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FOTO 44 – VISTA DA ABÓBADA JUNTO AOS PROTÓTIPOS–UFPR CAMPUS

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.6 CONFORTO TÉRMICO

O conforto térmico pode ser definido como sendo o estado de equilíbrio entre as temperaturas do ser humano e o ambiente.

Lamberts et al. (2000, p.4) definem conforto térmico como sendo “o estado mental que expressa a satisfação do homem com o ambiente térmico que o circunda”, sendo que a sensação de desconforto poderia ser causada pela sensação de frio ou calor.

Em outro trabalho (LAMBERTS et al., 2002), destaca-se a importância do entendimento dos conceitos de conforto térmico e de neutralidade térmica,

colocando a definição dada pela ASHRAE para conforto térmico: “(...) a condição da mente que expressa satisfação com o ambiente térmico” e para neutralidade térmica cita a conceituação de Fanger (1982, p.14), como sendo “(...) a condição na qual uma pessoa não prefira nem mais calor nem mais frio no ambiente ao seu redor”.

Schmid (2005) dá ao conforto uma visão mais holística, tratando da complexidade em estabelecer os parâmetros para se atingir as zonas de conforto, pois o resultado depende muito dos usuários, seus costumes, cultura, do estado de espírito.

“(...) o verdadeiro material artístico da arquitetura não é o material de construção, a construção, a forma escultural, nem mesmo o espaço ou a luz – é o comportamento das pessoas. Este não é linearmente controlável – já por isto a arquitetura tem muito a ver com processos (formais) nada, ou pouco controláveis (CZECH apud Schmid, 2005, p. 44) ”.

O autor trata do debate entre a importância da funcionalidade e da estética na arquitetura, e coloca que “daí enquadrar-se a arquitetura como arte, porque se propõe a resolver problemas de ordem espiritual e material indistintamente, atingindo os dois campos com amplitude e intensidade bem grandes (2005, p.117)”.

Segundo Schmid (2005, p.227), “o conforto térmico pode ser definido como um estado em que o indivíduo não tem vontade de mudar sua interação térmica com o meio”, e coloca três condições que devem ser observadas:

1) Do balanço térmico do corpo – em que o calor produzido pelo corpo é dissipado para o meio ambiente através de transmissão de calor, como será visto adiante, além da respiração;

2) Da temperatura da pele adequada – não ultrapassando os valores extremos estabelecidos. “Para proteger o restante do corpo, a temperatura superficial é variada mais para cima ou mais para baixo, compensando os processos que ameacem deslocar a temperatura do corpo do valor ideal”;

3) De taxa de transpiração adequada – parte da massa corporal é eliminada na forma líquida, para ao evaporar retirar o calor em excesso. Esta taxa

de transpiração varia de maneira diretamente proporcional à produção de calor pelo corpo.

Para Frota et al. (2000, p. 15), conforto térmico está relacionado com as trocas de calor entre o corpo humano e o ambiente, isto é, se esta “acontece sem maior esforço, a sensação do indivíduo é de conforto térmico”. De acordo com as autoras, “as exigências humanas de conforto térmico estão relacionadas com o funcionamento de seu organismo”, precisando “liberar calor em quantidade suficiente para que sua temperatura interna se mantenha da ordem de 37°C - homeotermia”.

Os mecanismos para que o corpo humano mantenha esta temperatura denominam-se mecanismos de termo-regulação.

Num meio frio, as condições ambientais proporcionam perdas de calor do corpo além das necessárias para a manutenção da temperatura interna. “O organismo provoca a vasoconstrição, esta provoca a diminuição do volume de sangue e do ritmo cardíaco, o arrepio e o tiritar provocam atividade, gerando calor” (LAMBERTS et al., 2000, p.4).

De acordo com Lamberts et al. (2000, p.4), no verão, as perdas de calor são menores que as necessárias para a manutenção da temperatura interna. Desta forma, o organismo reage através da vasodilatação, que aumenta o volume de sangue acelerando o ritmo cardíaco e provocando a transpiração (exudação).

Segundo Frota et al. (2000, p. 21), os mecanismos de trocas térmicas entre o ambiente e o corpo humano podem envolver trocas secas – condução, convecção e radiação, e trocas úmidas – evaporação. O calor perdido para o ambiente através das trocas secas denomina-se calor sensível. Já o perdido pelas trocas úmidas é denominado calor latente e envolve mudança de estado de agregação – o suor do estado líquido passa para o gasoso por meio da evaporação.

As trocas térmicas entre um indivíduo e o ambiente dependem de suas características individuais (idade, sexo, grau de aclimatação, dentre outros), como também da atividade que ele desenvolve e das roupas que usa (RIVERO, 1986, p. 61).

O Homem é um ser homeotérmico e seu organismo reage à temperatura ambiente de maneira a manter em equilíbrio a temperatura de seu corpo.

Desta forma, a primeira proteção que ele encontra é através da vestimenta, que passa a ser a barreira para se proteger do frio ou da incidência direta do Sol sobre a sua pele.

De acordo com Rivero (1986, p.11), a vestimenta é também uma maneira do Homem se adaptar a meios hostis.

Outra opção de proteção é o abrigo, onde ele se protege das intempéries, tais como da chuva, do vento, do frio e do calor, além de ter preservado sua privacidade para desenvolver suas atividades. Rivero exemplifica este novo espaço como podendo ser um submarino, uma estação espacial ou um edifício, considerando ainda como último estágio da evolução, do espaço ocupado pelo Homem, o espaço da cidade. O autor coloca como compreensível que o progresso tecnológico poderá possibilitar o controle completo do meio urbano.

Enquanto isto não acontece, ao contrário, depara-se com uma situação cada dia mais preocupante, com o meio cada vez mais poluído por partículas, gases, lixo, ruídos, odores, destruição das áreas verdes, dentre outros. Fica evidente a importância em dotar as construções de soluções que permitam criar espaços que proporcionem a seus usuários maior conforto, sem com isto gerar consumo de energias não renováveis, adotando soluções que aproveitem ao máximo as potencialidades da energia do Sol, do vento, da luz natural, enfim, uma solução sustentável, que permita atender as necessidades deste Homem sem comprometer as perspectivas de vida das futuras gerações.

A idéia de que a arquitetura pode contribuir para melhorar o desempenho térmico de uma construção, proporcionando aos seus usuários não só maior conforto, mas também economia no uso de outros equipamentos mecânicos para o condicionamento do ar e, conseqüentemente, economia de energia, tem sido defendida por muitos pesquisadores: Krüger (1993); Roriz (1987); Koenigsberger et

1998); Akutsu et al. (1987); Cheng (2004); Rivero (1986); Frota et al. (2000); Olgyay (1998); Villas Boas (1985); Corbella et al. (1999); Neves (2006); dentre outros.

Dependendo da edificação, de sua orientação em relação ao Sol, dos materiais empregados tanto no revestimento de suas paredes como de sua cobertura, das aberturas de janelas, bem como das dimensões destas, do projeto da edificação, pode-se obter um melhor ou pior desempenho em relação ao conforto térmico.

3.7 AVALIAÇÃO DE CONFORTO E DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES