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3. DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS DE CONTROLE DE VELOCIDADE

4.1. Elementos dos Sistemas de Tráfego

O Código de Trânsito Brasileiro, no art. 1o, § 1o, assim define

“trânsito”: “Considera-se trânsito a utilização de vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”.

O art. 2o, complementa o conceito ao definir que “são vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e circunstâncias especiais”. No parágrafo único do mesmo artigo, acrescenta que “para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública e as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas”.

Tradicionalmente, a literatura relativa à Engenharia de tráfego define três elementos componentes dos sistemas: o usuário, o veículo e a via.

4.1.1. O USUÁRIO

São usuários dos sistemas de tráfego os ocupantes dos veículos, guiando-os ou não, e os pedestres, principalmente. Uma abordagem mais ampla incluiria também as demais pessoas que de alguma forma são afetadas pela operação do tráfego.

Geralmente, se destina uma atenção especial aos motoristas, que são os usuários mais ativos (e mais perigosos) do sistema.

Um aspecto de significativa importância e que tem fundamental impacto sobre a segurança de todo o sistema de tráfego é o tempo de reação. O tempo de reação pode ser determinado pelo tempo decorrido entre a ocorrência do estímulo e a materialização da reação do usuário.

Este tempo de reação pode ser decomposto em quatro parcelas e conhecido pelo acrônimo PIEV, originado dos termos em inglês:

percepção (perception), identificação (identification ou

intellection), decisão (emotion ou judgment) e ação (volition ou

reaction).

Para um desempenho eficiente e seguro dos sistemas de tráfego, deve-se minimizar o tempo de PIEV do usuário e, simultaneamente, maximizar o tempo disponível para a sua reação.

4.1.2. O VEÍCULO

Os sistemas de tráfego incluem todos os tipos de veículo: automóveis, ônibus, caminhões, motocicletas, triciclos, bicicletas, carroças, bondes, etc..

Entretanto, é muito complexa a tarefa de estudar o veículo de uma forma tão abrangente. Para a imensa maioria dos estudos de tráfego é considerada suficiente a adoção de uma unidade veicular padrão, para a qual são convertidos os outros tipos de veículo através de fatores de conversão apropriados.

Esta unidade é simbolizada por ucp (unidade de carro de passeio) que em qualquer situação corresponde ao automóvel. Por isso, os aspectos relativos ao veículo que são comentados a seguir dirão respeito basicamente ao automóvel.

4.1.3. A VIA

A via será entendida aqui como o espaço destinado à circulação. O conjunto estruturado de vias que servem a uma determinada região é conhecido como sistema viário e tem como funções básicas assegurar mobilidade e acessibilidade ao usuário.

O sistema viário urbano, também chamado de rede viária urbana, é formado de dois grupos distintos de componentes básicos, ou sejam: os nós e as ligações.

As ligações são os trechos, subtrechos ou segmentos das vias que interligam os nós (ou interseções, cruzamentos, passagem de nível, etc.), cujas características físicas, funcionais e operacionais podem ou não ser constantes ou homogêneas ao longo da sua extensão.

Este grupo viário entre interseções compreende, geralmente, os seguintes elementos: pista de rolamento, canteiro central, calçadas, ciclovia, baias para ônibus e estacionamento, sendo que, cada uma destas, apresenta funções bem definidas.

Os sistemas viários ocupam grande parte dos espaços urbanos não edificados, tendo destacadas funções. Servem de base para o movimento de pedestres, ciclistas e de todas as modalidades de veículos motorizados, podem vir a criar condições para uma vida saudável, dentre inúmeras outras funções relevantes para a sociedade.

Idealmente, o sistema viário urbano deveria ser um sistema organizado e bem definido, ou seja, cada via tem uma função específica. Observa-se que a função de cada via e suas características operacionais estão fortemente ligadas.

Neste contexto, cada viagem é fundamentada em uma origem e um destino, tornando-a mais apropriada a certos tipos de via e exigindo

a oferta de um nível de serviço mínimo, de modo a proporcionar um deslocamento rápido, seguro e econômico (ARRUDA e MOREIRA, 1991).

Os sistemas viários em geral podem ser classificados segundo diversos critérios, como por exemplo:

a) quanto ao ambiente : urbano e rural;

b) quanto à esfera administrativa : federal, estadual e municipal;

c) classificação físico-operacional : fluxo ininterrupto e fluxo interrompido; e,

d) classificação funcional : classificação que mais interessa ao planejamento de tráfego, determina a hierarquia do sistema viário e pode ter ligeiras variações.

Segundo HUTCHINSON (1979) e AASHTO (1990), hierarquia funcional entre os tipos de vias, se refere tanto às suas características físicas, como também ao tipo de uso, ou seja:

a) Vias expressas : promovem ligações com rapidez e segurança entre localidades distantes de uma região, normalmente de duplo sentido de tráfego e com canteiro central, possuem grande volume de tráfego, velocidade média de operação em torno de 80km/h e com acessos controlados;

b) Vias arteriais : servem de ligação entre as vias expressas e as

coletoras, ou distribuem o tráfego proveniente da via expressa pela cidade ou região, com menor volume de tráfego e velocidade máxima de 60km/h;

c) Vias coletoras : fazem a ligação entre as vias arteriais e localidades vizinhas a baixa velocidade, penetrando ainda mais nas zonas residenciais, com velocidade permitida de até 40km/h; e,

d) Vias locais : tráfego predominantemente local, promovem o acesso residencial ou a locais de trabalho, a baixa velocidade de 30km/h (no Brasil a velocidade regulamentada é de 20km/h). Segundo a AASHTO (1990), nos ambientes rurais, os sistemas arteriais são subdivididos em sistema arterial principal e sistema arterial secundário.

Ainda segundo a AASHTO, nos ambientes rurais os sistemas coletores abrangem uma faixa mais ampla de características e funções das vias, dando lugar ao surgimento das categorias: sistema coletor principal e sistema coletor secundário.

Já nos ambientes urbanos, a complexidade maior diz respeito aos sistemas arteriais, que são subdivididos em: sistema arterial principal, sistema arterial secundário e sistema arterial terciário.

Naturalmente, as situações específicas determinam o grau de subdivisão necessário na classificação funcional dos sistemas viários.

A FIG. 4 .20 mostra a proporção dos serviços ofertados pelas três categorias funcionais de vias comumente encontrados nos meios urbanos, em termos de mobilidade e acessibilidade.

Como pode ser observado na FIG. 4 .20, quanto mais alto estiver na hierarquia funcional, maior a função do sistema viário de permitir mobilidade; quanto mais baixo, maior a função de oferecer acessibilidade.

A hierarquização nestas três categorias costuma ser insuficiente para classificar os sistemas viários. A complexidade destes normalmente exige a subdivisão das categorias.

Fonte: AASHTO apud SILVA (2001b) FIG. 4.20 - Proporção dos serviços oferecidos pelas categorias de vias