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7. CONSIDERAÇÕES GERAIS

7.1. Conclusões Gerais

Face à actual envolvente, as mudanças em educação vão continuar a acontecer de forma massiva no futuro próximo. Apesar da estabilidade dos sistemas educativos, as transformações sociais, culturais, científicas e tecnológicas vão-se introduzir inevitavelmente por todas as “aberturas” da instituição escolar. Se a mudança é inevitável, é necessário que as escolas sejam capazes de exercer a sua actividade adoptando novas configurações e novos paradigmas de gestão para assegurar o seu sucesso e a qualidade do ensino.

Neste contexto, numa perspectiva de mudança de paradigmas ao nível da gestão das escolas e num quadro reformista do sistema educativo, tem vindo a verificar-se a implementação de novos modelos de administração, direcção e gestão das escolas e, em simultaneidade circunstancial e conjuntural, desenvolvendo-se um processo de autonomização das escolas.

Porém, a euforia que varreu transversalmente toda a sociedade, não permitiu que a busca de novas soluções fosse feita de uma forma calma e “pacífica” sendo, muitas vezes, sacrificado o interesse colectivo em favor dos interesses de alguns. Deste modo, o sistema educativo, a prática educativa e a organização das escolas continuam a mostrar-se incapazes de se adaptarem às transformações sociais, culturais e económicas. As mudanças que constantemente ocorrem nas organizações de educação abarcam diversos domínios, desde o político ao social, incluindo o profissional. Numa sociedade cada vez mais exigente e mais crítica, competências adequadas e flexíveis são indispensáveis para assegurar a necessária adaptação e o ajuste permanente ao presente crítico e ao futuro incerto de qualquer organização.

Nos últimos vinte anos, em Portugal, tanto a política dos governos como a investigação da administração educacional têm dedicado particular atenção às políticas educativas no domínio da descentralização educativa, da autonomia e gestão das escolas. O recente quadro de autonomia, para o qual foram mobilizadas todas as escolas do nosso país, e que se encontra há vários anos em prática em muitos outros países, tem vindo a enfatizar a necessidade de fazer acompanhar os processos de autonomia com dinâmicas rigorosas de avaliação e prestação de contas à comunidade.

Nesta conjuntura, destaca-se o processo reformista ocorrido no campo da administração educacional e, em particular, ao nível da gestão das escolas, considerando que a Escola enquanto organização apresenta uma especificidade e complexificação muito própria e que a educação é demasiado delicada na sua essência, no plano do suporte axiológico, na dimensão e finalidade social, e portanto uma instituição social demasiado importante para se deixar ao arbítrio de um qualquer decisor/gestor.

A gestão, como todas as outras áreas do conhecimento, tem evoluído ao longo do tempo, assistindo-se, nos últimos anos, a um conjunto de mudanças que enriqueceram e contribuíram para o estudo, conceptualização e desenvolvimento das organizações.

Nesta conjuntura, a presente investigação propôs-se analisar o modelo de gestão (democrático) existente numa com escola autonomia contratualizada e a sua dinâmica funcional, com o objectivo final de identificar os pontos fortes e fracos e as similitudes com as fases de um modelo de gestão estratégica e fundamentar a formação específica do director/gestor escolar.

Assim, começou-se por definir o objecto de estudo e por delinear uma estrutura para o mesmo, procurando que a investigação desse resposta à problemática inicialmente definida.

Após a revisão da literatura, fez-se um enquadramento normativo e da exploração dos modelos de gestão escolar, mais propriamente, a gestão democrática e uma abordagem aos referenciais conceptuais da área da gestão estratégica, e passou-se à parte empírica que enformou duas percepções com o objectivo de se obter respostas à questão central, formulada inicialmente.

Mostrou-se ao longo do trabalho, que numa perspectiva de mudança de paradigmas ao nível da gestão das escolas e num quadro reformista do sistema educativo, tem vindo a evidenciar-se a exigência da formação específica para o exercício das funções de director executivo, conforme legislação em vigor.

Com suporte no desenvolvimento teórico exposto e na sequência da investigação empírica realizada para obter respostas à questão: “Os Gestores escolares devem ser portadores de formação específica na dimensão pedagógica e no domínio da gestão técnica da escola?”, concluiu-se, pelos dados obtidos na primeira percepção, que o director/gestor escolar deve ser portador de formação relacionada com as vertentes pedagógica e técnica da gestão da escola, não obstante serem portadores de formação académica na área da gestão. Contudo, de salientar que é dada pouca relevância à

dimensão administrativa e financeira como parte integrante da gestão da escola e da responsabilidade do director executivo.

Para fundamentação da questão central e validação dos objectivos definidos, procurou-se encontrar respostas para um conjunto de questões direccionadas para a actuação do Presidente do Conselho Executivo da escola em estudo e consequente comparação com o modelo de gestão a referenciar.

Assim, o estudo de investigação presente revelou que os docentes, da escola em estudo, consideram que um director/gestor deve actuar de acordo com o desenvolvimento de um modelo de gestão estratégica e, consequentemente, contribui para o sucesso da escola e para a qualidade da mesma. Também, o Presidente do Conselho Executivo opina que os pressupostos da gestão estratégica são a essência na gestão de uma escola com autonomia contratualizada, permitindo a consolidação dos princípios instituídos no sistema educativo e referidos ao longo do trabalho.

Portanto, desta investigação fica realçada a importância da formação do director/gestor escolar mas em consonância com as suas competências e capacidades conceptuais, técnicas e interpessoais ou humanas. Salienta-se que, pelos resultados obtidos, mais propriamente, pela análise factorial realizada às variáveis em estudo, concluiu-se que a implementação da gestão estratégica nas escolas é fundamental mas exige uma adaptabilidade e flexibilidade por parte dos actores escolares e propriamente da figura do director/gestor, enquanto mentor de toda a mudança da escola, ou seja, nas vertentes cultural, institucional e organizacional.