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CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO, RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.4 Processos de Projeto das Especialidades de Conforto

4.4.3 Conforto Lumínico e o Projeto de Arquitetura

O projeto do sistema de iluminação de um ambiente baseia-se no conceito de iluminação natural e artificial integradas. Assim, devem-se definir os parâmetros de conforto visual e também das qualidades estéticas dos espaços relacionadas com a percepção do ambiente visual, tais como: a iluminância necessária, o controle do ofuscamento causado pelas fontes de luz, a existência ou não de sombras, a homogeneidade, o controle das iluminâncias do ambiente e a reprodução de cores (CYPRIANO, 2013).

O projeto luminotécnico tem como pontos de atenção, geralmente, as questões econômicas, o consumo de energia, a definição de equipamentos (lâmpadas, luminárias, reatores), e a necessidade de uma interface com o projeto de arquitetura para que se obtenham os melhores resultados.

Busca-se, por conseguinte, neste momento, apresentar os critérios e requisitos da Tabela 2.12 de acordo com a norma NBR15.575 (ABNT, 2013), consorciando-os com as fases de projeto de arquitetura apresentadas na Tabela 4.1 e com as disciplinas de projeto de acordo com a relação de projetos mostrada na Tabela 4.2, de forma a se visualizar uma organização de processo de projeto da especialidade de conforto térmico com base na AsBEA (2014) apresentada na Tabela 4.6.

Analisando a organização de projeto mostrada na Tabela 4.6, percebe-se que ambas as exigências relacionadas ao desempenho lumínico devem ser avaliadas durante todas as fases de desenvolvimento do projeto de Arquitetura, sendo de responsabilidade da Consultoria

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Especializada de Luminotécnica. A iluminação artificial deve ainda envolver o projeto de instalações elétricas.

Tabela 4.6 - Processo de Projeto para o Desempenho Lumínico

Tabela 2.12 Tabela 4.1 Tabela 4.2

EXIGÊNCIAS PARA O DESEMPENHO LUMÍNICO (CÓDIGO) FASES DO PROJETO DE ARQUITETURA (CÓDIGO) PROJETOS ENVOLVIDOS (CÓDIGO) ILUMINAÇÃO NATURAL (DL1) EP AP PB PE AQ ST IT CS ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL (DL2) EP AP PB PE AQ ST IT CS

Sendo, EP: Estudo Preliminar; AP: Anteprojeto; PB: Projeto Básico; e PE: Projeto Executivo. AQ: Arquitetura; ST: Estrutura; IT: Instalações; e CS: Consultorias Especializadas.

Na fase de Estudo Preliminar (EP) devem-se identificar os requisitos luminotécnicos do projeto e as determinações das normas técnicas em cada ambiente da edificação, analisando as atividades a serem realizadas em cada local, produzindo um relatório que contenha os índices luminotécnicos e de necessidade de controle de ofuscamento a serem atendidos, definindo, pois, as prerrogativas projetuais para os sistemas de iluminação. Deve-se também compreender os objetivos do empreendimento – físicos, estéticos, econômicos e de sustentabilidade – por meio de reuniões com o empreendedor e com os demais intervenientes do processo de projeto. A identificação do partido arquitetônico, das condicionantes técnicas e construtivas do empreendimento é imprescindível nesta fase do processo para que se proponham alternativas e estimativas preliminares para o Projeto Luminotécnico. Ainda na fase de Concepção do Produto, o projetista de iluminação deve avaliar e selecionar os recursos tecnológicos de iluminação disponíveis no mercado. Caso o empreendimento seja objeto de certificação ambiental devem ser verificados também os procedimentos para atendimento dos requisitos certificatórios (AsBAI, 2011).

Na fase de Anteprojeto (AP) o Projeto Luminotécnico deve analisar e compreender os dados físicos dos estudos de Arquitetura integrando o estudo preliminar de Estrutura, utilizando também informações dos estudos de Ar Condicionado por conta da localização de dutos e dos estudos de Paisagismo por conta da iluminação de áreas ajardinadas, gerando um compilado de informações para os estudos projetuais de luminotécnica. Devem ser calculadas a iluminância requerida para as áreas de tarefas com necessidades visuais específicas

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utilizando como base o projeto de arquitetura no que se refere aos materiais de acabamento e cores, aos leiautes e aos tipos e desenhos de forros, gerando arquivos com as curvas isolux horizontais e/ou verticais das áreas analisadas. Após o embasamento realizado, devem ser gerados os primeiros desenhos com o lançamento dos equipamentos de iluminação, com locação, comandos e composição dos cenários. Nesta atividade também devem ser considerados os projetos de arquitetura, estrutura, ar condicionado, segurança, paisagismo e outros que por ventura se fizerem necessários para que os desenhos e as planilhas de especificações técnicas contenham as informações já compatibilizadas, o que atesta a importância de um processo de projeto simultâneo (AsBAI, 2011).

Ainda nesta fase de Definição do Produto deve-se consolidar a solução de projeto apresentada e indicar possíveis interferências que os demais projetos devam solucionar para que se obtenha a compatibilização necessária. Torna-se necessário elaborar também os demonstrativos de custos e consumo de energia abrangendo as soluções luminotécnicas e a viabilidade econômica da proposta. Devem ser geradas imagens 3D das propostas que representem com fidelidade os resultados projetuais (AsBAI, 2011).

Na fase de Projeto Básico (PB) deve ser realizada a plena compatibilização entre o Projeto Luminotécnico e os demais projetos complementares do empreendimento, gerando plantas de distribuição dos equipamentos de iluminação atualizadas a partir da solução das interferências comentadas na fase de Definição do Produto. Estudos para integrar as luminárias aos detalhes construtivos da arquitetura, do projeto de interiores e do paisagismo devem ser efetuados, gerando desenhos preliminares dessa integração. Deve ser justificado o uso dos tipos de luminárias, lâmpadas e reatores especificados, após análise da quantidade de cada item, de forma a otimizar o repertório geral dos equipamentos (AsBAI, 2011).

Durante a fase de Projeto Executivo (PE) devem ser elaborados os conjuntos de desenhos, informações técnicas e detalhes que proporcionem a plena compreensão do projeto e possibilitem a correta execução. Todos os elementos do Projeto Luminotécnico, com destaque para luminárias especialmente projetadas para a edificação, devem ser corretamente representados e especificados, gerando um acervo de detalhamento que se integre plenamente aos demais projetos do empreendimento (AsBAI, 2011).

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Entregue o projeto, a fase de Pós-Entrega do Projeto deve contemplar a apresentação do projeto executivo para os agentes intervenientes do processo de projeto do empreendimento, o acompanhamento da execução dos elementos de iluminação projetados, o esclarecimento de dúvidas, e o direcionamento dos fachos luminosos nos ambientes internos e externos de forma a se obter os efeitos luminosos propostos no projeto, após a execução dos sistemas de iluminação. Deve-se dar suporte à seleção dos fornecedores pelo empreendedor, gerando relatórios comparativos de custos e de efeitos diante da necessidade de substituição de elementos especificados por outros similares; e caso haja substituições de elementos, deve-se revisar o projeto e as especificações técnicas. Assim como nos demais projetos, o suporte à elaboração do manual de utilização e manutenção dos sistemas deve ser outra tarefa do projetista (AsBAI, 2011).

Executada a obra, a fase de Pós-Entrega da Obra deve contar com a visita técnica do projetista de luminotécnica ao empreendimento para a validação do projeto. Todos os dados para facilitar a compreensão dos sistemas de iluminação devem ser compilados bem como deve ser feita a identificação dos equipamentos especificados e das operações de manutenção e de aquisição dos produtos de reposição, gerando um Manual de Operação dos Sistemas de Iluminação. Importante também é a realização de treinamentos para as equipes de operação do empreendimento e a elaboração dos projetos as built (AsBAI, 2011).

Notadamente, o Projeto Luminotécnico se desenvolve em etapas que devem ter interface constante com outros projetos específicos do empreendimento, de forma que se obtenha uma interação imprescindível para o melhor desempenho dos sistemas projetados e para que o processo de projeto de arquitetura se configure integrado.