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Conclusões sobre a CI em função dos cenários de desenvolvimento

PROGRAMAS DE COMPUTADOR

4 Conclusões sobre a CI em função dos cenários de desenvolvimento

No seminário acerca dos Cenários de Desenvolvimento realizado em Abril de 2005 resultou numa lista de potenciais projectos de desenvolvimento, que estão listados na Tabela 4.1. A conclusão geral é que se devem iniciar, a curto prazo (1-5 anos), vários estudos, incluindo por exemplo, o desenvolvimento de sistemas de aviso de cheias e medidas de mitigação para os impactos ambientais devido à mineração de ouro. Além disso, está prevista a construção, a curto prazo, de várias pequenas barragens nos afluentes do rio Pungoé, face à maior demanda de água para irrigação. O crescente sector de irrigação em pequena escala irá necessitar de serviços, por exemplo, para a concepção, projecto e construção de obras hidráulicas simples.

A médio prazo (5-10 anos) serão provavelmente necessárias barragens de tamanho médio nos afluentes do rio Pungoé ou no rio principal, seguidas por uma barragem grande no rio principal a longo prazo (10-20 anos). Assim sendo, devem-se iniciar, o mais cedo possível, planos directores e estudos de viabilidade, incluindo as avaliações de impacto ambiental e socio-económico.

Tabela 4.1 Lista de projectos para a bacia do Rio Pungoé

Potenciais infra-estruturas futuras Estudos futuros

• Barragem de Pungoé Falls – para assegurar o Abastecimento de Água da Cidade de Mutare • Barragem de Hauna – Abastecimento de Água

e Irrigação de Hauna (no afluente do Pungoé) • Esquema de energia hidroeléctrica de Duru –

1.8MW Mini esquema de Energia hidroeléctrica.

• Barragem no afluente do Nhazónia • Barragem no afluente do Muda • Grande Barragem no rio Pungoé com

possibilidade produção hidroeléctrica

• Barragens pequenas – Metuchira, Gorongosa, Chitungo em Moçambique e Honde no Zimbabwe.

• Barragens pequenas – agricultores privados • Barragens de sedimentação para a mineração

de ouro

• Sistema de aviso de cheias e de telemetria • Infra-estrutura para a protecção das cheias • Desenvolvimento da rede hidrométrica, incluindo

de qualidade da água

• ”Legalizar” e educar os mineiros de ouro informais a trabalhar no leito principal do Pungoé

• Requisitos de caudal ambiental e práticas ambientais saudáveis na agricultura

• Conservação dos recursos hídricos no Parque Nacional da Gorongosa – Lago Urema

• Capacitação nas instituições dos recursos hídricos – conhecimentos sobre recursos hídricos,

monitoria dos usos da água, licenciamento dos usos da água, planeamento holístico da bacia • Reforçar a participação das partes interessadas • Programa de desenvolvimento de pequenas

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As autoridades regionais da água em Moçambique e no Zimbabwe terão um papel chave no desenvolvimento de recursos hídricos na bacia do Rio Pungoé, pois as autoridades da água serão responsáveis pela gestão da maioria dos projectos de desenvolvimento. Estas tarefas e o aumento no consumo de água irá pois, exigir uma maior capacidade para exercer a sua autoridade em termos de planeamento, aprovação, fiscalização, etc.

Uma observação muito importante na Tabela 4.1, é que se calcula, que a maior parte do desenvolvimento ocorra em Moçambique. A razão principal é que a maior parte da bacia do rio Pungoé se situa em Moçambique, mas também é em Moçambique que o nível de desenvolvimento socio-económico é mais baixo.

As necessidades para uma maior capacidade institucional para corresponder ao desenvolvimento e gerir os projectos relacionados com os recursos hídricos será, por isso, consideravelmente maior para a ARA-Centro, quando comparado com a ZINWA-Save. A maior parte dos projectos de desenvolvimento deverão estar de acordo com as actuais missões da ARA-Centro e da ZINWA-Save, conforme especificado pelos respectivos Estatutos e Leis da Água. Os projectos de desenvolvimento delineados necessitam de capacidades institucionais fundamentais, tais como:

• Conhecimentos adequados sobre as características relevantes da bacia do rio Pungoé e da sua zona envolvente.

• Requisitos organizacionais e institucionais para manter e comunicar os conhecimentos sobre as características da bacia e para controlar e monitorar as alterações verificadas.

• Existência de uma organização da bacia capaz e que seja uma voz representativa das preocupações e interesses da população da bacia.

Por conseguinte, a capacitação institucional necessária das autoridades da água não difere muito da identificada nos capítulos 2.4 e 3.4.

No entanto, alguns dos projectos de desenvolvimento necessitam de outras capacidades para além das necessárias para o âmbito de trabalho corrente da ARA-Centro e da ZINWA-Save. Isto refere-se principalmente aos projectos orientados para o ambiente, como a mitigação dos efeitos negativos da mineração de ouro, requisitos de caudal ambiental e conservação da água no Parque Nacional da Gorongosa. A gestão ambiental tem um impacto directo na qualidade da água e torna-se assim, parte da gestão dos recursos hídricos. As autoridades regionais da água devem, por isso, ter capacidades para fazer parte da gestão ambiental.

Um caso semelhante é o desenvolvimento do abastecimento de água rural e dos pequenos centros urbanos e a gestão da demanda de água. Apesar das autoridades da água terem de aprovar as infra-estruturas de pequena escala e prestarem serviços essenciais de

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isso, é questionável se a ARA-Centro ou a ZINWA-Save devem estar directamente envolvidas nestes sistemas de pequena escala.

4.1 ARA-Centro

A ARA-Centro enfrenta um grande desafio para corresponder à capacidade institucional necessária para cumprir os cenários de desenvolvimento delineados para os próximos 20 anos na bacia do Rio Pungoé.

Tendo em vista o progresso do desenvolvimento institucional nos anos desde a sua criação e o nível actual das suas capacidade, é pouco provável que a ARA-Centro consiga cumprir os requisitos, sem apoio externo significativo (nos quais são fundamentais os fundos para recrutamento e para novas infra-estruturas). Um primeiro passo seria, por isso, definir o papel e as responsabilidades da ARA-Centro no desenvolvimento.

Uma tarefa importante para a ARA-Centro no futuro processo de desenvolvimento do rio Pungoé será o de exercer a autoridade sobre as questões relacionadas com os recursos hídricos. Isto significaria, essencialmente, actualizar regularmente o plano de GIRH para um uso equitativo e sustentável da água, aprovar novas captações de água ou de descargas de efluentes, emitir novas licenças de uso da água e monitorar e aplicar os regulamentos dos recursos hídricos. A estas tarefas básicas adiciona-se a compilação de dados de qualidade para as bases de dados nacionais e a manutenção dos necessários contactos bilaterais e de troca de dados. A capacidade institucional actual para estas tarefas é relativamente boa, apesar de não ser ainda suficiente. É possível aumentar a capacidade a curto prazo e isso incluiria:

• Melhorar a gestão institucional através de uma melhor informação interna e envolvimento do pessoal e pela introdução do planeamento estratégico.

• Estabelecimento de um escritório local em Chimoio

• Adequadas ferramentas e conhecimentos para a monitoria e registo de dados hidrométricos, dados de qualidade da água, dados da população e uso da água, organizados e mantidos numa base de dados por bacia hidrográfica.

• Apropriadas ferramentas, capacidades e procedimentos para uma comunicação regular com as partes interessadas e afectadas e para emitir licenças e recolher tarifas e taxas.

• Adequados procedimentos para um planeamento conjunto da GIRH e para a troca de informações entre os dois estados da bacia.

Outra tarefa da ARA-Centro numa futura bacia do Rio Pungoé desenvolvida é a de fornecedora de serviços. Isto envolveria, por exemplo, a gestão de um sistema operacional de aviso de cheias e o planeamento e projecto de infra-estruturas de recursos hídricos superficiais de pequena escala e de esquemas de águas subterrâneas. A capacidade

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institucional nestas áreas é actualmente baixa, mas o aumento necessário é poderá ser atingindo a curto e médio prazo. A capacitação para esta tarefa incluiria

• Desenvolvimento de capacidades na relação e negociações com os clientes.

• Adequados métodos e ferramentas para a previsão e avisos de cheias, incluindo equipamento telemétrico e mapas de inundação.

• Adequados métodos e conhecimentos para a previsão de secas.

• Maior número de pessoal com conhecimentos de engenharia hidráulica e mais conhecimentos e capacidades em hidrologia aplicada.

Uma terceira função da ARA-Centro seria agir como coordenadora dos estudos futuros, como o plano director e os estudos de viabilidade para grandes barragens no rio Pungoé ou nos seus afluentes, a avaliação de impacto ambiental e socio-económico, os requisitos de caudal ambiental, a gestão da demanda de água, a mitigação de efeitos negativos devido à mineração de ouro e a conservação do Parque Nacional da Gorongosa. Devido ao grande número de estudos necessários e à variedade de conhecimentos necessários, o aumento necessário na capacidade institucional para esta tarefa seria considerável e recomenda-se que a ARA-Centro estabeleça uma cooperação com as autoridades nacionais equivalentes. A capacidade necessária deve por isso, incidir no aspecto da gestão inter-institucional:

• Melhorar a imagem da ARA-Centro, através de informações dirigidas às instituições públicas sobre a função da ARA-Centro.

• Coordenação com a DNA e a ARA-Sul para orientar e fiscalizar os planos directores e os estudos de viabilidade para as grandes infra-estruturas hidráulicas.

• Coordenação com as autoridades equivalentes, como o Ministério do Ambiente, Ministério de Minas, Governos Locais, etc, para iniciar, orientar e fiscalizar os projectos de gestão ambiental.

A tarefa final da ARA-Centro e a mais exigente a longo prazo, seria a gestão da concepção, projecto, construção, operação e manutenção das infra-estruturas hidráulicas na bacia do rio Pungoé. Isto exigirá um aumento considerável da capacidade institucional na ARA-Centro, que pode apenas ser possível a longo prazo. Por isso, recomenda-se que a ARA-Centro considere diferentes modelos de gestão organizacional, fazendo uso de recursos nacionais externos para reforçar a organização numa base temporária, ou que estabeleça unidades de projecto específicas conforme necessário, sob a supervisão e a autoridade da ARA-Centro.

4.2 ZINWA-Save

Os projectos de desenvolvimento na parte zimbabweana da bacia do Pungoé limitam-se a curto prazo, ao apoio a obras de pequena escala no abastecimento água rural e irrigação e a médio e longo prazo, ao mini-esquema de energia hidroeléctrica de Duru e às barragem

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de Hauna e de Pungoé Falls. A capacidade institucional para este desenvolvimento já existe actualmente na ZINWA-Save.

Os desenvolvimentos em pequena escala são orientados através do Conselho da Sub-Bacia do Pungoé com apoio técnico da ZINWA-Save. Neste sentido, recomenda-se a capacitação em técnicas informáticas como a modelação hidrológica e SIG para aumentar a fiabilidade do apoio técnico fornecido pelas autoridades da água.

O Ministério dos Recursos Hídricos e Desenvolvimento dos Recursos Hídricos seria ainda responsável pelo investimento na área de desenvolvimento dos recursos hídricos. A actividade principal nesta área é a gestão da construção de barragens de grande e média dimensão. Após a sua conclusão, as barragens são entregues à ZINWA para operação e funcionamento, com todas as vendas de água associadas à ZINWA. Os grandes projectos de infra-estruturas como Pungoé Falls, Hauna e Duru seriam assim orientadas pelas autoridades nacionais até à sua conclusão. A ZINWA-Save fornecerá principalmente apoio técnico.

No entanto, a nível da bacia do rio Pungoé, a ZINWA-Save tem um papel importante na gestão bilateral da bacia do Rio Pungoé. Para o plano da bacia é importante que a ZINWA-Save mantenha os contactos internacionais com a ARA-Centro e produza os dados hidrológicos básicos para troca com as autoridades da água moçambicanas, que são essenciais, por exemplo, em termos da previsão de cheias e secas. Assim sendo, é muito importante que a capacidade institucional para as relações internacionais, a compilação de dados hidrometereológicos e troca de dados permaneça na ZINWA-Save. Devido à presente situação económica e o risco de uma maior redução das receitas, recomenda-se o seguinte apoio institucional à ZINWA-Save a curto prazo:

• Abastecimento de peças sobressalentes para equipamento hidrométrico, veículos, computadores, etc para permitir a continuação do trabalho hidrométrico e a compilação dos dados.

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