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Capítulo 2- perfil do treinador federado de Judô do Rio Grande do Sul

2.6 Conclusões

Em virtude do que foi exposto neste trabalho, podemos concluir que atualmente o perfil do treinador de judô do Rio Grande do Sul é:

Do sexo masculino, graduado com a faixa preta de judô e 2o Dan, ingressou na prática na modalidade entre a idade infantil e juvenil (7 a 13 anos), na maioria em clubes ou academias, vindos de uma classe social média ou baixa. Notamos também que está ocorrendo uma procura por formação acadêmica em Educação Física, entre os treinadores mais novos.

Percebemos que os treinadores mais jovens desta área são formados em Educação Física ou são acadêmicos, e desenvolvem outras atividades profissionais além das aulas de judô. Os treinadores mais antigos são provisionados, pois quando a Lei 9.696/98 foi implantada eles já praticavam a docência exercendo atividades próprias dos profissionais da Educação Física, nos termos estabelecidos pelo Conselho Federal de Educação Física.

Observamos também que estes profissionais têm buscado informação através de fitas, livros, artigos para se atualizarem pois a baixa remuneração dificulta o acompanhamento de eventos internacionais na Europa e Ásia. Mesmo nos que ocorrem no Brasil como os Jogos Pan-americanos e o Campeonato Mundial que foram realizados no Rio de Janeiro em 2007 não foram acompanhados pelos treinadores gaúchos. Apenas quatro técnicos conseguiram assistir à estes eventos.

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com formação específica, experiência como atleta na modalidade e poucos anos de experiência como treinador, auferindo um vencimento, que se revela entre o escasso e o regular na avaliação dos próprios treinadores. Na tentativa de atualização como formação contínua registram uma preferência por cursos de curta duração, como seminários ou clínicas e consideram a parte prática insuficiente sendo estes resultados coincidentes com o que apurou o estudo de Resende, Mesquita e Romero (2007). O trabalho com treinadores experientes e a própria experiência quer seja como atletas ou como treinadores são os fatores mais valorizados.

A idade dos inquiridos varia entre os 20 e os 71 anos (média de 29,3 e dp de 8,9). Estes resultado evidencia a elevada heterogeneidade nas idades, já confirmada noutros estudos (Almeida, 2002; Costa, 2005). No que diz respeito à experiência como treinador, verifica-se ao abservarmos a amostra que a carreira de treinador de judô não possibilita , em função da remuneração escassa a permanência por muito anos como principal fonte de renda para os entrevistado. O que podemos intuir que a carreira de treinador de judô pela carência na remuneração faz com que os sujeitos que conseguem outra ocupação, que possibilite um ganho maior, largue a profissão ou componha a sua renda mensal com os recursos advindos de suas aulas e se afaste do universo competitivo. No decorrer desta investigação registramos que estes treinadores tem consciência que a participação como treinador serve como uma aquisição de capital social para atuar no meio. Conforme Bourdieu (1983), o capital social é um conjunto de valores importantes para determinados meios específicos, pois determina os dominantes e os

dominados nas palavras do sociólogo francês. No ambiente do judô os títulos

obtidos como atleta ou treinador podem facilitar o caminhar profissional. Treinadores declararam que o envolvimento na área esportiva não os remunera, mas possibilita a entrada em outros locais como escolas, creches e clubes sociais onde podem auferir um lucro maior com seu trabalho. Portanto parece-nos que a carreira de treinador está sendo encarada como uma passagem para a obtenção de uma remuneração maior.

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não graduados, podemos observar que a carreira de treinador que busca o alto nível competitivo no atual cenário do judô gaúcho se encontra em uma momento de transição. A busca por uma melhor remuneração leva os treinadores à se afastarem do judô competitivo visto que a melhor remuneração está em aulas para crianças. Neste momento a carreira de treinador é vista como uma passagem para a formação de uma reputação profissional que possibilitará uma melhor posição profissional no futuro, na visão dos técnicos.

2.7 Referências

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CAPÍTULO 3- A AUTOPERCEPÇÃO DE COMPETÊNCIA DOS