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Capítulo 3 – Metodologia: fundamentação e procedimentos

3.2 Objectivos do estudo

3.3.2 Configuração do questionário

O questionário é constituído por duas partes distintas, antecedidas de uma parte introdutória inicial contendo a explicação acerca dos objectivos, finalidade e destinatários deste instrumento de recolha de informação, bem como a afirmação da salvaguarda do anonimato e da garantia de confidencialidade dos dados recolhidos. Na primeira parte, são pedidas informações sobre dados pessoais e profissionais dos inquiridos. Na segunda parte, é pedido que dêem expressão às suas opiniões relativamente ao assunto em estudo.

Quanto à primeira parte (dados pessoais e profissionais), foram pedidas informações relativas a cada inquirido, conforme a seguir se esclarece.

Questões 1., 2., 3., 5. e 6. – Estes dados (idade, número de anos de serviço na função docente, habilitações académicas, nível de ensino leccionado e situação

profissional) poderiam não ser absolutamente determinantes para explicar diferenças nas actuações dos coordenadores, mas poderiam também ter algum significado e, pelo menos, ajudariam a contextualizar melhor o estudo, não exigindo, por outro lado, grande esforço de preenchimento.

Questão 4. – Área(s) em que possui formação suplementar / especialização – esta informação poderia ser bastante importante; foram apresentadas como possibilidades as áreas de formação que a lei prevê como preferenciais para o exercício do cargo de coordenador de departamento, tendo sido deixada em aberto a possibilidade de ser acrescentada uma outra área qualquer diferente destas.

Questão 7. – O número de anos de permanência na escola poderia ser importante para saber até que ponto a pessoa em questão apresentava condições para conhecer devidamente a organização que integra, bem como para possuir uma visão estratégica para essa mesma organização.

Questões 8. e 9. – O número de anos de exercício do cargo poderia ser importante para perceber as dinâmicas criadas no seu exercício; também poderia ter influência na forma de desempenhar um cargo a experiência acumulada em outros cargos, interessando-nos uns mais que outros (por exemplo: membro do conselho executivo, orientador de estágio ou delegado/subdelegado/representante de disciplina ou de grupo disciplinar).

Ponderámos acerca da possibilidade de incluir entre estes dados a área de formação inicial e/ou o grupo disciplinar dos inquiridos, embora tenhamos acabado por decidir não o fazer, pelas razões a seguir expostas. Uma vez que teríamos de recorrer aos conselhos executivos a fim de obter autorização para a aplicação dos questionários, bem como solicitar o seu apoio logístico para a distribuição e recolha dos mesmos, entre os coordenadores de departamento, reflectimos acerca da salvaguarda do anonimato dos respondentes, que estaria imediatamente comprometido se esses dados tivessem sido expressos – cada coordenador, ao identificar a sua área de formação inicial, ou o grupo disciplinar a que pertencia, estaria automaticamente a identificar-se, nomeadamente perante os seus pares, ou perante o conselho executivo. Assim, para garantir a maior liberdade de resposta possível aos inquiridos, garantindo que não estariam a expor a sua identidade, caso não o pretendessem fazer, decidimos não incluir no levantamento dos dados pessoais / profissionais os itens em questão.

O mesmo motivo pode ser evocado para a não inclusão de um item acerca do departamento coordenado. Uma questão relativa a este assunto provocaria, contudo,

ainda um outro tipo de problemas: é que o figurino dos departamentos curriculares não é idêntico em todas as escolas. Aproveitando a margem de liberdade concedida a cada estabelecimento de ensino, no contexto dos diplomas legais que fundamentam a autonomia, os grupos disciplinares, ao juntarem-se em departamentos, seguiram, muitas vezes, lógicas diferentes, conforme os interesses e as necessidades de cada escola. Assim, e apenas a título de exemplo, encontrámos a disciplina de Língua Portuguesa, em algumas escolas, agrupada conjuntamente com o Francês, o Inglês e, porventura, outras línguas estrangeiras, num departamento único abrangendo todas as línguas; em outras escolas, vimo-la agrupada com a História, a Geografia e a Educação Moral e Religiosa Católica. Situações semelhantes ocorrem com outras disciplinas. Como tal, e porque os departamentos não têm constituição idêntica em todas as escolas, não nos pareceu adequado pedir que fossem identificados.

Passamos, de seguida, a explicitar os argumentos que fundamentam a organização da segunda parte do questionário.

A tarefa de construção de um questionário que permitisse obter informações sobre a matéria em estudo, ou seja, as práticas de supervisão no exercício do cargo de coordenador de departamento curricular, segundo a apreciação de quem desempenha esse mesmo cargo, decorreu em várias etapas.

Começámos por recolher, dos trabalhos lidos, palavras-chave relacionadas com o que os vários autores entendem por supervisão, quer no sentido mais restrito, quer no sentido mais alargado de supervisão escolar. Após feita essa recolha, pareceu-nos possível agrupar essas mesmas palavras ou expressões fundamentais em quatro grandes vertentes da supervisão: liderança / desenvolvimento organizacional / coordenação / supervisão das práticas profissionais.

Definidas essas “vertentes”, o passo seguinte consistiu em redigir perguntas que nos levassem a apurar em que medida os coordenadores que nos propúnhamos questionar percepcionavam o exercício dessas vertentes da supervisão no desempenho dos seus cargos de coordenação / gestão intermédia.

Assim, procurámos apurar se, possuindo uma visão estratégica da sua escola, participavam na definição dos grandes objectivos que norteiam a sua missão, tomavam decisões determinantes para o seu futuro e demonstravam atitudes que pudessem ser conotadas com liderança, no sentido de liderança colegial. Por outro lado, foi nosso objectivo perceber em que medida visualizavam a sua escola como organização e até que ponto se encontravam comprometidos com o respectivo desenvolvimento

organizacional. Investigámos ainda sobre facetas que associámos mais à coordenação em sentido restrito, a fim de analisar se constituíam uma parte importante da sua acção de coordenadores. Por último, tentámos descobrir se também exerciam aspectos aqui agrupados sob a designação de supervisão das práticas profissionais, ou seja, funções tipicamente associadas aos supervisores na acepção mais restritiva de orientadores das práticas pedagógicas desenvolvidas em contexto de sala de aula.

No que respeita aos aspectos formais desta segunda parte do questionário, optámos por um conjunto de questões fechadas, que pudessem ser respondidas através de uma escala graduada que apresentava quatro possibilidades aos inquiridos. Para cada uma das quatro vertentes (liderança / desenvolvimento organizacional / coordenação / supervisão das práticas profissionais) formulámos doze afirmações relativamente às quais cada coordenador deveria exprimir-se quanto ao grau em que se verificam, usando a referida escala de respostas (4 = totalmente / 3 = bastante / 2 = pouco / 1 = nada). Incluímos ainda uma questão final aberta, destinada a apurar as dificuldades ou constrangimentos sentidos por cada inquirido, no desempenho do seu cargo.

Pensámos que através desse método obteríamos as informações que nos propúnhamos. Pareceu-nos também que, desta forma, apresentávamos aos inquiridos um instrumento caracterizado pela facilidade com que estes se pudessem pronunciar acerca das suas práticas.