• Nenhum resultado encontrado

Conforme apresentado neste trabalho, durante os últimos 650 anos AP, a Baía de Guanaraba sofreu uma evidente alteração no seu padrão sedimentar, como registrado pelo testemunho BG-19. Foi observado um acréscimo no teor de TOC e na concentração de pigmentos sedimentares que podem ter sido ocasionadas pelo aumento da intervenção humana na bacia hidrográfica, mesmo antes do intenso processo de urbanização e industrialização ocorrido na região a partir da metade do século XX. Monteiro (2012) também observou alterações no padrão sedimentar quando estudou diferentes testemunhos sedimentares coletados em áreas distintas da Baía.

As médias dos resultados encontrados para o teor de água nas fases I e II foram constantes, ficando entre 60% a 68% e na terceira fase, 76%. Em relação à densidade, as fases I e II apresentaram média de 0,44 g/cm3 e uma média de 0,27 g/cm3 na fase III. Já os valores encontrados na granulometria, demonstram uma redução dos tamanhos dos grãos conforme se tem uma diminuição da profundidade. Dessa forma, na última fase, em que se tem uma granulometria mais fina, representada por uma diminuição na concentração de silte grosso, tem-se altos teores em água e baixa densidade. Esse perfil pode ser explicado pelo testemunho está localizado em um ambiente de muita baixa energia, abrigado da ação das ondas e correntes de marés, sendo responsáveis pela sedimentação fina, predominando os do tipo silte e argila. Além disso, a área é formada por sedimentos flúvio-marinhos, derivados de deposições em grande parte vindas das regiões serranas, sendo litologicamente constituídos de sedimentos finos.

As médias crescentes encontradas de TOC (2,58%, 3,41% e 4,83%) e de clorofila (9,9 UDPS nas fases I e II; 57,9 UDPS na fase III) comprovam que a região do BG-19 vem recebendo mais aporte de matéria orgânica de origem antrópica nos últimos anos. No caso da clorofila, esse aumento durante os últimos 500 anos cal AP torna o ambiente propicio a proliferação de algas e ao aumento da concentração de pigmentos sedimentares.

Neste contexto, a partir de um estudo de caso, o presente trabalho apresentou a importância dos estudos paleoambientais não apenas na região da Baía de Guanabara, mas também em outros sistemas estuarinos, considerando que esses sistemas são responsáveis por reconstruir históricos dos impactos antrópicos

e de processos biogeoquímicos em sedimentos. Além disso, estes estudos permitem analisar como o ecossistema reagiu a essas mudanças, para que seja possível implementar planos de recuperação e monitoramento, além de prevenir futuros danos ambientais.

46

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, I.M. et al. Ecological risk evaluation of sediment metals in a tropical Euthrophic Bay, Guanabara Bay, Southeast Atlantic. Marine pollution bulletin, v. 109, n. 1, p. 435-445, 2016.

ALMEIDA, F.F.M; CARNEIRO, C.D.R. Origem e evolução da Serra do Mar. Revista Brasileira de Geociências, v. 28, n. 2, p. 135-150, 1998.

AMADOR, E. S. Assoreamento da Baía de Guanabara–taxas de sedimentação. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 52, n. 4, p. 723-742, 1980.

AMADOR, E. S. Baía de Guanabara e ecossistemas periféricos: Homem e natureza. Rio de Janeiro: s.m, 1997, 539 p.

AMADOR, E. S. Bacia da Baía de Guanabara: características geoambientais, formação e ecossistemas. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2012. 405 p.

APPLEBY, P.G.; OLDFIELD, F. The calculation of lead-210 dates assuming a constant rate of supply of unsupported 210Pb to the sediment. Catena, v. 5, p.1- 8, 1978.

ASMUS, Haroldo Erwin; FERRARI, André Luiz. Hipótese sobre a causa do tectonismo cenozóico na região sudeste do Brasil. Aspectos estruturais da margem continental leste e sudeste do Brasil, v. 4, 1978.

BAPTISTA NETO, J. A. et al. Environmental change in Guanabara Bay, SE Brazil, based in microfaunal, pollen and geochemical proxies in sedimentary cores. Ocean & Coastal Management, v. 143, p. 4-15, 2017.

BARRETO, C. F. et al. Palynological analysis of a sediment core obtained in Guanabara Bay, Rio de Janeiro, Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 79 (2), p. 223-234, 2007

BARTHOLOMEU, R.L et al. Evolução Paleogeográfica da Planície Costeira da Praia Vermelha, entrada da Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, por meio de registros palinológicos. Anuário do Instituto de Geociências, v. 37, n. 1, p. 92-103, 2013.

BRANDÃO, S. F. A fala do Estado do Rio de Janeiro numa perspectiva sócio- geográfica. p. 21, 2006

CARAUTA, J.P.P; DE OLIVEIRA, R.R. Plantas vasculares dos morros da Urca, Pão de Açúcar e Cara de Cão. Rodriguésia, p. 13-24, 1984.

COELHO, V. Baía de Guanabara: uma história de agressão ambiental. Casa da Palavra, 2007.

CORDEIRO, R. C.; TURCQ, B.; RIBEIRO, M.G.; LACERDA, L.D., CAPITÂNEO, J.; SILVA A. O.; SIFEDDINE, A.; TURCQ, P. M. Forest fire indicators and mercury deposition in an intense land use change region in the Brazilian Amazon (Alta Floresta, MT). The Science of the Total Environment, v. 293, p. 247-256, 2002

DE CARVALHO AGUIAR, V.M. et al. Ecological risks of trace metals in Guanabara Bay, Rio de Janeiro, Brazil: An index analysis approach. ETOCoxicology and environmental safety, v. 133, p. 306-315, 2016. DE MIRANDA, L. B. Princípios de Oceanografia Física de Estuários Vol. 42. EdUSP, 2002.

FARIA, M. M.; SANCHEZ, B.A. Geochemistry and mineralogy of recent sediments of Guanabara Bay (NE sector) and its major rivers-Rio de Janeiro State-Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 73, n. 1, p. 121-133, 2001.

FEEMA. Projeto de recupera, cdo gradual do ecossistema da Baia de Guanabara, Vol. 1. Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, Rio de Janeiro, ILl, Brazil, 203 pp, 1990)

FERREIRA, H. O. Aporte de hidrocarbonetos de petróleo para a Baía de Guanabara. M. Sc. Teses, Universidade Federal Fluminense, Departamento de Geoquimicas, Niterói, RJ, Brazil, 1995.

FIGUEIREDO JR, A.G. et al. Linked variations in sediment accumulation rates and sea-level in Guanabara Bay, Brazil, over the last 6000 years. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 415, p. 83-90, 2014. GODOY , J. M.; et al. A study of Guanabara Bay sedimentation rates. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry , v. 227, p. 157– 160, 1998.

GORHAM, Eville; SANGER, Jon. Plant pigments in woodland soils. Ecology, v. 48, n. 2, p. 306-308, 1967.

HORNBERGER, M. I. et al. Historical trends of metals in the sediments of San Francisco Bay, California. Marine Chemistry, v.64, p.39-55, 1999.

ICMBio. Plano de Manejo da Estação Ecológica da Guanabara. 2012 IBGE. Estatísticas populacionais, sociais, políticas e culturais, 2014.

JICA. Japan International Cooperation Agency. The study of recuperation of the Guanabara Bay ecosystem. Supporting Report, Tokyo, Kokusai Kogyo Co., Ltd, Vol. 1-4, 1994.

KJERFVE, Björn et al. Oceanographic characteristics of an impacted coastal bay: Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, Brazil. Continental shelf research, v. 17, n. 13, p. 1609-1643, 1997.

48

LAVRADO, H. P. et al. Evolution (1980-1990) of ammonia and dissolved oxygen in Guanabara Bay, RJ, Brazil. Coastal Zone'91. ASCE, 1991. p. 3234-3245.

Leavltt, P. R. et al. Whole-lake experiments: The annual record of fossil pigments and zooplankton. Limnol Oceanogr. 34, 700-717, 1989.

MONTEIRO, F. F. Concentração, distribuição e fluxo dos metais al, fe, mn, ba, cd, co, cr, cu, ni, pb, v e zn em sedimentos da baía de gaunabara ao longo dos últimos 6 mil anos, 2012.

MONTEIRO, F. F. et al. Sedimentary geochemical record of historical anthropogenic activities affecting Guanabara Bay (Brazil) environmental quality. Environmental Earth Sciences, v. 65, p. 1661-1669, 201

MEYERS, P. A.; ISHIWATARI, R. Lacustrine organic geochemistry—an overview of indicators of organic matter sources and diagenesis in lake sediments. Organic geochemistry, v. 20, n. 7, p. 867-900, 1993.

OLIVEIRA, A.V. et al. Cronologia da deposição de metais pesados associados aos sedimentos da Baía de Guanabara. Dissertação de mestrado, Departamento de Química, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2009.

PERILLO, G. M. Definitions and geomorphologic classifications of estuaries. Developments in Sedimentology. Elsevier, 1995. p. 17-47.

PERIN, G. et al. A five-year study on the heavy-metal pollution of Guanabara Bay sediments (Rio de Janeiro, Brazil) and evaluation of the metal bioavailability by means of geochemical speciation. Water Research, v. 31, n. 12, p. 3017-3028, 1997.

PESSENDA, L. C. et al; Quaternário do Brasil, p. 75-93, 2002.

REBELLO, A. de L.; PONCIANO, C. R.; MELGES, L. H. Avaliação da produtividade primária e da disponibilidade de nutrientes na Baía de Guanabara. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 60, n. 4, p. 419-430, 1988. REINIKAINEN, P. et al. Acurracy of 210Pb dating in two annually laminated lake sediments with high 137Cs background. Applied Radiation and Isotopes, v.48, n.7, p.1009-1019, 1997.

RUELLAN, Francis. Evolução geomorfológica da Baía de Guanabara e das regiões vizinhas. Instituto Brasileiro de Geografía e Estatistica, 1944.

SALOMONS, W.; FÖRSTNER, U. Metals in the hydrocycle. Berlin: Springer Verlag. 286p, 1984.

SANGER, J. E. Fossil pigments in paleoecology and paleolimnology. Palaeogeog. Palaeoclimat. Palaeoecol. 62, 343-359, 1988.

SANGER, J. E.; GORHAM E. Stratigraphy of fossil pigments as a guide to the postglacial history of Kirchner Marsh, Minnesota. Limnol. Oceanogr. 17, 840-854, 1972.

SANTOS, G. M. et al. Datação por 14C Utilizando Espectrometria de Massa com Acelerador de Partículas. Revista de Física Aplicada e Instrumentação, v. 14, n. 1, 1999

SEDREZ, L. F. THE BAY OF ALL BEAUTIES’: STATE AND ENVIRONMENT IN GUANABARA BAY. 2004. Tese de Doutorado. Stanford University.

SOARES, M. L. G. et al. Diversidade estrutural de bosques de mangue e sua relação com distúrbios de origem antrópica: o caso da Baía de Guanabara (Rio de Janeiro). Anuário do Instituto de Geociências, v. 26, p. 101-116, 2003.

SOARES-GOMES, A. et al. An environmental overview of Guanabara Bay, Rio de Janeiro. Regional Studies in Marine Science, v. 8, p. 319-330, 2016

VALLENTYNE, J. R. Sedimentary chlorophyll determination as a paleobotanical method. Canadian journal of botany, v. 33, n. 4, p. 304-313, 1955.

VELOSO, H.P. et al, Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Geociências, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 1991

Documentos relacionados