com fins escolares, com a utilização da Web 1.0, com a utilização da Web 2.0 e 3.0 e com a utilização de outros programas/aplicações que não integram os grupos de actividades anteriores. Neste sentido identificaram-se as principais competências TIC dos alunos que se apresentam de acordo com a familia/grupo de actividades referidas anteriormente: Globalmente, no âmbito das actividades do Office os alunos (i) processam texto, (ii) criam apresentações electrónicas, (iii) fazem tratamento de dados e (iv) organizam e gerem bases de dados. Quanto à exploração da internet com fins escolares os alunos possuem competências para (i) comunicar utilizando correio electrónico ou aplicativos de chat, como o Messenger ou o Skype, (ii) aceder a material disponibilizado pelos professores utilizando plataformas de ensino a distância, como o moodle e (iii) e disponibilizar/enviar trabalhos de âmbito escolar. Em relação às competências de utilização da Web 1.0 os alunos sabem (i) pesquisar informação, (ii) comunicar (conforme referido no item da exploração da internet com fins escolares), (iii) construir páginas web e (iv) fazer downloads e uploads de ficheiros em sites próprios. Os alunos não fazem compras nem acedem a serviços como o Ebay ou o Amazon. Relativamente à capacidade de utilizarem os recursos da Web 2.0 e 3.0, os alunos referiram uma variedade de actividades que realizam com frequência: (i) participam em comunidades/redes sociais/grupos, como o Myspace, o Hi5 e o Fotolog, (ii) participam em blogues, (iii) criam e fazem manutenção de blogues, utilizando por exemplo o Wordpress e o Blogger, (iv) partilham imagens/fotografias, utilizando redes sociais como o Hi5 e o Flicker, e (v) partilham vídeos, utilizando o Youtube. Partilhar e editar colaborativamente ficheiros, utilizando o Google Docs, por exemplo, e editar colaborativamente, utilizando wikis, são actividades que apenas umas minoria dos alunos parece saber fazer. Quanto à capacidade de utilizar o social bookmarking, a subscrição de feeds rss e participar em mundos virtuais, parece ser incipiente. Relativamente à utilização de outros programas/aplicações, os alunos parecem ter a capacidade de (i) utilizar software educativo, (ii) editar e tratar imagens/fotografias, (iii) editar e tratar vídeo e (iv) jogar.

De uma forma geral todos os alunos realizam actividades relacionadas com o Office, exploram a internet com fins escolares, realizam actividades diversificadas no âmbito da Web 1.0, da Web 2.0 e 3.0, sabem jogar, utilizar software educativo e aplicativos que permitem a edição e o tratamento de imagens e de vídeos.

Contrastando resultados obtidos junto dos alunos dos Cursos Científico- Humanísticos e dos Cursos Profissionais, os alunos dos cursos para prosseguimento de estudos parecem apresentar mais competências na utilização das TIC. Esta conclusão emerge do facto destes alunos considerarem que realizam as actividades indicadas com maior frequência e assinalarem, de uma forma geral, maior familiaridade na realização das mesmas. Tal não significa que estes alunos tenham na realidade desenvolvido mais competências TIC, mas indicia maior confiança na utilização das mesmas, relativamente aos alunos dos Cursos Profissionais.

Q2: Em que medida as competências de utilização das TIC pelos alunos são potenciadas em contextos educativos formais de aprendizagem?

Contrastando as competências TIC dos alunos com as actividades desenvolvidas em contextos formais de aprendizagem (sala de aula) pelos professores, conclui-se que, de uma forma geral os professores apenas potenciam algumas competências. No âmbito do Office realizam actividades de processamento de texto e criação de apresentações electróncias. No domínio da exploração da internet com fins escolares, apenas promovem a comunicação, utilizando o correio electrónico e aplicações de chat e a disponibilização/envio de trabalhos de âmbito escolar. Quanto à Web 1.0 potenciam a pesquisa de informação e novamente a comunicação. Promovem ainda actividades de utilização de software educativo. No âmbito da Web 2.0 e 3.0 não desenvolvem actividades.

Ao cruzar-se resultados obtidos dos professores dos dois cursos, verifica-se que os professores dos Cursos Profissionais diversificam mais as actividades que desenvolvem com os alunos, em sala de aula, potenciando mesmo a realização de algumas actividades no âmbito da Web 2.0 e 3.0.

Competências de utilização das TIC de Alunos do Ensino Secundário Um estudo de caso

177 Estas conclusões reforçam as de outros estudos (por exemplo, Mediappro, 2006, CE., 2008, Conole et al., 2008, BECTA, 2008) indiciando uma utilização das TIC mais frequente e diversificada, fora da escola do que na escola. Mostram também que as ferramentas Web 2.0 são pouco exploradas na escola em estudo. Nos Cursos Científico-Humanísticos a diferença entre a utilização das TIC fora da escola e na escola é marcante, “apesar da crescente aposta no apetrechamento das escolas que

sendo condição necessária não é suficiente para uma efectiva integração das TIC em contextos educativos formais” (Loureiro, Pombo, Barbosa e Brito, 2009).