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MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE À CONTAMINAÇÃO DOS AQÜÍFEROS: UMA ANÁLISE CRÍTICA

5.4.1 CONDICIONANTES Capacidade de Atenuação do Solo

A capacidade de atenuação do solo qualifica o que ao mesmo tempo configura-se como a primeira e última fronteira de defesa natural que o meio tem em impedir de forma eficaz a entrada ou o avanço de um agente contaminante. É caracterizada principalmente pela interação existente entre os parâmetros solos, recarga e declividade (Tabela 5.19).

- Solo (S)

Se os processos atenuantes têm grande responsabilidade na avaliação da vulnerabilidade, o solo atua de forma ímpar nesse processo. São os tipos de solos que determinam e controlam os processos iniciais de infiltração induzidos por suas características composicionais, texturais, matéria orgânica, capacidade de troca catiônica, conteúdo e composição de argila, e atividade biológica.

- Recarga (R)

Sendo o principal veículo introdutor de um potencial agente contaminante, a recarga tem influência decisiva na qualificação da avaliação da vulnerabilidade, apesar de ser o único parâmetro não inerente ao meio. Áreas com as mesmas características físicas podem ser eleitas com graus de vulnerabilidade devida somente a presença ou não da recarga ocasionada pela

Tabela 5.19 - Tabela de índices de potencial poluidor dos parâmetros do método SORETO.

- Resistência Vertical ao Fluxo

Após a entrada do contaminante no meio as forças matriciais e gravitacionais passam a controlar os processos de infiltração e consequentemente o tempo de trânsito do agente contaminante até atingir o nível estático. Ambas as forças também refletem a interação de parâmetros que caracterizam a zona vadosa.

- Zona Vadosa (I)

São as características dessa zona que integradas determinam o potencial de resistência a um fluxo vertical de um agente contaminante. Os principais fatores determinantes são o conteúdo de argila, a capacidade de troca catiônica, a espessura e condutividade hidráulica da(s) camada(s).

- Profundidade do Nível Estático (D)

Esse parâmetro determina indiretamente o tempo de trânsito de um potencial agente contaminante em alcançar a água subterrânea. Locais com níveis mais profundos contribuem com a eliminação de certos agentes patogênicos devido ao um maior tempo de permanência na zona vadosa.

Zona Saturada Profundidade

do NE (m) Índice Índice Índice

0-1,5 10 Sedimentar Arenoso 0 < 10-5 cm/s -2 1,5-3,0 7 Sedimentar Argiloso 4 10-5 - 10-3 cm/s -1 3,0-5,0 5 Litoti po Ígneo/Metamórfico 5 Cond uti vida de Hi dr áu lica > 10-3 cm/s 0 > 5,0 2 Vadosa Solo Índice (mm/ano) Recarga Índice dade (%) Declivi- Índice

Índice Índice

Latossolo;

Espodossolo. 3 0-50 1 0-8 10 < 5,0 cmolc kg–1 -2 Sim -2

Neossolo. 10 50-150 3 8-30 5 5,0-25,0 cmolc kg–1 -1 Cambissolo. 8 150-300 5 > 30 1 CTC > 25,0 cmolc kg–1 0 C onf in a- m ento Não 0 Argissolo; Nitossolo; Planossolo 2 > 300 10 < 7,4 g.kg–1 -2 < 10-5 cm/s -2 Plintossolo; 3-5 7,4-30,0 g.kg–1 -1 10-5-10-3 cm/s -1 Organossolo; Gleissolo. 1 MO > 30,0 g.kg–1 0 C ond uti vida de Hi dr áu lica > 10-3 cm/s 0 Luvissolo; Vertissolo. 4

- Transporte de Contaminantes

Considera-se que a advecção como o principal fator controlador do transporte de contaminante em comparação com a dispersão e as reações químicas. Sendo assim, tal condicionante retrata as características da zona saturada que atuam sobre o comportamento do agente contaminante. Considera-se que nessa zona os litotipos e a condutividade hidráulica terão papel condicionante no transporte de contaminantes comparado com outros fatores como as características específicas do agente poluidor. Essa premissa visa realçar uma avaliação qualitativa da migração pela advecção tornando a análise mais simples enquanto uma análise mais complexa deverá considerar outros processos físicos como a sorção, dispersão e reatividade.

5.4.2 - Índices

O equacionamento proposto para o método SORETO inclui adaptações de alguns parâmetros às condições ambientais tropicais, além de modificações em intervalos de índices adotados pelos métodos tradicionais. As principais adaptações ocorreram nos tipos de solo que são enumerados pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006) e zona vadosa que passa a ter considerado a presença de matéria orgânica e capacidade de troca catiônica. Já as modificações concentram-se nos parâmetros recarga, declividade, profundidade do nível estático e condutividade hidráulica. Esse último parâmetro passou a ser analisado tanto na zona vadosa do ponto de vista de resistência vertical quanto na migração na zona saturada.

5.4.3 - Pesos

Com o intuito de realçar ou equilibrar a importância de determinado parâmetro hidrogeológico, normalmente, os métodos tradicionais aplicam um valor constante (peso). Os menores valores associam-se a parâmetros tidos como de menor importância para a avaliação da vulnerabilidade e os maiores valores realçam os parâmetros mais importantes.

Atenuação Res. Vert. Transporte Tal equacionamento e outras variações testadas levaram a resultados (item 5.5) muito semelhantes aos obtidos com aplicação dos métodos DRASTIC, SINTACS e GOD, apesar desses métodos executarem uma ponderação e/ou uma hierarquização diferenciada do método SORETO. Na tentativa de se obter uma explicação razoável para tal questão foi testado um equacionamento sem considerar a possibilidade da existência de uma hierarquia de importância dos parâmetros da vulnerabilidade, ou seja, foram retirados todos os pesos até então utilizados para que somente a propriedade da adição tivesse efeito sobre a operação.

O resultado dessa adição mais uma vez se aproximou de todos aqueles produtos já obtidos, induzindo a conclusão de que os pesos aplicados aos respectivos parâmetros com o intuito de realçar ou equilibrar a importância de determinado parâmetro não tem o efeito desejado como estão equacionados.

Partindo dessa nova premissa e após várias possibilidades testadas e, comparadas com o conhecimento do comportamento dos diversos parâmetros na área de pesquisa, obtiveram-se resultados bastante satisfatórios quando somente foram aplicados pesos aos parâmetros com maiores resoluções de amostragem. Logo, o intuito dessa vez foi o de objetivamente realçar qualquer parâmetro que em sua informação inicial já trazia uma maior resolução espacial.

Sendo assim, para a área de pesquisa o 2º conjunto de pesos diferenciados avaliados para o método SORETO implicou no seguinte equacionamento:

{So + Re x 3 + To x 3 + I x 3 + D x3 + A + C} Eq.5.2

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