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CONHECENDO NOSSA LÍNGUA

No documento Campanha Nacional de Alfabetização (páginas 54-65)

Nas leituras realizadas até aqui, havia palavras que você não sabia o que significavam? E onde você foi descobrir o significado delas? Certamente foi no dicionário... E você sabe como achar com facilidade as palavras neste livro? Veja algumas dicas.

Muitas pessoas, ao se referir ao dicionário, costumam chamá-lo de “Pai-dos-burros”. Isso de certa maneira tem causado medo nas pessoas, pois temem serem chamadas de... “burras”! Mas não há nenhuma verdade na expressão, pois quem consulta, pergunta, pesquisa, é porque quer saber mais e mais. E se o dicionário é pai de alguém, certamente é dos inteligentes, não é mesmo?

Ao procurar no dicionário um sinônimo, você deve verificar qual sentido do verbete é mais adequado à frase, pois dependendo do contexto em que a palavra estiver, ela mudará totalmente de sentido. 1. Que sentidos você conhece para estas palavras?

MANGA ____________________________________________________________________________________ COLHER ____________________________________________________________________________________ s.f.: substantivo feminino s.m.: subs- tantivo masculino fig.: figurado (que não é

seu sentido próprio ou ser uma gíria).

O dicionário registra os vários sentidos que uma palavra pode ter. A esse conjunto de sentidos dá-se o nome de verbete. Veja, por exemplo, o verbete da palavra cabeça:

Cabeça. S.f. 1. Parte superior do corpo humano. 2.crânio. 3. S.m/FIG. Pessoa inteligente, talentosa. 4. líder, chefe.

MIMOSA ____________________________________________________________________________________ PENA ____________________________________________________________________________________ AMOLAR ____________________________________________________________________________________ Nem sempre a gente acha a palavra do jeito que a gente procura. Por exemplo, não encontraremos a palavra acampadas, no dicionário, porque o dicionário só apresenta a forma masculina e singular: acampado. Mas daí a gente faz as adaptações, porque o sentido será o mesmo.

LABUTAM ____________________________________________________________________________________ PERSISTENTES ____________________________________________________________________________________ PROLETARIADO ____________________________________________________________________________________ 3. Que tal dar uma olhada nos textos que você já estudou e selecionar algumas palavras para consultar no dicionário? Depois, compare a sua lista com a dos companheiros para aumentar o número de palavras conhecidas.

Pesquise uma palavra no dicionário e desafie um companheiro a adivinhar o significado dela. E fique prepa- rado para ser desa- fiado também! 2. Procure no dicionário o significado das

4. Quando sabemos o sentido e a grafia de uma palavra, sabemos ler e escrever todas as outras derivadas desta palavra. Observe: Se TERRA escrevo com RR, terão RR todas as palavras derivadas dela: terreiro, terráqueo, terremoto, terrário, terreno, território, terral, etc.

Agora é a sua vez! Escreva palavras derivadas de:

Aproveite para separar as palavras em sílabas lem- brando-se de que as letras SS e RR nunca ficam juntas na mesma sílaba Assim, quando che- gar no final da linha e a palavra não cou- ber, você saberá como segmentá-la. a)ACAMPAMENTO ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ b) ALFABETIZAR ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ c) ASSENTAMENTO ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ d) BRASIL ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ e) AÇÚCAR ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________

5. Leia o verbete da palavra CABO e responda:

Cabo s.m. 1. Graduação militar. 2. Ponta de terra que avança pelo mar. 3. Corda grossa de navio. 4. Parte por onde se segura um objeto ou qualquer instrumento.

a) Quantos sentidos o verbete dá para a palavra? _______ b) Qual dos sentidos você usa mais no seu dia-a-dia?

________________________________________________________ c) Faça, em ordem alfabética, uma lista de objetos que possuem cabo.

______________________________________________________________________________________________________________________________ h) Observe a frase a seguir, que está incompleta:

A panela estava no fogão, o cabo...

Continue a frase de maneira que a palavra cabo tenha: - O significado indicado pelo número 1 do verbete:

____________________________________________________________________________________ - O significado indicado pelo número 4 do verbete:

Mudança

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa no cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

Os juazeiros aproximavam-se, recuavam, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

_ Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.

Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isso não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.

A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.

_ Anda, excomungado.

O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a O livro “Vidas Secas” está dividido em 13 capítulos nos quais o autor conta a história de Fabiano e sua família, retirantes nordestinos em busca de uma vida melhor. É uma das mais belas obras da literatura brasileira.

EXPLORANDO A LEITURA

Uma das mais famosas histórias de migração da literatura brasileira foi escrita por Graciliano Ramos (1892-1953), no livro “Vidas Secas”. Feche os olhos e ouça a leitura que o educador vai fazer deste trecho do primeiro capítulo do livro e se deixe levar junto com esta família de retirantes pelo sertão nordestino.

obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era o culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.

Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.

Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio, como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. Editora Record, 1988, p 76

CONVERSANDO E REFLETINDO

* O livro “Vidas Secas” foi escrito na década de 30,

do século XX. O tema que ele aborda é atual?

* Qual sua opinião sobre esta afirmação, de Manuel

Dantas Vilar Filho: esse negócio de política de combate às secas é um equívoco histórico dos governos brasileiros. Você já ouviu alguém criar políticas de combate à neve na Europa? O governo tem é preguiça de aprender a conviver com a seca.”

Síntese coletiva

1. “Vidas Secas” é um texto narrativo, ou seja, conta uma

história. É também um texto em prosa, pois esta história não é contada em versos e estrofes, mas em frases, parágrafos, por meio de um narrador e diálogos. Além disso, o texto narrativo apresenta:

- um tempo: quando a história ocorreu - um local: onde a história ocorreu

- personagens: quem participou da história - um enredo: o que aconteceu

NARRAR é con- tar uma história (real ou não).

a) No primeiro parágrafo, temos a descrição do lugar onde a história acontece (espaço). Circule no texto:

- a palavra que indica que é uma região plana. - o nome de uma árvore típica do Nordeste. - o nome de uma vegetação típica do Nordeste.

b) No segundo parágrafo, temos os personagens. Sublinhe no texto quais são eles.

c) Graciliano Ramos consegue passar para o leitor a idéia do calor e da seca que envolve seus personagens usando apenas a linguagem.

- Que cor prevalece na descrição? ________________________ - Como é descrita a vegetação?_________________________ ___________________________________________________ - Que tipo de sentimentos o ambiente provoca nos personagens? ___________________________________________________ d) Podemos dizer que há uma ironia no fato

de a cachorra chamar-se Baleia. Por quê? ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________

e)Que situação levou Fabiano a migrar com sua família?

______________________________________________________________________________________________________________________________ f) O que título do livro - “Vidas Secas” – sugere para você? ______________________________________________________________________________________________________________________________

Numere os parágra- fos do texto antes de começar as atividades.

Ironia é quando dizemos o contrário do que queremos dizer, com um certo deboche.

EXERCITANDO A LEITURA

Será que a companheirada sabe cantar essa linda moda de Pedro Munhoz? E depois, que tal ilustrar cada estrofe da canção? Nos textos de literatura, como é o caso dos poe- mas, o escritor tem toda liber- dade para usar a linguagem como quiser. Afinal, a função da litera- tura é exatamen- te surpreender o leitor, mostrando um novo olhar sobre o mundo pela linguagem. Quando ocê foi

Lá pra Sumpólo, Fico as criança Sozim mais eu Da porta da frente

Oiava a portera, Ai, ai meu Deus,

Tião diga lá O qui se assucedeu? Si confromo cum tudo

Recramo di nada O distino sabia O qui ele iscreveu.

Oiando a foto Qui tá na parede,

Ai, ai meu Deus, Tião diga lá O qui se assucedeu? Num tem canti...ga,

Passarim imudeu. Num tem aligri...a,

Ocê longe di eu... O minino mais véio

Já tudo intendia. Também purdera O danado cresceu.

Quiria si imbora E oiava a portera

Ai, ai meu Deus, Tião diga lá O qui se assucedeu?

Tião

Veiz inquando barrendo O terreiro matutava:

Ô sodade marvada O qui tu fazeu? Cá na roça essas coisa

Eu mi priguntava, Ai, ai meu Deus,

Tião diga lá O qui se assucedeu? Num tem canti...ga...

Os dia passando I as nuticia num vinha. Chorando meus pranto,

Outro dia nasceu. Rezava meu terço

Pra Virgi Maria, Ai, ai meu Deus,

Tião diga lá O qui se assucedeu?

Cairzinho da tarde Vi qui vinha genti.

O peito apretô Modi qui mi doeu.

Mala na mão Todo sonho disfeito,

Ai, ai meu Deus, Tião diga lá O qui se assucedeu? Num tem canti...ga...

a) as palavras que rimas

b) o refrão (estrofe que se repete)

c) os versos que se repetem em todas as estrofes 2. Responda:

a)Para onde Tião foi?

______________________________________ b)Quem ficou esperando por ele?

____________________________________ c)Como podemos afirmar que Tião vivia na roça? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

CONVERSANDO E REFLETINDO

Rimas são os sons semelhantes entre as palavras.

Verso é cada linha do poema e estro- fe cada conjunto de versos.

As respostas devem ser escritas em norma padrão, pois a gente não está mais fazendo poesia, mas dando informações sobre o que o texto diz, o que muda a função da escrita. 1. A canção está escrita do jeitinho que a mulher de Tião falou/ cantou sua saudade. E a beleza dessa poesia está nisso: nas palavras que rimam, na sonoridade das palavras, na combina- ção delas, que reproduzem toda a falta que Tião fazia para aquela mulher. Marque no texto:

* Que razões podem ter levado Tião a migrar da roça para

a cidade?

* Por que você acha que o filho de Tião também queria ir

embora?

* O que pode ter acontecido para que os planos de Tião não

dessem certo?

* Você conhece outras histórias como a de Tião?

* Que sugestões você daria para Tião se ele fosse seu

Síntese coletiva

Conte em versos uma história de migração. Não se envergonhe não, conte a sua...

E se alguém aí arranhar uma viola,

Que bote música e faça uma linda canção!

3ª Lição

No documento Campanha Nacional de Alfabetização (páginas 54-65)

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