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As novas tecnologias não são por si só um garante do bom funcionamento de um SAA, é preciso que todo o sistema se adeque às necessidades e o uso da mesma deve ser feito com consciência ambiental acima de tudo. A importância que o cadastro das redes de água assume para uma EG, significa que o seu conhecimento é peça fundamental na sua gestão. A informação detalhada e localização de cada elemento, ou a falta dele, significam melhor ou menor qualidade no produto e serviço. Um cadastro atualizado minimiza os danos e reduz os custos de manutenção, de reabilitação e construção. O G/Interaqua é uma mais-valia para o cadastro da rede de águas, porque é a partir do mesmo que se podem realizar as mais diversas tarefas, como a consulta, a edição, a analise, determinar a vida útil dos elementos, apoio nas decisões quando é necessário isolar troços de abastecimento e é fundamental na resposta ao regulador do setor. O registo cadastral atualiza-se á medido que a própria rede é alterada ou renovada.

O que resultou deste trabalho evidenciou o esforço por parte da autarquia (CMS) na implantação de medidas de controlo e monitorização da rede com o intuito de reduzir custos e melhorar o serviço, fruto de um investimento que está a decorrer. O investimento nas ZMC, em equipamentos e infraestruturas, vai permitir uma análise mais correta para futuros investimentos na rede, manutenção e operação da mesma. O município de Sesimbra ainda tem anomalias no SAA, como pressões desajustadas e operacionalidade baseada em antigos costumes pouco apoiado nas novas tecnologias.

Pelos indicadores reportados, através de o registo cadastral à ERSAR, nos últimos anos a rede de abastecimento tem sido alvo de grandes melhorias. Cerca de 95% da rede está cadastrada. Destes 95%, 65% está georreferenciada através dos acessórios a vista (válvulas de seccionamento, hidrantes, ramais domiciliários, etc.), sendo que as condutas enterradas são cadastradas por interpelação. Os outros 30 % têm todos os elementos (considerados necessários), georreferenciados por via de serem trabalhos novos. O SIG adquirido pela CMS é uma ferramenta indispensável para a gestão das águas, no entanto de início não foi percecionado assim. A UTGA não tem um técnico com formação específica em SIG e esta ferramenta durante algum tempo foi usada como um software CAD. O cadastro era desenhado sem ser georreferenciado.

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Com o decorrer deste trabalho, foi notório o empenho de uma equipe multidisciplinar que enfrenta um deficit de pessoal, mas que tem conseguido em unisse esforço, não só resultados que se considera muito positivos, como conseguiu captar e acabar com o ceticismo dos operacionais que andam no terreno principalmente nas ocorrências (roturas e falhas de abastecimento). Se de início o cadastro era visto com desconfiança, no último ano sem dúvida houve uma mudança. O cadastro é cada vez mais solicitado para ajudar nas operações de campo, da mesma forma que sempre que um operacional deteta alguma divergência ou falha entre o que esta no terreno e o que esta no cadastro, é o primeiro e reportar a situação. Tem-se construindo assim uma relação positiva com todo e sistema. A entidade gestora Câmara Municipal de Sesimbra, face aos bons resultados que está a obter, com a implementação de um SIG na rede de águas, preparasse para adquirir novas aplicações que promovam uma interligação total entre cadastro, serviços operacionais e gestão de clientes.

Este trabalho teve como base um cadastro que foi elaborado por uma entidade externa à Camara Municipal, a partir da qual foram introduzidas alterações e novos dados. O mesmo contribuiu para a atualização e adaptação da base de dados do SIG do SAA do Concelho de Sesimbra, usando dados cadastrais existentes como suporte e apoio, aumentando a fiabilidade dos mesmos, mantendo uma base SIG atualizada das infraestruturas e equipamentos, facultando informação e relatórios a outras partes interessadas e criou um modelo hidráulico EPANET do SAA. Ao nível da administração do G/Interaqua, foram modificados os quadros de classificação com novos atributos consoante as necessidades e as características do SAA do Município de Sesimbra. Na parte operacional do mesmo foi necessário corrigir alguns erros de desenho, provenientes de uma prática baseada em desenho técnico que não obedece ao rigor da georreferenciação, sendo um processo que continua em desenvolvimento.

Concluí que a versatilidade e capacidades do SIG ainda não estão suficientemente exploradas pela entidade gestora. Neste momento ainda são poucos os funcionários que sabem trabalhar em SIG. Considero que não é suficiente compartilhar, mas também se deve ensinar a trabalhar com essas informações, que de certo modo ainda são consideradas restritas. Até dar início a este trabalho, os dados dos elementos que constituem a rede de abastecimento que foram substituídos ou removidos

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definitivamente no terreno, eram apagados no cadastro, o que se veio a verificar que era um erro. As informações e o seu historial permitem perceber e apoiar decisões futuras. Perante este fato os elementos não ativos, não são apagados e vão continuar no cadastro. No decorrer deste trabalho foram também detetadas duas ocorrências de erro no G/Interaqua, devidamente reportadas a Aquasis. Uma delas é uma situação que ocorre quando se executa um relatório referente a troços de tubagem. Quando um elemento troço de tubagem tem o mesmo comprimento e é classificado com parâmetros iguais e esses parâmetros são os utilizados como filtro num determinado relatório, o G/Interaqua assume como um elemento em duplicado e não contabiliza duas vezes. A solução imediata adotada é que sempre que um relatório é executado, um dos parâmetros que tem de fazer parte do mesmo é o ID. O ID é um parâmetro único e diferente criado automaticamente para cada elemento novo. Assim fica garantido que todos os elementos são contabilizados. Outra ocorrência é o parâmetro “Data de digitalização” que é atribuído quando o elemento é desenhado que não é editável e não se altera. Mas detetei que quando um troço de tubagem é interrompido por outro, a data de digitalização assume o valor de outro campo “Data de atualização”. Esta situação não devia acontecer porque o elemento foi alterado numa data posterior e diferente da data em que foi criado a qual se deveria manter. Neste caso a solução foi criar um campo editável onde são colocados manualmente os dados. Estas situações se não forem devidamente acauteladas geram erros nos relatórios apresentando diferenças de valores para o mesmo número de elementos ou acessórios. Esta situação aguarda resolução definitiva por parte da Aquasis.

O uso do SIG no decorrer deste trabalho até o seu termino para alem das alterações das de classificação, a correção de práticas de desenho e deteção de anomalias no funcionamento do SIG, teve como contributo mais significativo para a EG a definição das ZMC, que desencadeou um processo de adoção de várias medidas, com implementação no terreno de órgãos para controlo de medição e pressão, contribuindo para reduzir os custos derivados das perdas de água.

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