2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.4 Confrontação dos Espaços
Após análise da região de estudo sob três diferentes aspectos, foi possível a comprovação inicial de que a região COREDE-Missões, apresenta diferentes espaços agrários homogêneos em seu território e que a configuração dos mesmos resulta da influência de diversos fatores.
No quadro 01 apresenta-se resumidamente um comparativo entre os espaços agrários homogêneos encontrados ao longo do estudo, com cada nível de análise e grupos de municípios.
Quadro 01: Comparativo entre as diferentes zonas, com cada nível de análise e grupos de municípios Sistemas Agrários Municípios Zonas Fisiográficas Municípios Zonas Socioeconômicas Municípios Zona III Garruchos, Santo Antônio das Missões. Zona 5
São Miguel das Missões, Bossoroca, Garruchos, Santo
Antônio das Missões
Zona IV Bossoroca, São
Miguel das Missões Zona 4
São Luiz Gonzaga, Santo
Ângelo, São Nicolau,
Caibaté, Rolador, Mato Queimado Campo Bossoroca, Caibaté, Dezesseis de Novembro, Entre- Ijuís, Eugênio de Castro, Garruchos, Giruá, Mato Queimado, Pirapó, Rolador, Santo Antônio das Missões, São Luiz
Gonzaga, São Miguel das Missões, São Nicolau, Vitória das Missões. Zona I Dezesseis de Novembro, São Luiz Gonzaga, Rolador, Mato Queimado, Caibaté, Vitória das Missões, Eugenio de Castro, Entre-
Ijuis,Santo Ângelo,
Guarani das Missões, Sete de Setembro, Giruá, Ubiretama, Salvador das Missões, Cerro Largo Zona 1
Guarani das Missões, Giruá, Vitória das Missões, Entre-
Ijuís, Eugenio de Castro,Sete
de Setembro, Ubiretama
Zona 2
São Paulo das Missões, Salvador das Missões, Cerro
Largo, Dezesseis de
Novembro, São Pedro do
Butiá. Mato Cerro Largo, Guarani das Missões, Porto Xavier, Roque Gonzales, Salvador das Missões, Santo
Ângelo, São Paulo das Missões, São Pedro
do Butiá, Sete de Setembro, Ubiretama. Zona II São Nicolau, Pirapó, Roque Gonzales, Porto Xavier, São Paulo
das Missões, São Pedro do Butiá.
Zona 3 Roque Gonzales, Porto
Xavier, Pirapó
Frente ao quadro 01, comparativo dos espaços agrários homogêneos identificados na região do COREDE-Missões, é possível de se destacar inicialmente a importância que as
condições naturais iniciais da região tiveram para a sua evolução posterior, ou seja, as mesmas foram responsáveis pela evolução de dois distintos sistemas agrários, que até os dias atuais de certa forma exercem sua influência, por exemplo, na questão fundiária.
Também se percebe influência de características de cunho mais cultural, de uma zona sobre a outra, no caso da zona de mata, com a questão da agricultura sobre a zona de campo, historicamente pecuarista, nitidamente visualizada essa influência a partir do estudo das condições socioeconômicas.
Quando tratamos da análise das condições fisiográficas, já não é possível uma distinção tão acentuada da influência dos dois sistemas agrários, talvez por os mapas em análise, solo, vegetação, relevo, hidrografia, potencial agrícola, macrozoneamento ambiental, precipitação pluviométrica e temperatura média anual, serem de escala elevada, ou seja, cada 1 centímetro de mapa equivale a 150 quilômetros de território. Mas a hipótese que mais se faz pertinente, é a de que as características fisiográficas da região tenham sofrido sérias modificações, ao longo dos anos, pois através de percursos sistemáticos a campo foi possível a identificação visual de diferenciações acentuadas entre as zonas anteriormente identificadas. Após análise das características de cada zona encontrada, nas diferentes escalas de análise, acredita-se serem as zonas formadas a partir das condições socioeconômicas as mais relevantes para estudo mais aprofundado. A convicção de serem os distintos espaços agrários, advindos da análise dos aspectos socioeconômicos, os mais relevantes para a continuação de nosso estudo, diz respeito diretamente ao interesse posterior na análise da matriz produtiva da região, mais especificamente na identificação dos sistemas de produção, os quais por sua vez são de interesse pela grande dependência que a região apresenta do setor primário, ou seja, por ser essencialmente agrícola.
6 TIPOLOGIA DOS ESTABELECIMENTOS E DOS SISTEMAS DE
PRODUÇÃO: A Configuração de uma Realidade Diferenciada
Para a compreensão da dinâmica rural atual da região de estudo, COREDE-Missões, recorremos à metodologia de Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários, que nos conduz ao estudo das tipologias de estabelecimentos agropecuários e sistemas de produção praticados. Para a viabilização desse estudo, recorreu-se inicialmente a informantes qualificados, de cada zona, ou seja, representantes de Secretária de Agricultura, de Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Sindicato Rural e Emater/RS. Ao total foram realizadas 17 entrevistas, seguindo o roteiro do apêndice 04.
As informações obtidas com os informantes qualificados remetem a perceber que as transformações ocorridas ao longo da evolução da agricultura da região do COREDE- Missões, acentuaram a diferenciação não só entre os espaços agrários, mas também entre os próprios agricultores, resultando assim, em uma grande diversidade dos sistemas de produção praticados. Quando questionados a respeito de possíveis fatores que tenham interferido de forma mais acentuada para a atual configuração do espaço agrário, todos foram unânimes em apontar a “Revolução Verde”, ou modernização da agricultura, como fator de destaque na configuração dos atuais sistemas de produção.
Para tornar compreensível essa diversidade da agricultura, foram realizadas duas tipologias seqüenciais: (a) tipologia dos estabelecimentos rurais, resultando na classificação em diferentes categorias de estabelecimentos; e (b) tipologia dos sistemas de produção praticados em cada zona.