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II. Sistemas de Abastecimento e Distribuição

2.4 Distribuição

Um sistema de distribuição de água é constituído por um conjunto de tubagens, conexões, reservatórios e bombas hidráulicas. Tem como função transportar a água até aos pontos de consumo (utilização) em condições, com qualidade, quantidade e pressão exigidas.

O sistema de distribuição faz parte das etapas do ciclo da rede de água potável que é composto por:

 Captação;

 Tratamento;

 Elevação;

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 Transporte;

 Armazenamento;

 Distribuição;

 Utilização.

Um sistema de abastecimento é muito variável, pois depende do número de clientes a abastecer, da topografia, do número de captações e sua localização, da qualidade da água captada entre outros fatores. De uma forma geral, os sistemas são constituídos conforme se pode ver na figura 4.

Figura 4 Sistema de abastecimento – Fonte: https://www.sesimbra.pt/

2.4.1 Fatores a ter em Conta

O sistema de distribuição é complexo, no que diz respeito à sua construção e dimensionamento, como também a sua manutenção. É uma parte dispendiosa de um projeto global. Pode representar um custo entre 50% e 75% de todo o sistema.

São pontos importantes a considerar:

 Existir um cálculo de ligação, cálculo das tubagens que asseguram o abastecimento de água, em toda a rede pública até o limite da propriedade do consumir;

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 O consumo total é o valor (faturado ou não), com a soma das perdas que acontecem nas redes;

 As Zonas de Medição e Controlo (ZMC), área que define zonas em função da densidade populacional e o tipo de consumidor;

 A área de influência ou patamar de pressão divide as diversas zonas de abastecimento de forma a subdividir a rede com o objetivo de impedir que as pressões ultrapassem os limites do bom funcionamento.

2.4.2 Tipos de Redes

Existem três tipos de configuração de redes de distribuição de água, redes em malha, redes ramificadas e redes mistas.

Nas redes em malha, as condutas de distribuição funcionam num circuito fechado, onde a água circula em ambos os sentidos. Este tipo de rede tem a vantagem no caso de existir uma ocorrência anómala ao bom funcionamento, a água tem circuitos alternativos garantido o abastecimento. As desvantagens deste tipo de rede predem-se com o investimento necessário, porque requerem um maior número de acessórios e tubagens.

Uma rede ramificada tem uma conduta principal na qual se distribuem os ramais, diminuindo o número de tubagens e acessórios. Este tipo de rede facilita o conhecimento do funcionamento da própria, mas tem a desvantagem em caso de rotura na conduta principal todos os consumidores são afetados pela mesma. Em períodos de um aumento de consumo excessivo, existem perdas de pressão no fim de linha.

A distribuição mista é a conjugação das redes em malha e ramificada, sendo mais usual, o que permite uma adaptação á alteração do número de consumidores.

2.4.3 Implantação

O Decreto-Lei n.º 207/94, de 6 de agosto, veio atualizar a legislação existente em matéria de sistemas públicos e prediais de distribuição de água e de drenagem de águas residuais, aprovando os princípios gerais a que devem obedecer a respetiva conceção, construção e exploração e prevendo que a

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regulamentação técnica daqueles sistemas, bem como as respetivas normas de higiene e segurança seriam aprovadas por decreto regulamentar designadamente:

 1 - A implantação das condutas da rede de distribuição em arruamentos deve fazer-se em articulação com as restantes infraestruturas e, sempre que possível, fora das faixas de rodagem;

 2 - As condutas da rede de distribuição devem ser implantadas em ambos os lados dos arruamentos, podendo reduzir-se a um quando as condições técnico-económicas o aconselhem, e nunca a uma distância inferior a 0,80 m dos limites das propriedades;

 3 - A implantação das condutas deve ser feita num plano superior ao dos coletores de águas residuais e a uma distância não inferior a 1 m, de forma a garantir proteção eficaz contra possível contaminação, devendo ser adotadas proteções especiais em caso de impossibilidade daquela disposição.

2.4.4 Registo das Redes

O Decreto Regulamentar 93/95, de 23 de agosto, no seu artigo 9º, estipula que:

 1 - Na elaboração de estudos de sistemas de distribuição de água deve ter-se em consideração os elementos constantes dos respetivos cadastros;

 2 – Os cadastros devem estar permanentemente atualizados e conter, no mínimo:

a) A localização em planta das condutas, acessórios e instalações complementares, sobre carta topográfica a escala compreendida entre 1:500 e 1:2000, com implantação de todas as edificações e pontos importantes;

b) As secções, profundidades, materiais e tipos de junta das condutas;

c) A natureza do terreno e condições de assentamento;

d) O estado de conservação das condutas e acessórios;

e) A ficha individual para os ramais de ligação e outras instalações do sistema;

 3 - Os cadastros podem existir sob a forma gráfica tradicional ou informatizados.

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2.4.5 Caudais e Consumo

Segundo Eduardo Ribeiro de Sousa, “A determinação dos caudais de projeto de sistemas de abastecimento e distribuição de água constitui uma atividade vital para efeitos do dimensionamento deste tipo de infraestruturas. Estes caudais destinam-se a satisfazer os consumos domésticos, comerciais e de serviços, industriais e similares, e públicos; há que garantir, ainda, caudais para fazer face a perdas e fugas e para combate a incêndios….Para se avaliar o consumo de água per capita podem ser seguidos vários critérios, sendo o mais corrente expressá-lo em termos do consumo diário médio anual por habitante, ou seja, da capitação (normalmente expressa em L/(hab.dia)). Este valor obtém-se dividindo o consumo anual total pelo número de habitantes e pelo número de dias do ano (SOUSA 2001, pp. 13-14).”

2.4.6 Dimensionamento

O dimensionamento hidráulico através da análise dos diâmetros das diversas condutas recorrendo a técnicas de modulação e programação, entre outras, permite obter as cotas piezométricas dos reservatórios, minimizando assim os custos totais. Embora para a sua finalidade a rede deve ser considerada funcional, e não apenas económica, sendo que a componente económica tem grande peso.

O dimensionamento é regulamentado nos artigos 21º e 22º do Decreto Regulamentar 93/95, de 23 de agosto.

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