CAPITULO IV – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
4.3 Pontos de convergência e de divergência (cruzamento dos resultados)
4.3.7 Familiaridade com as TIC
Nesta apresentação dos resultados do ítem da familiaridade com as TIC, foram assinaladas as duas actividades que apresentaram as percentagens mais elevadas no indicador faço muito bem.
a. Familiaridade. Actividades do Office
Alunos Professores
De uma forma global, todos os alunos referiram estar familiarizados e aptos a realizar actividades no âmbito do Office
Os alunos dos Cursos C-H indicaram estar ligeiramente familiarizados com estas actividades que os alunos dos Cursos P
As actividades que os alunos de ambos os cursos referiram estar mais familiarizados foram processar texto e apresentações electrónicas
Os professores de ambos os cursos indicaram estar familiarizados com as actividades do Office
Os professores dos Cursos P indicaram estar mais familiarizados com estas actividades que os dos Cursos C-H
As actividades que os professores referiram estar mais familiarizados foram idênticas às dos alunos
Contrastando os resultados obtidos junto de alunos e de professores, verifica-se que os alunos se sentem mais à vontade com os aplicativos do Office que os professores, apesar das diferenças se registarem sobretudo ao nível do tratamento de dados e da organização de bases de dados.
b. Familiaridade. Exploração da Internet (com fins escolares)
Alunos Professores
A maiora dos alunos referiu explorar muito bem a internet com fins escolares
As actividades que os alunos dos
A maioria dos professores está familiarizada com a exploração da internet com fins escolares
Competências de utilização das TIC de Alunos do Ensino Secundário Um estudo de caso
157 Cursos C-H referiram estar mais
familiarizados foram comunicar com os professores e aceder a material disponibilizado pelos professores As actividades que os alunos dos
Cursos P referiram estar mais familiarizados foram comunicar com os professores e enviar/disponibilizar trabalhos de âmbito escolar
De uma forma geral os alunos dos Cursos C-H referiram estar mais familiarizados com estas actividades que os alunos dos Cursos P
de ambos os cursos referiram estar mais familiarizados foram idênticas às assinaladas pelos alunos dos mesmos cursos
De uma forma geral os professores dos Cursos P referiram estar mais familiarizados com estas actividades que os professores dos Cursos C-H
c. Familiaridade. Exploração da Internet (Web 1.0)
Alunos Professores
Globalmente, os alunos dos Cursos C-H indicaram estar mais familiarizados com a exploração da Web 1.0 que os alunos dos Cursos P
As actividades que os alunos de ambos os grupos referiram estar mais familiarizados foram pesquisar informação e comunicar com amigos, colegas e familiares
O que os alunos referiram menos saber fazer foi comprar e aceder a serviços online
De uma forma geral os professores dos Cursos P referiram estar mais familiarizados com estas actividades que os professores dos Cursos C-H Comparando com os alunos,
ambos os grupos de participantes parecem estar mais familiarizados com o mesmo tipo de actividades: pesquisar informação e comunicar com colegas, amigos e familiares A actividade que os professores
referiram estar menos confiantes a realizar foi igual à assinalada pelos alunos
d. Familiaridade. Exploração da Internet (Web 2.0 e 3.0)
Alunos Professores
Os alunos dos Cursos C-H referiram estar mais familiarizados com os recursos da Web 2.0 e 3.0 que os alunos dos Cursos P
As actividades mais referidas pelos alunos dos Cursos C-H foram a partilha de imagens/fotografias e a participação em comunidades/redes sociais
As actividades mais referidas pelos alunos dos Cursos P foram a partilha de imagens/fotografias e a partilha de vídeos
As actividades que os alunos de ambos os grupos referiram estar menos familiarizados relacionam-se com o social bookmarking, a subscrição de feeds Rss e a participação em mundos virtuais
Os professores que leccionam os Cursos P referiram estar mais familiarizados com a exploração de ferramentas da Web 2.0 e 3.0 do que os professores dos Cursos C-H
As ferramentas da Web 2.0 e 3.0 que os professores de ambos os grupos referiram estar mais familiarizados foram as que permitem a participação em redes sociais e a participação em blogues
A maioria dos professores parece desconhecer as possibilidades de edição colaborativa, do social bookmarking, dos Feeds Rss e dos mundos virtuais
Comparando os resultados obtidos pelos professores e pelos alunos, verifica-se que são os alunos que sentem maior confiança na realização destas actividades. Exceptua-se a participação (ler/comentar) em blogues.
Competências de utilização das TIC de Alunos do Ensino Secundário Um estudo de caso
159 e. Familiaridade. Outros programas/aplicações
Alunos Professores
De uma forma global, os alunos dos Cursos C-H referiram estar mais familiarizados com estas actividades que os alunos dos Cursos P
As actvidades que ambos os grupos de alunos referiram estar mais familiarizados foram utilizar software educativo e jogar
De uma forma global, os professores dos Cursos P referiram estar mais familiarizados com estas actividades que os professores dos Cursos C-H Contrastando com os resultados
obtidos pelos alunos, verifica-se que ambos os grupos se sentem familiarizados com a utilização de software educativo e com a edição e tratamento de imagens/fotografias, no entanto os alunos responderam ainda estar familiarizados com os jogos.
De uma forma geral, é visível que os alunos dos Cursos C-H estão mais familiarizados com as TIC que os alunos dos Cursos P. Globalmente, os alunos dos cursos vocacionados para o prosseguimento de estudos (Cursos C-H), são alunos que utilizam o computador e a Internet há mais tempo, que possuem melhor equipamento inormático e que, em princípio, têm condições socioeconómicas mais favoráveis, o que poderá influenciar a sua familiaridade com a utilização das tecnologias. Paiva (2003, p.28) refere que “o aumento de IDS é, sem excepção, sinal de maior frequência de
utilização de actividades digitais, o que seria de esperar uma vez que os equipamentos aumentam à medida que progredimos para valores de IDS mais altos”.
Contudo, a associação linear entre o referêncial socioeconómico dos alunos e a familiaridade com as TIC é posta em causa por Pedró (2006, p.9) que refere que “The
rather reasonably expected association between ICT usage and socio-economic status – the higher the status, the more intense and varied the use - cannot be sustained by available evidence”, pelo que a referência de que os alunos dos Cursos C-H estão
mais familiarizados com as TIC do que os alunos dos Cursos P, pode não estar apenas relacionada com a condição socieconómica dos mesmos.
De uma forma geral, as actividades que os alunos de ambos os cursos referiram estar mais familiarizados são idênticas e fundamentalmente de carácter individual. Exceptua-se a participação em redes sociais e a partilha de imagens/fotografias. A explicação para a preferência de actividades de cariz individual é indicada por Luckin
et al. (2008), que refere que as actividades de natureza colaborativa são preteridas às
de natureza individual, evidência que pode relacionar-se com o tipo de actividade que normalmente desenvolvem em sala de aula - de carácter individual. Contudo, apesar de se tratar de uma actividade social colaborativa, a participação em comunidades/redes sociais/grupos aparece no conjunto das actividades assinaladas pelos alunos como mais familiares. Esta ocorrência pode surgir do facto da comunicação com amigos ser uma prioridade, que pode ser fortemente facilitada por esta tecnologia. Segundo BECTA (2008) “Over 74 per cent of participants have at least
one social network site account, and the use of email and instant messaging is almost ubiquitous”. Quanto à partilha de imagens/fotografias, trata-se de uma actividade
intimamente relacionada com a participação nas redes sociais, o que poderá ser motivo para constar do grupo das actividades referidas como mais familiares pelos alunos.
As actividades em que os alunos de ambos os cursos referiram estar menos familiarizados foram: (i) aceder a compras e serviços, (ii) utilizar social bookmarking, (iii) subscrever feeds Rss, e (iv) a editar colaborativamente. Estes resultados foram encontrados pela análise dos indicadores “sei o que é mas não sei fazer”, “não sei o
que é” e “sei o que é”. Segundo Luckin et al. (2008), Digital consumers are more prevalent than digital producers justificando a reduzida utilização de recursos mais
sofisticados da Web 2.0 por parte dos alunos. O mesmo autor acrescenta que são poucos os alunos que se sentem atraídos pelas actividades Web 2.0 mais sofisticadas, como produzir e publicar conteúdos para consumo de outros pois, para estarem motivados para publicação é necessário primeiro perceberem que lhes é útil (a eles e aos outros). No entanto, segundo o mesmo autor, a falta de motivação não é o único entrave. O reduzido conhecimento técnico e de competências pode igualmente constituir um impedimento à publicação online: “and there is evidence that learners
may lack the technical knowledge and skills needed for production” (Luckin et al. ,2008,
p.4). Contrariar estes obstáculos pode passar por encorajar o uso das actividades Web 2.0 no ensino formal. Aqui os professores devem ter um papel importante, visto que, como indica Paiva (2003, p.71) “são promotores das aptidões tecnológicas dos alunos,
Competências de utilização das TIC de Alunos do Ensino Secundário Um estudo de caso
161 Globalmente os professores dos Cursos P referiram estar mais familiarizados com as TIC que os professores dos Cursos C-H. Conforme referido anteriormente, pode estar relacionado com a idade dos professores e com o processo de formação na área das TIC: conforme resultados dos inquéritos aos professores, os dos Cursos P são mais jovens que os dos Cursos C-H e a sua iniciação em informática foi essencialmente por auto-formação (Figuras 28 e 33).
As actividades que os professores assinalaram estar mais familiarizados foram idênticas para os dois grupos de professores em análise e coincidem com as actividades referidas pelos alunos. Exceptua-se a participação em blogues, assinalada pelos professores, e os jogos, assinalado pelos alunos.
Comparativamente verifica-se que os alunos, de uma forma global, se sentem mais confiantes na utilização das TIC que os professores, sobretudo no que respeita às actividades do Office (excepto no processamento de texto) e à utilização da Web 2.0 e 3.0. Neste caso especifico, para todas as actividades da Web 2.0 e 3.0 os alunos dos Cursos C-H referiram estar mais familiarizados que os professores dos mesmos cursos. Contudo a comparação de resultados entre alunos e professores dos Cursos P não foi tão linear, tendo mesmo sido assinalado em algumas actividades, uma maior familiaridade por parte dos professores.
4.3.8 Frequência de utilização das TIC, em três contextos: na escola nas