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7.1. CONCLUSÕES

Atualmente, a evolução tecnológica na área de engenharia de tráfego oferece, entre outros recursos, os radares automáticos para realizar o controle da velocidade sem os impedimentos que existiam até há pouco tempo, tais como a necessidade de cobertura de grandes áreas, a falta de recursos humanos para fiscalização e a falta de recursos econômicos.

Este assunto vem sendo constantemente abordado em todos os tipos de veículos de comunicação, seja ele escrito ou falado, por ser um mecanismo, até certo ponto, inovador e capaz de reduzir a liberdade (ou irresponsabilidade) do uso indiscriminado do automóvel.

Este debate criado no meio da sociedade vem se limitando a considerar apenas os aspectos legais e financeiros da questão. Os aspectos técnicos de projeto, de instalação e, sobretudo, do monitoramento da operação não são mencionados. Faltam parâmetros e| ou informações que subsidiem uma abordagem mais técnica.

Os Dispositos Eletrônicos de Controle de Velocidade (DECV’s) têm demonstrado eficiência na redução da velocidade. Porém, tem-se observado que a implantação destes dispositivos não tem sido precedida por estudos mais detalhados dos fatores que interferem em seu desempenho, assim como uma avaliação dos efeitos de sua implantação sobre a operação do tráfego.

Estes dispositivos apresentam alto custo de implantação, exigindo reconstrução parcial da via, além do aluguel mensal do equipamento, que é pago pelo órgão gestor à empresa operadora do sistema, e estão sujeitos ao vandalismo. Por isto, sua utilização deveria ser ampliada para funcionar como ferramenta de auxílio à gestão do tráfego, conforme foi proposto neste trabalho.

Constata-se com facilidade que, cada vez mais, os centros urbanos têm utilizado os recursos tecnológicos disponíveis e desenvolvido gerenciamentos que vêm alcançando resultados satisfatórios.

Entretanto, estas iniciativas ainda se encontram de maneira isolada e não coordenada, fazendo com que o potencial destes equipamentos e, conseqüentemente, os recursos gastos não sejam efetivamente aproveitados em sua totalidade.

Além deste aspecto, durante os contatos com as empresas que operam os sistemas de fiscalização de velocidade, percebeu-se que estas empresas não têm nenhum interesse em divulgar os sistemas de operação dos seus dispositivos ou todas as potencialidades técnicas (além da fiscalização) passíveis de serem exploradas pelos órgãos gestores.

Aqui cabe outro comentário de suma importância: a quase totalidade das pessoas que operam, fiscalizam ou gerenciam estes sistemas eletrônicos de controle não tem demonstrado interesses ou iniciativas para que se explore mais esta eficiente tecnologia.

Geralmente as prefeituras não estão capacitadas tecnicamente para analisarem, avaliarem ou proporem alterações aos sistemas “prontos” apresentados pelas empresas detentoras e operadoras destas tecnologias eletrônicas.

Além disto, a falta de ligação entre os sistemas e processos pode provocar a adoção de medidas ou procedimentos baseados em decisões subjetivas dos operadores, podendo acarretar sérios danos à funcionalidade e à integridade de todo o sistema.

As especificações da forma com que os dispositivos eletrônicos de controle de velocidade devem estar interligados aos demais componentes do sistema (FIG. 6 .32 e FIG. 6 .33) e da estrutura básica com que as informações básicas dos dispositivos devem ser disponibilizadas para os processos de planejamento e gestão do tráfego (TAB. 6 .16)apresentadas nesta dissertação são passiveis de serem realmente implementados e operados uma vez que estes se baseiam nas características dos dispositivos existentes atualmente e nas necessidades e estruturas dos sistemas de controle e gerenciamento de tráfego.

Entretanto, esta adequação só será possível a partir do momento em que se reunirem esforços e recursos (humanos e tecnológicos) para a estruturação de um sistema mais inteligente que efetivamente ajude e oriente os “gestores urbanos” nos processos decisórios comumente encontrados nas cidades brasileiras.

7.2. RECOMENDAÇÕES

A elaboração desta dissertação não esgota todas as áreas da teoria, engenharia ou gestão de tráfego. Ao contrário, este campo ainda permite os mais diferentes estudos, análises, avaliações ou comparações, sob os mais diferentes enfoques.

Com vistas ao desenvolvimento de futuros trabalhos, recomendam-se que sejam consideradas as seguintes orientações:

 Implementar as alterações dos sistemas de monitoramento de tráfego de modo a permitir a efetiva inserção dos DECV’s no processo gerencial e decisório do controle de tráfego urbano;

 Desenvolver uma rotina computacional que, baseada nas

exemplificações apresentadas no capítulo 6, permitam o processamento técnico, preciso e eficiente dos dados coletados pelos laços indutivos de uma forma automatizada, clara e correta;

 Estruturar os sistemas de gerenciamento dos PMV´s e de processamento das informações dos laços indutivos de modo que estes venham a trabalhar de uma forma coordenada e efetiva;

 Consolidar um banco de dados que gerencie os dados coletados

pelos laços (FIG. 6 .34) e os dados decorrentes do processamento técnico ora proposto;

 A partir da consolidação de um banco de dados “robusto”, realizar estudos que visem a:

o Calibração das relações fundamentais da teoria de fluxo de tráfego para as condições brasileiras;

o Análise do comportamento dos motoristas frente à fiscalização eletrônica;

o Análise da efetividade da adoção de tecnologias de controle e monitoramento para a melhoria das condições de tráfego; o Análise da eficiência operacional obtidas a partir das

diversas intervenções realizadas no fluxo viário e também de outras medidas de grande repercussão na sociedade, como, por exemplo: o efeito das campanhas educativas sobre o índice de acidentes e o excesso de velocidade, o efeito da adoção do

horário de verão sobre a intensidade dos congestionamentos e sobre o volume de tráfego;

o Comparação dos desempenhos de diferentes medidas de controle e gestão de tráfego utilizas nas cidades brasileiras;

o Interligação deste BD aos sistemas de roteamento e de otimização dos percursos urbanos;

 Subsidiar o desenvolvimento de especificações técnicas e operacionais, por parte dos órgãos responsáveis pela legislação que rege estes dispositivos, a serem seguidas pelos desenvolvedores, distribuidores, operadores e gestores destes sistemas de fiscalização, controle e gerenciamento.