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A cúpula da terra teve transferida a sua sede do Rio de Janeiro para Johannesburgo, na África do Sul, que se realizou entre 26 de agosto à 4 de setembro de 2002. A aprovação do evento pela Assembléia das Nações Unidas se deu pela Resolução n.55/199.

O propósito desta Conferência foi reavaliar os compromissos assumidos na ECO 92, relacionado como principais questões debatidas sobre a problemática ecológica, à luz das dificuldades enfrentadas pelos países pobres e a responsabilidade das nações desenvolvidas.

1.3.1 Antecedentes à Conferência de Johannesburgo

Foram realizados dois Fóruns de discussão: um realizado em Bali, na Indonésia, e outro, realizado no Rio de Janeiro, na tentativa de salvaguardar o evento de Johannesburgo, evitando que o tema da pobreza ofuscasse as discussões sobre o meio ambiente e desenvolvimento. Durante a preparatória de Bali, os representantes dos países subdesenvolvidos acusaram os ricos, liderados pelo EUA, de tentar retroceder em tópicos já definidos na ECO-92. Na preparatória do Rio +10, o Brasil teve dimensão política, principalmente, por reunir chefes de Estado da Suécia, do Brasil e da África do Sul, sedes das grandes Conferências Ambientais da ONU de 1972,1992 e 2002, demonstrando os três Estados estarem cientes de suas responsabilidades. O Presidente Fernando Henrique Cardoso disse “que a globalização aumentou a pobreza, a assimetria Norte-Sul e a deterioração do planeta” (Folha de São Paulo ,24.06.2002, p.10).O Presidente Fernando Henrique Cardoso fez críticas às resistências e comportamento dos líderes que deveriam ter visão do futuro, face à postura do governo dos EUA de se negar a assinar o Protocolo de Kyoto, retirando-se das negociações, sob a alegação de danos à economia, já que o acordo internacional prevê a redução das emissões de gás carbônico, o principal gás causador do efeito estufa, produzido pelos países desenvolvidos. Os Estados Unidos são os principais emissores de gás carbônico, cerca de 25% do total das emissões.

1.3.2 Posição do Governo Brasileiro

O Brasil avançou nas negociações do protocolo de Kyoto propondo o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) a fim de alcançar as metas de redução de emissões propostas pelo Protocolo.

A expectativa da atual Conferência foi de avaliar o progresso feito na década transcorrida desde a ECO-92, em relação à questão ambiental.

Os resultados esperados versam sobre a convenção da biodiversidade, a convenção sobre o clima (efeito estufa), a declaração dos princípios sobre florestas (garantia dos Estados soberanos utilizar as florestas de maneira sustentável), e a implementação da Agenda 21(que inclui determinações da ajuda de nações ricas a países pobres).

O encontro da Cúpula da Terra terminou com críticas feitas pelas ONGs ambientalistas, pois as metas não foram especificadas, com prazos não definidos, com carência de procedimentos e critérios para atingir os objetivos atinentes à questão ambiental.

Denota-se que houve avanços na consciência dos negociadores, mas falta-lhes praticidade na implementação das negociações, já que tem que haver concordância de todos, porém os impasses irão existir. Isto ficou constatado na proposta brasileira em relação à energia renovável, que foi reduzida por causa das exigências de outros países. Discute-se a possibilidade da criação da Organização Mundial do Meio Ambiente, pois fala-se na crise do sistema multilateral das decisões ONU, com intuito de obter avanço nas negociações.

O encontro gerou dois documentos que serão implementados: o plano de implementação e a declaração política, que diz respeito às nações ricas, para que façam esforços concretos para conceder 0,7 % de seu PIB aos países em desenvolvimento, objetivo marcado há mais de dez anos na Eco-92. Em relação ao plano de implementação, foram reafirmados os compromissos adotados na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), onde estava previsto negociar até 2004 a redução progressiva dos subsídios aos produtores dos países desenvolvidos, não sendo fixadas metas concretas.

Em síntese os resultados da Rio +10 foram os seguintes: Energia:

Promover fontes limpas de energia, como a solar, eólica e de pequenas hidrelétricas, mas sem metas e prazos. Os Estados devem melhorar o acesso da população à energia.

Água e Saneamento:

Reduzir pela metade o contingente de dois bilhões de pessoas sem saneamento básico e o de um bilhão e duzentos de pessoas sem acesso a água tratada no mundo até 2015.

Ajuda aos pobres:

Reconhecimento da necessidade de aumentar a ajuda aos pobres e reforço para que os países ricos destinem 0,7 % do PIB às nações em desenvolvimento.

Responsabilidade comum:

Este princípio encontrava-se consagrado na ECO-92, porém a responsabilidade comum deve ser diferenciada , já que todos países precisam salvar o planeta, gerando consciência coletiva, assim, nada mais justo, que aqueles países que poluem mais, arquem com maior financiamento.

Diversidade biológica:

Houve comprometimento dos países de reduzir até o ano de 2010 a perda e exploração de sua biodiversidade, ou seja, reduzir a extinção de animais e plantas raras.

Produtos Químicos:

Os produtos químicos serão fabricados e usados até 2020, de forma que os impactos sejam minimizados, tanto aos humanos como ao meio ambiente. Quanto ao lixo químico deverá receber tratamento apropriado.

Saúde:

Foi referendada a garantia de que o acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC), no que diz respeito a quebra de patentes de medicamentos, não pode impedir que países em desenvolvimento fabriquem e forneçam remédios para todos os países pobres que deles necessitem.

Comércio:

Os países ricos comprometeram-se a diminuir os subsídios de seus produtos, facilitando o acesso dos produtos vindos dos países em desenvolvimento a seus mercados, porém, não estabeleceram as metas.

O fechamento da Cúpula da terra trouxe um ótimo acordo para o governo brasileiro, no que se refere à preservação da Floresta Amazônica, que através do Programa Áreas Protegidas da Amazônia/ ARPA, garante um prazo de conservação ambiental de uma área que corresponde a 12 % do total da Amazônia.

Dentro do plano de implementação da Agenda 21, que inclui o uso de fontes renováveis de energia, teve destaque a proposta de “Iniciativa Brasileira de energia”, segundo a qual 10% da energia gerada no mundo deve vir de fontes renováveis até 2010, reforçando compromissos para que os objetivos da Agenda 21 sejam alcançados, reforçando o perigo do aquecimento global, já protagonizado pelo Protocolo de Kyoto (Japão), desde de 1997, que formulava metas de redução na emissão de gás carbônico pelos países do hemisfério norte e a liberação de tais metas para os países do sul, evitando obstáculos ao processo de desenvolvimento. Porém, para que o Protocolo de Kyoto começasse gerar efeitos jurídicos, precisaria ser ratificado por 55% dos países cujas taxas de emissão ultrapassem os limites permitidos. O G-7 dos poluidores encontra-se formado pelos Estados Unidos, China, Rússia, Alemanha, Inglaterra, Índia, Japão, sendo estabelecida a meta de redução de 5,2 % do total das emissões, já que estes países contam com 20% da população mundial e respondem por 80% do despejo de gás carbônico na atmosfera. Os Estados Unidos concorrem com 25% da produção total de gás carbônico, não tendo o apoio do Governo Bush, o qual abre precedentes para Rússia, Japão, Canadá e Austrália. Salienta-se que entre o grupo dos países ricos, somente a União Européia propõe reduzir suas taxas em 15% até 2010, empenhando-se em ratificar o Protocolo Kyoto, cuja proposta é dar eficácia ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, o que

permitirá, na prática repartir o custo do combate à mudança do clima de acordo com a efetiva responsabilidade de cada país na produção de gases causadores do efeito estufa, principal responsável pela mudança climática. Há provisão de um fundo de desenvolvimento limpo que tem por base o princípio do “poluidor-pagador”, cujos recursos financeiros permitirão cobrir ações preventivas nos países em desenvolvimento, combatendo os estilos perdulários de desenvolvimento econômico.

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