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5.1.1 Geocronologia

O calculo da idade das camadas sedimentares do Testemunho BG-19 foram calculadas pelo método por datação de 14C. Este isótopo apresenta meia vida de 5.730 anos e o limite de detecção desta técnica permite determinar a idade de até 60.000 anos AC (PESSENDA et al., 2002).

A partir desse método foi obtido o resultado exposto na Tabela 2.

Testemunho Profundidade (cm) Idade 14C Idade calibrada

114 1070 ±30 650

BG19 314 2100 ±30 1750

414 2840 ±30 2700

Tabela 2 – Geocronologia do Testemunho BG 19

O testemunho em estudo pode ser dividido em três fases de acordo com a caracterização do sedimento em cada período. A fase I, entre as profundidades 430 cm a 190 cm, representando o período entre as idades de 2700 anos cal AP e 1100 anos cal AP, a fase II, que ocorre em 190 cm até 100 cm de profundidade, representando entre 1100 anos cal AP e 650 cal AP; e a fase III, entre as profundidades de 100 cm e 0 cm, os últimos 650 anos cal AP.

5.1.2 Granulometria

O testemunho BG-19 apresentou predominância de silte fino e médio. Na fase I, entre as profundidades 430 cm a 190 cm, a porcentagem média de silte grosso foi 16,4%, atingindo pequenos picos de silte grosso em torno de 30,9%. A porcentagem de silte médio foi de 24,0%, a de silte fino de 26,5%, silte muito fino 16,5 e a de argila 15,1%. A fase II, que ocorre em 190 cm até 100 cm de profundidade, apresentou porcentagem média de silte grosso de 21,1%, a de silte médio foi de 25,7%, silte fino de 25,2%, silte muito fino de 14,3% e o de argila 12,7%. Na última fase, entre as profundidades de 100 cm e 0 cm, a porcentagem de silte grosso ficou em torno de 7,7%, em que se percebe uma diminuição em relação à concentração do mesmo em profundidades menores. A porcentagem de silte médio ficou em torno

de 30,6%, onde foi observado um aumento da concentração em relação às outras idades, com uma média foi praticamente constante. A concentração de silte fino foi de 29,2%, a de silte muito fino 16,8% e a de argila 15,4%, ambas seguindo um padrão com pouca alteração. A figura 9 mostra o perfil descrito acima.

Figura 11: Granulometria do testemunho BG-19

As regiões mais internas da Baía de Guanabara, geralmente são caracterizadas como ambientes de muita baixa energia, abrigadas da ação das ondas e correntes de marés, possuem sedimentos, em geral, muito finos, predominando os sedimentos do tipo silte e argila, como registrado pelo testemunho BG-19. Além disso, a área apresenta uma hidrodinâmica muito baixa, e forte influência dos sistemas fluviais adjacentes, ocasionando um ambiente deposicional dominado por águas calmas em que as partículas vão decantando lentamente pela coluna d’água.

Outra questão que está relacionado com essa dinâmica é a localização do testemunho BG-19 próxima a Área de preservação Ambiental de Guapimirim, onde deságuam na baia de Guanabara as bacias dos rios Guapi-Macacu, Macacu/Caceribu e Guaxindiba. Em virtude disso, a área é formada por sedimentos flúvio-marinhos, derivados de deposições em grande parte vindas das regiões serrana, sendo litologicamente constituídos de sedimentos finos, síltico- argilosos ou argilo-sílticos, ricos em matéria orgânica.

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Além disso, a cobertura vegetal da Baia da Guanabara está representada em sua totalidade por florestas de manguezal, que é um ecossistema que apresenta sedimentos de granulometria fina, com predominância de silte e argila (ICMBio), corroborando para o perfil granulométrico registrado no testemunho BG19.

5.1.3 Densidade e Teor de Água

Em relação ao teor de água, observa-se que nas fases I e II não ocorreram grandes oscilações, ficando entre 60% a 68%, a partir de 900 anos cal AP a porcentagem do teor de água aumentou e ficou em torno de 76%. As fases I e II também não apresentaram variação significativa da densidade, com média de 0,44 g/cm3, ocorrendo um decréscimo acentuado na fase III, que apresentou média de 0,27 g/cm3. Na última fase, em que se tem uma granulometria mais fina, representada por uma diminuição na concentração de silte grosso, tem-se altos teores em água e baixa densidade.

É possível observar como os valores do teor de água e da densidade aparente comportam-se de forma oposta, quando a porcentagem de água diminui, a densidade aparente aumenta. Os resultados obtidos a partir dessa análise atestam a conformidade dos valores encontrados com a granulometria, que é de natureza silto- argilosa, o que sugere um ambiente de baixa hidrodinâmica. Os resultados dessas análises são mostrados na figura 10.

5.1.4 Carbono Orgânico Total

Como já mencionado anteriormente, a análise do perfil sedimentar do testemunho BG-19 revela a existência de três fases de sedimentação, em que a caracterização da matéria orgânica está representada pela figura 10.

As médias de TOC encontradas para as fases 1, 2 e 3 são 2,58%, 3,41% e 4,83%, respectivamente. Essas médias crescentes de carbono orgânico total indicam que no período mais recente os registros sedimentares estão recebendo mais aporte de matéria orgânica. Esse fenômeno pode ser explicado pelo aumento da urbanização e industrialização da cidade do Rio de Janeiro e das regiões metropolitanas adjacentes a partir da metade do século XX (GODOY et al.,1998; MONTEIRO et al., 2012) associado a mudança do uso da terra da bacia hidrográfica (BARRETO et al., 2007).

A localização mais interna desse testemunho, responsável por uma hidrodinâmica bastante baixa, também auxilia na presença de altas concentrações de matéria orgânica, além da forte influência dos sistemas fluviais adjacentes.

5.1.5 Pigmentos Sedimentares

Um importante Instrumento para se conhecer a paleoprodutividade de um sistema estuarino é a análise de pigmentos sedimentares. No testemunho BG-19 a concentração de pigmentos sedimentares se apresentou baixa nas fases I e II, que apresentaram media de 9,9 UDPS. Já na fase I, houve um considerável aumento das concentrações de pigmentos sedimentares, que apresentaram valores médios de 57,9 UDPS, representando significativo aumento da produtividade. Esse aumento pode ser explicado devido ao maior aporte de matéria orgânica registrada pelo aumento da concentração de carbono orgânico total. O resultado desta análise é mostrado na figura 10.

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