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O concurso da cadeira de Latim do Atheneu Sergipense: “Docete Ensinae Discite Aprendei”

13 cedulas (numero de lentes e professor presentes), das quais 6 disiam sim = Está habilitado o candidato e 7 em branco Não sei a que atribuir essa

3.3.1 O concurso da cadeira de Latim do Atheneu Sergipense: “Docete Ensinae Discite Aprendei”

O concurso da cadeira de Latim do Atheneu Sergipense abriu edital no dia 26 de dezembro 1925. Neste mesmo dia, a Congregação do Atheneu Sergipense se reuniu para iniciar a criação e provimento das cadeiras, deliberadas pelo Decreto nº. 16732-A, de 13 de

janeiro do mesmo ano, incluindo entre elas uma de Latim. As aulas desta disciplina eram ministradas na instituição entre o 2º e 5º Anos, diferente do programa de ensino oficial regidos pelo Colégio Pedro II, que iam do 2º ao 4º Ano. Nesta sessão estavam presentes o Inspetor Fiscal, Octaviano Vieira de Mello109 e os professores Jucundino de Souza Andrade, Leandro Diniz de Faro Dantas, Adalberto Simeão Sobral110, Arthur Fortes111, Antonio Garcia Rosa, José de Andrade Carvalho112, Abdias Bezerra e Manoel José dos Santos Mello113 para iniciar as deliberações do Decreto nº. 16732-A, de 13 de janeiro. O diretor Alcebíades Correa Paes por motivo de doença não presidiu a sessão, sendo substituído pelo catedrático mais antigo, Luiz de Figueiredo Martins.

Nesta reunião a Congregação do Atheneu Sergipense também decidiu que o concurso da cadeira de Latim fosse posto em edital, chamando candidatos para seu provimento. Também solicitou que seus membros escolhessem e procedessem ao sorteio dos dez pontos para temática de uma das teses a serem apresentadas pelos concorrentes. Sendo assim, os examinadores organizaram e aprovaram a lista de pontos, cujos conteúdos elencados contemplavam todas as lições destinadas ao estudo da línguas latinas presentes no programa de ensino federal. Em seguida, o único candidato inscrito, Padre Alberto Bragança de Azevedo, sorteou o tópico nº 6, que versava sobre “ A voz passiva, em Latim. Construção pessoal e impessoal da voz passiva” (ATA DA CONGREGAÇÂO DO ATHENEU SERGIPENSE, 1926, Ref. 496FASS01).

109 Filho de Gonçalo Vieira de Melo e Maria Isabel Cotias de Melo, “nasceu no Aracaju a 4 de setembro de 1879. Habilitou-se em humanidades no Ginásio Sergipense, fez o curso médico na Faculdade da Bahia, recebeu o grau de doutor a 31 de dezembro de 190 [...]. Voltando ao seu Estado foi clinicar na vila de Japaratuba, [...]” (GUARANÁ, 1925, p. 440).

110Filho de Simeão Teles de Menezes Sobral e Luisa Francisca Accioly Sobral. “Nasceu em Japaratuba, a 2 de agosto de 1887. Depois de ter feito alguns preparatórios no Atheneu Sergipense, seguiu para Alagoas, matriculando-se, em março de 1903, no seminário Episcopal de Maceió, onde fez todos os estudos exigidos para a carreira que escolhera, concluindo-os pela ordenação a 12 de novembro de 1911. [...]. Por decreto de 24 de julho de 1916 foi nomeado adjunto da cadeira de Português do Atheneu Sergipense, promovido a catedrático por decreto de 30 de março de 1918, permutando com a de latim a 19 de abril do mesmo ano [...]” (GUARANÁ, 1925, p. 4).

111 Filho de Antonio Augusto Gentil Fortes e Antonia Junqueira Fortes. Nascido a 28 de julho de 1881 em Aracaju. Tem o curso de humanidades feito no Atheneu Sergipense[...]. “Por decreto de 15 de julho de 1916 foi nomeado professor vitalício da cadeira de história geral e do Brasil do Ateneu Sergipense e leciona no colégio Tobias Barreto história e francês e no Instituto América, francês e geografia desde a fundação de ambos” (GUARANÁ, 1925, p. 73). Para saber mais, consultar, Bezerra (1981), Soutelo (1990) e Oliveira (2015). 112 Farmaceútico e professor do Atheneu Sergipense nas cadeira de Química e Física (1924).

Quadro 12 - Lista de pontos da tese de ponto sorteado do concurso de Latim (1926)

Números Pontos

1º Theoria das declinações latinas 2º Theoria das conjugações latinas 3º Syntaxe de concordancia em Latim

4º Sytntaxe de complemento de logar em Latim 5º Syntaxe de complemento de tempo em Latim

6º A voz passiva em latim, construcção pessoal e impessoal da voz passiva 7º Syntaxe do dativo em Latim

8º Discuro directo (sratio recta) e discurso indireto (sratio obliquo) 9º Dependencias dos tempos ( consecutis temporium)

10º Theoria do verso latino, metrica

Fonte: Elaborado pela autora por meio das atas da Congregação do Atheneu Sergipense do ano de 1926.

No dia 3 de julho de 1926, a Congregação do Atheneu Sergipense se reuniu para organizar os encaminhamentos do concurso da cadeira de Latim, já que o prazo para a inscrição tinha se esgotado e apenas inscreveu-se, dentro do prazo, o candidato Padre Alberto Bragança de Azevedo. O concorrente entregou os documentos exigidos por lei, assim como os comprobatórios de suas habilidades para o provimento da referida cadeira, a saber:

1) Certidão de idade do candidato provando ser ele menos de 40 anos;

2) Seu diploma expedido pelo Bispado desta capital, atestando que o candidato fez o curso completo do Seminário Episcopal, condição que lhe dá, a ele, candidato, o mesmo direito, que as demais profissões diplomadas por escalas superiores, de acordo com a circular de 25 de setembro de 1925, do Diretor do Departamento e Ensino;

3) O número exigido por lei, de exemplares de duas teses, versando uma sobre o assunto sorteado por esta Congregação - A voz passiva, em Latim, construção pessoal e impessoal da voz passiva - e , a outra de livre escolha do candidato - Syntaxe do verbo esse;

4) Igual número de exemplares, de uma obra publicada pelo candidato- Estudos de Latim (ATA DA CONGREGAÇÂO DO ATHENEU SERGIPENSE, 3 de jul., 1926, p. 73, Ref. 496FASS01, grifos do secretário).

O único candidato inscrito, Padre Alberto Bragança de Azevedo, possuía formação superior e religiosa, cujos direitos eram os mesmos daqueles que continham profissões diplomadas. Vale lembrar que essa determinação representava um habitus anunciado no século XIX, onde os professores que regiam a cadeira de Latim estavam ligados a religião, principalmente da Igreja Católica. O concorrente também entregou cinco exemplares das duas teses: uma sobre o assunto sorteado pela Congregação do Atheneu Sergipense - “A voz passiva, em Latim, construção pessoal e impessoal da voz passiva” - e , a outra de livre escolha - “Syntaxe do verbo esse”. Em seguida, os documentos foram analisados, unanimemente aprovados e as inscrições encerradas (ATA DA CONGREGAÇÂO DO ATHENEU SERGIPENSE, 1926, Ref. 496FASS01).

Neste mesmo dia a Congregação do Atheneu Sergipense escolheu como membros examinadores das duas teses, os catedráticos e professores de Latim Adalberto Simões Sobral e Possidonio Pinheiro da Rocha, o ex professor de Latim e atual de Português Manoel Candido dos Santos Pereira e Leonardo Gomes de Carvalho Leite, professor de Instrucção Moral e Cívica. As arguições do candidato Alberto Bragança de Azevedo foram iniciadas no dia 2 de agosto de 1926. Os encaminhamentos do concurso de Latim prosseguiram no dia 3 de agosto do mesmo ano, no Palácio da Assembleia Legislativa para finalizar a arguição das duas teses, iniciadas no dia anterior, do único candidato inscrito (ATA DA CONGREGAÇÂO DO ATHENEU SERGIPENSE, 1926, Ref. 496FASS01.

Dentre as duas teses apresentadas localizei um exemplar da dissertação de livre escolha do candidato Alberto Bragança de Azevedo, “Syntaxe do verbo esse”. Este trabalho foi produzido no dia 7 de fevereiro de 1926, possuí noventa e sete laudas, cuja capa apresenta alguns dados como nome do autor, título da obra, finalidade, local de impressão e ano de publicação. Para tanto, a “These para concurso de professor cathedratico ATHENEU PEDRO II do Estado de Sergipe” elaborada pelo Estabelecimento Gráfico “Lins de Carvalho” (AZEVEDO, 1926, p. I), no mesmo ano citado. Na folha de ante rosto há uma dedicatória da obra “Ao corpo docente do Atheneu Pedro II” (AZEVEDO, 1926, p. III).

Figura 2 - Capa da tese de livre escolha do candidato Alberto Bragança de Azevedo no

concurso de Latim (1926)

Fonte: Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe

Na folha de rosto desta mesma tese alguns dados eram reiterados, principalmente quanto a finalidade da obra. Apresenta uma pequena descrição sobre Alberto Bragança de Azevedo, afirmando ser o autor “[...] presbytero secular do habito de São Pedro, natural da cidade de Laranjeiras, filho legítimo de Epimacho de Azevedo e Tereza Virgillia Bragança de Azevedo, a fim de obter a cadeira do 2º Anno de Latim” (AZEVEDO, 1926, p. V). Anuncia também que a dissertação versa sobre as “Doutrinas grammaticaes acerca do verbo ESSE na construcção da phrase latina” (AZEVEDO, 1926, p. V). Esses registros foram importantes porque revalidavam a autoria e os objetivos da obra.

Figura 3 - Folha de rosto da tese de livre escolha apresentada pelo candidato Alberto

Bragança de Azevedo no concurso de Latim (1926)

Fonte: Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe

A lauda seguinte registra os nomes do diretor, vice diretor, inspetor fiscal, corpo docente e auxiliar de ensino em exercício no Atheneu Sergipe até o dia 30 de junho de 1925. Anuncia que o concorrente sabia da presença dos trinta e um professores (vinte e sete catedraticos e quatro substitutos) e quais disciplinas eles regiam na instituição. Fato que, provavelmente, pode ser esclarecido quando Alberto Bragança de Azevedo foi nomeado por Ato nº. 319, de 11 de novembro de 1925 para substituir o catedrático de Latim, Possidonio Pinheiro da Rocha, durante seu afastamento para as funções em comissão do Governo.

A tese possuí além dos elementos citados outras partes, a saber: justificativa, sumário, lista de bibliografia consultadas, o texto da temática em questão e uma relação de obras publicadas. Nos escritos da primeira parte, “Justificação”, Alberto Bragança faz uma analogia entre o professorado e o sacerdócio por meio das palavras do Evangelho. Assim, investido pelas concepções dos sábios do Concílio de Niceia, voz da Igreja, os verbos ensinar e

aprender eram “exuberante demonstração do espírito superior orientado que ditou as grandezas da Boa Nova” (AZEVEDO, 1926, p. 12).

O Mestre disse aos seus queridos: Docete...

Ensinae.

Officio é, por sem duvida alguma, dos mais nobres e alcandorados extinguir trevas illustrar ignorancias, clarificar espíritos desfazer-se em luzes.

Docete... Ensinae.

Bem hajam quantas almas generosas que dão, de cotio, o melhor de suas boas energias, em prol da educação da mocidade.

Docete... Ensinae.

O mestre é gerador de obras monumentaes, porque em suas oficinas se formam operarios das bellas letras.

Docete... Ensinae.

Porque, pois, alienar do sacerdote o encargo de mestre? Porque separar o magisterio do ministerio sacerdotal?

Porque, alfim, fazer desapparecer a prerogativa que a simplicidade do povo já consagrou e estabeleceu?

O sacerdote ainda hoje é saudado com a formula com que lhe assiste a primazia - padre mestre.

Doutra feita, o Mestre quis nova inculcação, exclamando dest’arte: Discite...

Aprendei.

Dirigir coracõeszinhos pela senda é cerda do bem é escola de valor inestimavel. Discite...

Aprendei.

Levar povos de pé enxuto pelas aguas dos vexames do mundo é também escola de grande lucro espiritual.

Discite... Aprendei.

Ir ao encalço das creanças que se desviam das normas da boa athica é ainda escola de conhecimentos valorosos.

Discite... Aprendei.

Que é tudo isso senão aprender?

Não basta ensinar a ensinar; é mister ensinar a aprender, e aprender a ensinar; ensinando-se, aprendendo-se, ensinar-se.

Bem disse o Mestre: Docete...

Ensinae. Discite...

Aprendei. (AZEVEDO, 1926, p. 12-13)

O autor por meio das palavras do Evangelho acreditava haver uma relação entre ensinar e aprender, na qual o sacerdote além de catequisar pela palavra também aprendia por meio das letras. Com esta concepção, Alberto Bragança narrou a sua trajetória e o interesse de se inscrever no concurso da cadeira de Latim. Iniciou dissertando sobre os conhecimentos adquiridos dos seus mestres e o bom desempenho na disciplina quando estudou no Seminário

de Aracaju. Descreveu a importância de se tornar vitalício dessa cadeira no Atheneu Sergipense, uma vez que a regeu interinamente desde 11 de novembro de 1925, no momento em que o catedrático se afastou para assumir funções em comissão do governo. Ficou surpresso ao saber que o diretor solicitou os seus serviços ao Presidente do Estado, Maurício Graccho Cardoso, mas esclareceu não existir motivos para se envaidecer, pois tinha ciência de que todo aprendizado recebido, a partir do ano de 1914, estava sendo difundido entre seus alunos desde o início da sua carreira docente (AZEVEDO, 1926).

Modéstia á parte, tenho a mais absoluta convicção de que, sciente e consciente, me revesti da respeitavel toga de mestre e, sem desfallecimento, dediquei-me devotissimamente á formação intelectual dos allunos dos cursos de latim, sendo positivamente confortador o resultado que tenho alcançado visivelmente durante a minha interinidade no exercício dessa disciplina (AZEVEDO, 1926, p. 17).

Declarou que vinha se esforçando para atender as expectativas do diretor do Atheneu Sergipense, assim como conquistar a “simpatia” da Congregação e do inspetor federal. Para tanto, anunciou que foi bem conceituado por eles e como retribuição deste reconhecimento dedica a produção da tese a estes profissionais. Narrou também uma passagem que falava ao seu respeito, registrada nas colunas do Sergipe Jornal, de 11 de novembro de 1925, discorrendo sobre a tranquilidade em que se encontrava o Governo ao enviar um profissional tão bem recomendado (AZEVEDO, 1926).

Relatou que quando soube que o Governo da República baixaria um decreto reformando o ensino no Brasil, “[...] por força do qual se augmentou o numero de docentes da lingua latina” (AZEVEDO, 1926, p. 17) ficou muito “esperançoso” com a adptação do Atheneu Sergipense, cuja intenção era torna-se vitalício com vacância da cadeira de Latim diante as novas determinações regulamentares. Para tanto, dedicou-se em produzir e publicar obras em um jornal a partir do dia 2 de julho do mesmo ano, momento em que foi implementado o regimento interno da instituição, a fim de acumular credenciais para o concurso.

Alberto Bragança declarou que depois de inscrever no concurso de Latim leu muito, escreveu um pouco e aprendeu alguma coisa. Nas suas palavras, afirmou: “Persistirei em candidatar-me, porquanto creio sempre que seguirá a preocupação especial de avançar em conhecimentos, para mais rectos desempenhos de minhas funcções” (AZEVEDO, 1926, p. 18). Ainda continuou a dizer que, conhecia perfeitamente a “[...] grande necessidade de se remontar aos estudos das linguas orientaes, para se compreenheder menos mal latim”

(AZEVEDO, 1926, p. 19). Por fim, diz que o assunto da sua tese representava a paciência de como manuseou os mestres e que a escrita do verbo “esse” possuía falhas e imperfeições, embora tenha sido realizado com estudo e trabalho. Também confessou que naquele momento estava “revestido de paludamento do doce Mestre, cioso de ensinar e desejo de aprender” (AZEVEDO, 1926, p. 19), verbos que se comprometeu sempre conjugar no decurso da sua vida pública.

Quanto à organização do sumário, a obra estava estruturada em dezoito capítulos, versando sobre os diversos tópicos que tratavam sobre os tempos verbais, conjugações e sintaxe do verbo “esse”. Para contrução do texto da tese, o autor consultou trinta e sete livros de autores como Chassang, Antonie, Burnott, Camões, Ravizza, entre outros que dedicavam seus estudos ao Latim. No que se refere aos títulos publicados na impressa, Alberto Bragança conseguiu divulgar quinze artigos sobre assuntos latinos em formato de brochura, assim como noticiou treze trabalhos no jornal “Diário da Manhã”. Para tanto, confessa que não tinha condições para fazer apologia as produções que deviam ser resumidas no final da tese de livre escolha devido sua carência de recursos, sendo elas julgadas pelos professor de Latim Possidonio Pinheiro da Rocha e sociólogo Florentino Telles de Menezes114, que teceram inúmeros elogios.

Assim me dizia em carta o reverendo professor de latim:

‘Recebi hontem, o seu mimoso trabalho- Estudos de Latim, cuja leitura, em grande parte, fiz á noite e gostei.

Apreciei o seu estudo sobre - Fontes de informação

Bem sabe, e eu sou o primeiro a publicar, fallecer a mim a competência, em tudo e de modo particular na espécie.

Tivesse qualquer préstimo o meu juízo eu diria: o seu trabalho é bom e revelador do grande talento do seu autor’.

São estas as palavras escriptas com que me lisonjeou o sociologista sergipano: ‘Com prazer immenso recebi um volume dos Estudos de Latim que me tever a bondade de me offerecer.

Foi para mim um regio presente de cuja leitura instructiva muito lucrarei, pois o seu talento e illustração collocam-no entre os mais distinctos intellectuaes de nossa terra’ (AZEVEDO, 1926, p. 66).

114 Nascido em Aracaju, no dia 7 de novembro de 1886, cujos pais foram Álvaro Teles de Menezes e Francina da Glória Muniz Teles de Menezes. “Iniciou os estudos de humanidades na Bahia, concluindo-os em Aracaju [...]. Foi o iniciador da ideia da fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e recebeu a medalha de ouro da Sociedade. Acadêmica de História Internacional de Paris, como uma honrosa distinção pelo seu livro

Estudo Corográfico, condecorouo ainda com a medalha de prata pela publicação das Leis da Sociologia. Doutor

em sociologia; [...]. Fundou, em 1918, o Centro Socialista Sergipano [...]” (GUARANA, 1925, p. 167-168). Para saber mais, consultar Alves e Costa (2006), Rodrigues (2015) e Oliveira (2015).

Ao analisar a tese foi possível perceber o capital cultural apropriado por Alberto Bragança de Azevedo ao longo dos seus estudos de Latim, além da “relação de poder e saber” garantido pelos seus conhecimentos durante a produção deste trabalho. Os elogios pronunciados pelos professores Possidonio Pinheiro da Rocha e Florentino Telles de Menezes retratavam o tipo de profissional e como ele estava comprometido com as suas funções de professor. No entanto, algo me faz pensar que parte da dissertação que tratava da escrita da justificativa constituía uma estratégia do candidato para ser habilitado no concurso da cadeira vaga, pois havia uma preocupação imediata do autor em revelar a base de sua formação e trajetória docente por meio dos estudos latinos.

Retornando aos encaminhamentos do concurso de Latim, no dia 3 de agosto de 1926, no Palácio da Assembleia Legislativa, a Congregação do Atheneu Sergipense finalizou as arguições do candidato sobre as duas teses, iniciadas no dia anterior por meio da dissertação de ponto sorteado. Ao final dessa etapa, houve uma reunião para nomear novos examinadores destinados a dirigir e acompanhar a prova prática, assim como organizar uma lista de 30 pontos, escolhidos da obra de um autor clássico latino, onde o concorrente prestava leitura e interpretação do ponto sorteado na ocasião do exame.

A comissão examinadora estava composta pelos catedráticos Manoel José de Santos Mello (Química e Física), Luiz de Figueiredo Martins (Geografia Geral, Corografia do Brasil, Noções de Cosmografia e Cosmografia), Leandro Diniz de Faro Dantas (Francês e Desenho) e Clodomir de Souza e Silva115 (Português). Cabe dizer que, os examinadores não possuíam formação em Latim, tampouco ministraram aulas nesta a cadeira. Os trinta pontos da prova prática foram elencados do livro “Eneida” de Virgilio Morão, sendo aprovados pelos professores presentes unanimemente.

Nº 1 livro 222 - pag 50 de nº 365 a 385 Nº 2 livro 222 - pag 58 de nº 465 a 485 Nº 3 livro 222 - pag 61 de nº 485 a 505 Nº 4 livro 222 - pag 75 de nº 695 a 715 Nº 5 livro 222 - pag 81 de nº 725 a 745 Nº 6 livro 222 - pag 114 de nº 335 a 355

115“Filho de Eugênio José da Silva e D. Argemira de S. Pedro e Silva, nasceu no Aracaju a 20 de fevereiro de 1892. Estudou preparatórios no “Ateneu Sergipe”, estabelecimento que deixou de freqüentar no quinto ano, depois da reforma Rivadávia” que estabeleceu os exames vestibulares nas escolas superiores. [...]. A 30 de março de 1918 foi nomeado professor adjunto da cadeira de português do Ateneu Sergipense, sendo depois designado para ter exercício na Escola de Comércio “Conselheiro Orlando”, quando foi criado o referido estabelecimento, onde leciona atualmente (1924). Foi um dos fundadores do “O Necydalus”, de que foi diretor e redator do “Correio de Aracaju”, de 1911 a 1918. [...]” (GUARANÀ, 1925, p. 102-103). Para saber mais, consultar Vidal (2009) e Rodrigues (2015).

Nº 7 livro 222 - pag 117 de nº 385 a 405 Nº 8 livro 222 - pag 120 de nº 425 a 445 Nº 9 livro 222 - pag 122 de nº 455 a 475 Nº 10 livro 222 - pag 124 de nº 490 a 510 Nº 11 livro 222 - pag 127 de nº 525 a 545 Nº 12 livro 222 - pag 129 de nº 550 a 570 Nº 13 livro 222 - pag 131 de nº 585 a 605 Nº 14 livro 222 - pag 133 de nº 615 a 635 Nº 15 livro 222 - pag 135 de nº 645 a 665 Nº 16 livro 222 - pag 137 de nº 675 a 695 Nº 17 livro 222 - pag 139 de nº 705 a 725 Nº 18 livro 222 - pag 141 de nº 725 a 745 Nº 19 livro 222 - pag 143 de nº 755 a 775 Nº 20 livro 222 - pag 144 de nº 775 a 795 Nº 21 livro 222 - pag 149 de nº 10 a 30 Nº 22 livro 222 - pag 152 de nº 45 a 65 Nº 23 livro 222 - pag 158 de nº 90 a 110 Nº 24 livro 222 - pag 161 de nº 115 a 135 Nº 25 livro 222 - pag 163 de nº 130 a 150 Nº 26 livro 222 - pag 164 de nº 140 a 160 Nº 27 livro 222 - pag 167 de nº 180 a 201 Nº 28 livro 222 - pag 171 de nº 225 a 245 Nº 29 livro 222 - pag 174 de nº 270 a 290

Nº 30 livro 222 - pag 176 de nº 280 a 300 (ATA DA CONGREGAÇÃO DO ATHENEU SERGIPENSE, 3 de ago., 1926, p. 76-76v, Ref. 496FASS01).

No dia seguinte, 4 de agosto de 1926, o candidato realizou a prova prática sobre o ponto nº. 27, do livro 222, intitulado como “Eneida” de Virgilio Morão, da página 167, tratando das lições localizadas entre os números 180 a 201. Esse exame seguia os atributos do Art. 337, §1º do Regulamento Interno do Atheneu Pedro II, onde o concorrente dissertava sobre o tópico sorteado dentre os do programa de ensino de Latim, conforme as determinações dos Arts. 342 e 343 do citado regimento. Sendo esse processo avaliado pela comissão examinadora, a Congregação do Atheneu Sergipense redigia um relatório para ser lido posteriormente entre os presentes.

Cumprindo o determinado no art. 132, combinado com os arts. 141, 153 e 193 do Dec. estadual nº 40, de 2 de julho de 1926, que comprendiam as disposições do Dec. federal nº 16732A, de 13 de janeiro de 1925 e do regimento interno do Collegio Pedro II, vem dar a Congregação do Atheneu Pedro II o seu relatorio a commissão