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7.5 Estudo de localização e roteirização

7.5.1 Configuração da rede

A configuração da rede constitui-se como o primeiro aspecto em um estudo de localização e roteirização usando o TRANSCAD. Neste trabalho, a rede foi configurada de acordo com os cenários propostos que consideraram aspectos diferentes em relação à origem do fluxo de materiais, a transferência de cargas e a adesão dos clientes.

Nos cenários 1 e 2, a origem do fluxo de produtos foi determinada pelos pontos representados pelos centros de distribuição das empresas. Já no cenário 3, a origem do fluxo foi definida pelos pontos de consolidação.

Nos cenários 2 e 3 a rede era composta pelos terminais de apoio, diferentemente do cenário base que não possuía esta estrutura de transferência de cargas. Em todos os cenários, foram realizadas variações na quantidade de varejistas, o que modificou a demanda dos clientes atendidos pelo modelo de CDU nas configurações híbrida, base e de pontos de consolidação. Assim, para cada variação dos cenários apresentados, foi configurada uma rede específica que fundamentou os estudos de localização e roteirização e, consequentemente, as análises realizadas.

A FIG 7.8 apresenta a árvore de decisão que orientou a formatação da configuração de cada rede. Observa-se que a rede foi influenciada pela variação de três componentes, conforme ressaltado anteriormente, ou seja, cenário, número de terminais de apoio e demanda dos clientes. Para exemplificar, uma rede foi composta pelo cenário base e uma rede representada por 100% dos clientes; em outro caso, foi formatada uma rede para o cenário com pontos de consolidação considerando 1 terminal de apoio e uma rede de atendimento composta por 47% dos clientes

analisados. Desta forma, neste trabalho foram configuradas 44 redes que serviram de base para os estudos de localização e roteirização e para as análises dos parâmetros econômicos e ambientais.

Figura 7.8: Árvore de decisão para o escopo das configurações da rede

Após a definição do escopo das redes, foi realizada a inserção dos nós, compostos pelos centros de distribuição das empresas, pontos de consolidação, varejistas e terminais de apoio. Os dois primeiros foram constituídos por pontos fixos posicionados seguindo as determinações de localização descritas na seção 6.5. Já a determinação da localização dos dois últimos foi realizada de acordo com o cadastro de imóveis da cidade.

Em relação aos varejistas, o cadastro de imóveis da região estudada aponta a existência de 13.730 estabelecimentos comerciais, incluindo bares, restaurantes, lojas de vestuário e de calçados, entre outros (PBH, 2010). Este trabalho considerou empresas com uma área total entre 20 e 500 m2, perfil observado através da pesquisa de preferência declarada e a observação visual dos empreendimentos da região, totalizando 3.787 pontos de demanda para a rede do TRANSCAD. É importante mencionar que a variação da adesão dos varejistas refere-se à probabilidade de escolha de cada um deles em relação à participação no modelo de CDU. A inserção dos varejistas na rede do TRANSCAD dos cenários com 82%, 60% e 47% foi feita de maneira aleatória, respeitando cada nível de adesão.

No que se refere aos terminais de apoio, o cadastro apontou a existência de 2.130 galpões, que foram segmentados de acordo com a área do terreno utilizada. Nesta pesquisa foram considerados empreendimentos com área total entre 1.000 e 10.000 m2, dimensão considerada

79 interessante para um terminal de apoio, totalizando, assim, 269 pontos. Vale destacar que todos os pontos identificados já possuem alguma destinação comercial, industrial ou de prestação de serviços e existe uma escassez de terrenos vazios na região analisada por se tratar de uma área de elevado contingente populacional e alto custo da terra. A população pode ter resistência em relação à mudança de atividade de alguns tipos de empreendimentos como, por exemplo, o caso de igrejas, quadras e clubes esportivos e escolas. Assim, foram excluídos (da amostra inicial de 269 pontos) os imóveis que tinham destinação de grande interesse público. Após esse refinamento, determinou-se 146 pontos candidatos na rede, que constituiu a base para o estudo de localização dos terminais de apoio.

Após a alocação dos nós na rede, foi necessário determinar a demanda dos varejistas e a quantidade de produtos que partiria da origem de cada fluxo de materiais, ou seja, a proporção da demanda dos clientes atendidos pelos nós representativos dos pontos de consolidação e os centros de distribuição das empresas.

O método para o cálculo da demanda dos varejistas baseou-se nos dados da pesquisa de preferência declarada (PD), utilizada também no modelo de adesão, e a distribuição espacial do comércio de acordo com a lista telefônica da região analisada. Primeiramente, estipulou-se o volume mensal de entregas por tipo de estabelecimento baseando-se na PD. Os tipos de estabelecimentos identificados nesta pesquisa foram classificados como alimentício (açougue, supermercado e lojas de conveniência), vestuário (lojas de calçados, confecções, tecidos e roupas) e outros (produtos para animais, bancas de jornais, eletrodomésticos e informática). Este volume foi calculado de acordo com os dados da frequência diária de entregas, número de entregas em cada dia de recebimento de pedidos e quantidade de caixas entregues no processo de descarga de mercadorias para cada tipo de comércio analisado. A TAB 7.2 mostra os valores médios que fundamentaram estes cálculos.

Tabela 7.2: Valores médios da base de cálculo da demanda dos varejistas

Tipo de Comércio Frequência Número de

Entregas Quantidade de Caixas

Volume Médio (Mês)

Alimentício 0,73 2 2,5 69

Vestuário 0,21 1,87 2 33

Outros 0,60 1,55 2,09 20

No passo seguinte deste método, foi determinada a quantidade total de pontos comerciais entre 50 e 500 m2 seguindo dados do cadastro de IPTU do município. Em seguida, verificou-se a proporção dos tipos dos estabelecimentos comerciais de acordo com um levantamento na lista telefônica da região analisada. A TAB 7.3 mostra a quantificação total e relativa do comércio por tipo de comércio e região.

Tabela 7.3: Quantificação dos varejistas por tipo de comércio

Região Alimentício Vestuário (%) Outros (%) Total

Relativa Total Relativa Total Relativa Total

Centro 6% 68 54% 614 40% 456 1.138 Floresta 7% 13 18% 33 75% 139 185 Funcionários 2% 5 71% 170 27% 65 240 Savassi 2% 15 71% 516 27% 196 727 Lourdes 2% 9 68% 301 30% 132 442 Santa Efigênia 4% 14 54% 184 42% 144 342 Santo Agostinho 2% 5 65% 151 33% 77 233 Barro Preto 2% 9 80% 367 18% 83 459

Por fim, de acordo com o volume médio mensal, mostrado na Tabela 5, e a proporção de cada tipo de estabelecimento nas regiões analisadas, conforme Tabela 6, foi calculada a demanda diária por tipo de empreendimento e por região, dividindo-se a demanda mensal pelo número de dias operacionais em um mês (esta pesquisa considerou 22 dias) totalizando 4.507 caixas entregues por dia. Estes valores foram inseridos na rede (network) do TRANSCAD. A FIG 7.9 apresenta a distribuição da demanda por bairro e por tipo de negócio.

Figura 7.9: Distribuição da demanda por bairro e por tipo de comércio

Conforme anteriormente mencionado, a adesão dos varejistas refere-se à probabilidade de escolha de cada um tendo em vista a participação no modelo de CDU. É importante destacar que a demanda total dos clientes do cenário com 82% de adesão, por exemplo, não necessariamente é representada por 82% da quantidade total dos produtos, uma vez que cada nó possui características distintas em relação à sua demanda, determinada de acordo com o tipo de empreendimento. A

81 demanda dos varejistas por cenários de adesão foi de: 4.507 para 100% de adesão, 3.550 para 82% adesão, 2.592 para 60% de adesão e, por fim, 2.061 para 47% de adesão.

Já o método para o cálculo da quantidade de produtos que partiria dos nós definidos como pontos de consolidação e centros de distribuição seguiu as considerações mencionadas na seção 6.5 (Análise de Cenários) tendo como referência também a demanda total dos varejistas, descrita anteriormente.

A TAB 7.4 apresenta a demanda atendida pelos pontos de consolidação para cada nível de adesão dos varejistas. Os pontos 1 a 4 representam os nós, definidos na descrição deste cenário (realizada no item 6.4.2.1).

Tabela 7.4: Demanda atendida pelos pontos de consolidação Ponto de

Consolidação

Proporção de Varejistas

Variação da adesão dos varejistas

100% 82% 60% 47% 1 8% 360 284 207 165 2 59% 2660 2094 1531 1216 3 21% 946 746 544 433 4 12% 541 426 310 165 Total 100% 4507 3550 2592 2061

A TAB 7.5 apresenta a demanda atendida pelos centros de distribuição do cenário híbrido para cada nível de adesão dos varejistas. Os pontos 1 a 3 representam os nós definidos na descrição deste cenário realizada no item 6.4.2.2.

Tabela 7.5: Demanda atendida pelos centros de distribuição do cenário híbrido Híbrido Proporção de

Varejistas

Variação da adesão dos varejistas

100% 82% 60% 47%

1 72% 3245 2556 1866 1484

2 10% 451 355 259 206

3 18% 811 639 467 371

Total 100% 4507 3550 2592 2061

A TAB 7.6 apresenta a demanda atendida pelos centros de distribuição do cenário base para cada nível de adesão dos varejistas. Os pontos 1 a 3 representam os nós definidos na descrição deste cenário realizada no item 6.4.1. É importante destacar que a adesão dos varejistas para este cenário é um valor complementar à adesão dos cenários anteriores. Isto significa que a demanda de todos os varejistas foi atendida nas simulações realizadas, mesmo nos cenários em que a adesão ao CDU foi inferior a 100%. Neste caso, os varejistas tiveram sua demanda atendida pela configuração definida no cenário base.

Tabela 7.6: Demanda atendida pelos centros de distribuição do cenário base Base Proporção de

Varejistas

Variação da adesão dos varejistas

100% 18% 40% 53%

1 72% 3245 689 1379 1761

2 10% 451 96 191 245

3 18% 811 172 345 440

Total 100% 4507 957 1915 2446