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Com relação ao conhecimento sobre os direitos a saúde (Tabela 7), 70,0% afirmaram ter conhecimento sobre seus direitos e 30,0% referiram não possuir esse tipo de conhecimento. Contudo, ao questionar se sabiam o significado da sigla SUS, 90,0% afirmaram não saber.

Ao classificar o nível de obtenção de informações, 70,0% dos pesquisados classificaram o seu nível como inadequado e 30,0% como adequado.

Lunardi e Soares (2002) afirmam que o direito é o elemento principal da ordem da cidadania; assim, um dos principais indicadores de qualidade no planejamento e na gestão dos serviços de saúde deve ser o respeito aos direitos dos cidadãos, como usuários desses serviços.

Estudo realizado com idosos em dois hospitais públicos do Estado do Paraná/Brasil observou que 70,8% dos idosos não conhecem os direitos à saúde que lhes são legalmente assegurados. (MEIRELES et al., 2010).

Tal evento, com certeza, restringe ainda mais as oportunidades dos usuários de exigirem os seus direitos, uma vez que a falta de informação acerca dos direitos à saúde pode levar a uma percepção da assistência recebida como favor e tornando-os muitas vezes incapazes de exigir por melhor atendimento. (MEIRELES et al., 2010).

Sendo assim, as pessoas com UV necessitam ter conhecimento sobre seus direitos à saúde, para que esses possam se tornar acessíveis e concretos. Pois, somente assim, será possível cobrar um atendimento digno e de maior qualidade.

O estudo realizado por Leite (2010) verificou que 45,5% dos pesquisados afirmaram estar satisfeitos com as informações sobre a saúde e atendimentos recebidos do SUS.

Tabela 7. Caracterização do conhecimento segundo o tempo de UV atual. Natal/RN, 2011 CARACTERIZAÇÃO DO CONHECIMENTO TEMPO DA UV ATUAL TOTAL ≥ a 6 meses Até 6 meses n % n % n %

Significado da sigla SUS

Não 21 70,0 6 20,0 27 90,0

Sim 3 10,0 0 0,0 3 10,0

Conhecimento sobre os direitos à saúde

Sim 17 56,7 4 13,3 21 70,0

Não 7 23,3 2 6,7 9 30,0

Obtenção de informações

Inadequada 16 53,3 5 16,7 21 70,0

Adequada 8 26,7 1 3,3 9 30,0

Agendamento de consultas com o angiologista se necessário

Sim 14 46,7 3 10,0 17 56,7

Não 10 33,3 3 10,0 13 43,3

Realização de curativos sempre que necessário

Sim 18 60,0 3 10,0 21 70,0

Não 6 20,0 3 10,0 9 30,0

Medidas tomadas caso não se obtenha a realização do curativo

Troca em domicílio 6 66,7 1 11,1 7 77,8

Busca amigos que trabalhem na área da saúde e

realizem curativo 0 0,0 1 11,1 1 11,1

Não realiza a troca 0 0,0 1 11,1 1 11,1

Satisfação com o atendimento do SUS no tocante à lesão

Sim 19 63,3 4 13,3 23 76,7

Não 5 16,7 2 6,7 7 23,3

Disponibilidade de todo o material necessário para a realização de curativos nos serviços de saúde

Não 22 73,3 5 16,7 27 90,0

Sim 2 6,7 1 3,3 3 10,0

Interesse em saber sobre os seus direitos como usuário do SUS em relação ao tratamento da ferida

Sim 16 53,3 4 13,3 20 66,7

Não 8 26,7 2 6,7 10 33,3

Influência do conhecimento no tratamento da lesão

Sim 23 76,7 4 13,3 27 90,0

Não 1 3,3 2 6,7 3 10,0

TOTAL 24 80,0 6 20,0 30 100,0

Fonte: Própria pesquisa.

As informações sobre os serviços de saúde contendo critérios de acesso, endereços, telefones, horários de funcionamento, nome e horário de trabalho dos profissionais das

equipes assistenciais devem estar disponíveis aos cidadãos nos locais onde a assistência é prestada e nos espaços de controle social. Como também devem estar disponíveis informações sobre o seu estado de saúde, extensivas aos seus familiares e/ou acompanhantes, de maneira clara, objetiva, respeitosa, compreensível e adaptada à condição cultural, respeitados os limites éticos por parte da equipe de saúde. (BRASIL, 2006a).

Assim é essencial que os profissionais de saúde forneçam adequadamente informações e esclarecimento, de forma a facilitar a compreensão da pessoa a respeito do seu estado e todo o potencial de atendimento dos serviços de saúde, permitindo que ela assimile, entenda e compreenda o conteúdo que lhe está sendo revelado. (SANTOS, 2004).

Quanto ao agendamento de consultas com o angiologista sempre que necessário, 56,7% dos pacientes referiram que tal agendamento era realizado e 43,3% afirmaram não poder agendar suas consultas sempre que necessário.

Em relação às medidas tomadas caso não se obtenha o agendamento com o angiologista, 53,9% referiram permanecer sem atendimento, 15,4% pagavam consulta em consultório particular, 15,4% tentavam conseguir a consulta em serviço público através de contatos no mesmo, 7,7% solicitavam novo encaminhamento no posto e 7,7% pagavam particular ou permaneciam sem atendimento.

Quando o agendamento da consulta com o angiologista não é realizado sempre que necessário, evidenciamos uma dificuldade de acesso aos serviços de saúde, nesse caso, às consultas médicas, o que infringe os princípios, diretrizes e a composição do SUS.

Santos (2004) ainda salienta que essas dificuldades do usuário no acesso ao atendimento que busca para tratar seus problemas de saúde, além de retardarem o seu processo de recuperação, contribuem por vezes para impossibilitar a obtenção da recuperação prevista.

Em relação à realização de curativos sempre que necessário, 70,0% afirmaram que seus curativos eram realizados e em 30,0% dos pesquisados os curativos não eram feitos sempre que necessário.

No que se refere às medidas tomadas caso não obtenham a troca do curativo, 77,8% dos pacientes do estudo realizavam a troca em domicílio, 11,1% procuravam amigos que trabalhavam na área da saúde e que poderiam realizar o curativo, e 11,1% não realizavam a troca.

Corroborando com os nossos achados, o estudo desenvolvido por Nunes (2006) mostrou que em 52,7% dos casos pesquisados eram os próprios portadores, familiares e

cuidadores que realizavam a troca do curativo e que 67,5% dos envolvidos nessa ação não eram treinados.

Nestas situações em que a troca dos curativos é realizada em domicílio é preciso identificar se o portador de UV possui condições de autocuidar-se, como também se o cuidador/paciente possui conhecimento em relação à técnica limpa e aos produtos utilizados.

Quando não há disponibilidade de material para curativo nos serviços de saúde, 88,9% dos pacientes referiram comprar o material, 3,7% usavam o que havia disponível, 3,7% compravam ou conseguiam o material e 3,7% não realizavam o curativo.

Quanto à satisfação com o atendimento oferecido pelo SUS no tocante à sua lesão, 76,7% dos pesquisados disseram-se satisfeitos e 23,3% referiram não estar satisfeitos com o atendimento.

Poucos são os indivíduos que avaliam como “bom” ou “ótimo” o atendimento

prestado pela equipe de saúde. Santos et al. (2011b) verificaram com relação ao grau de satisfação com a prestação dos serviços públicos de saúde que 44% dos pesquisados referiram não estar satisfeitos; 28% não responderam; 24% disseram estar parcialmente satisfeitos; e apenas 4% responderam estar satisfeitos. E ainda que 71% dos usuários afirmaram que se aborreciam quando procuravam atendimento pelo SUS.

Em documento expedido pelo Ministério da Saúde sobre os direitos dos usuários do SUS, é assegurado ao cidadão um atendimento que respeite os seus valores e direitos, visando preservar sua cidadania durante o tratamento. (BRASIL, 2006b).

No tocante à disponibilidade de todo o material necessário para a troca dos curativos nos serviços de saúde, 90,0% dos pacientes do estudo afirmaram não estar disponível todo o material de que necessitavam e 10,0% referiram que os serviços de saúde dispõem de todo material necessário para a troca de curativo.

Outro estudo corrobora com os dados encontrados nesta pesquisa, quando afirma que os setores de curativos possuem recursos limitados, não sendo possível disponibilizar a todos o material/medicação que demandam. (SANTOS, 2004).

Em relação ao interesse em saber sobre os seus direitos como usuário do SUS em relação ao tratamento da ferida, 66,7% dos pacientes possuíam interesse em saber sobre seus direitos e 33,3% não possuíam interesse.

Tais direitos encontram-se constitucionalmente garantidos como direitos básicos ao ingresso nos sistemas de saúde, e necessitam ser divulgados de modo a torná-los conhecidos da população, para que assim possa ser implementada e garantida uma assistência de maior resolutividade no tratamento deste tipo de lesão.

Quando questionados sobre a influência do conhecimento no tratamento da lesão, 90,0% dos pesquisados afirmaram que o conhecimento influencia em seu tratamento e 10,0% referiram não ter influência.

A Tabela 8 aborda a avaliação do respeito aos direitos à assistência à saúde no tocante à assistência de sua lesão.

Tabela 8. Avaliação do respeito aos direitos à assistência à saúde no tocante à assistência de sua lesão, segundo o tempo da UV atual. Natal/RN, 2011

AVALIAÇÃO DO RESPEITO AOS DIREITOS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE NO TOCANTE À ASSISTÊNCIA DE SUA LESÃO TEMPO DA UV ATUAL TOTAL

≥ a 6 meses Até 6 meses

n % n % n % Até 4 (Ruim) 5 16,7 2 6,7 7 23,3 5-6 (Regular) 1 3,3 0 0,0 1 3,3 7-8 (Bom) 3 10,0 1 3,3 4 13,3 9-10 (Ótimo) 15 50,0 3 10,0 18 60,0 TOTAL 24 80,0 6 20,0 30 100,0

Fonte: Própria da pesquisa

Com relação à avaliação do respeito aos direitos à assistência à saúde no tocante à assistência de sua lesão, 60,0% dos pesquisados avaliaram como ótimo, 23,3% como ruim, 13,3% como bom e 3,3% como regular. Esse dado demonstra que, quando o usuário é atendido, especificamente na clínica cirúrgica do HUOL, a assistência prestada é boa e respeita o usuário e seus direitos.

Os resultados de uma pesquisa a respeito da percepção de usuários de um hospital universitário sobre o desrespeito aos seus direitos na assistência à saúde identificaram dados antagônicos aos da pesquisa em questão, pois foi verificado que as informações providas aos usuários não correspondiam às suas necessidades. Os autores abordam que a equipe de saúde não fornecia informações e também não solicitava a opinião dos pesquisados, pelo temor de que eles questionassem e passassem a ter um papel mais ativo no processo de assistência e, consequentemente, reivindicassem seus direitos e autonomia. (SANTOS; BENERI; LUNARDI, 2005).

Outro estudo também demostra que os pacientes internados tanto pelo SUS como por convênios privados afirmaram desconhecer seu direito de aceitar ou não a realização de

procedimentos, como também de serem questionados para permitirem o desenvolvimento de ações de cuidados neles próprios. (CHAVES; COSTA; LUNARDI, 2005).

A Tabela 9 irá mostrar a avaliação do conhecimento sobre o SUS.

Tabela 9. Avaliação do conhecimento sobre o SUS das pessoas com UV segundo o tempo de lesão atual. Natal/RN, 2011

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE O

SUS

TEMPO DA UV ATUAL

TOTAL

≥ a 6 meses Até 6 meses

n % n % n %

4 a 7 itens - adequado 18 60,0 3 10,0 21 70,0 Até 3 itens - inadequado 6 20,0 3 10,0 9 30,0

TOTAL 24 80,0 6 20,0 30 100,0

Fonte: Própria pesquisa

Quanto à avaliação do conhecimento sobre o SUS, 70,0% dos pacientes tiveram um grau de conhecimento sobre o SUS considerado adequado, e 30,0% inadequado.

A Tabela 10 faz menção ao modo de obtenção de informações sobre o direito à saúde.

Tabela 10. Obtenção de informações sobre o direito à saúde, segundo o tempo da UV atual. Natal/RN, 2011

ONDE OBTEVE INFORMAÇÕES SOBRE SEU DIREITO À SAÚDE

TEMPO DA UV ATUAL

TOTAL

≥ a 6 meses Até 6 meses

n % n % N %

Não obteve informações 6 20,0 2 6,7 8 26,7

Profissionais de saúde 4 13,3 0 0,0 4 13,3 Mídia 4 13,3 0 0,0 4 13,3 Amigos 3 10,0 0 0,0 3 10,0 Amigos e mídia 2 6,7 0 0,0 2 6,7 Parentes 1 3,3 1 3,3 2 6,7 Outros 1 3,3 1 3,3 2 6,7

Profissionais da saúde e mídia 1 3,3 1 3,3 2 6,7 Profissionais da saúde e amigos 1 3,3 1 3,3 2 6,7

Parentes e mídia 1 3,3 0 0,0 1 3,3

TOTAL 24 80,0 6 20,0 30 100,0

Fonte: Própria pesquisa

No que se refere aos direitos à saúde conhecidos pelos pesquisados, 38,1% conheciam o direito ao serviço de qualidade/atendimento de qualidade; 14,3% a assistência médica gratuita; 14,3% bom acolhimento e serviço de qualidade; 9,5% a assistência e receber

medicamentos; 4,8% a receber remédios gratuitamente, à assistência e a ter materiais disponíveis, a atendimento médico e a realizar exames, à assistência médica e visitas do PSF, à assistência médica, medicamentos e troca de curativos.

Pesquisa realizada com usuários de uma unidade básica de saúde de Ribeirão Preto/SP, sobre o seu direito à informação em saúde, verificou que os pacientes receberam informações relacionadas à saúde, contudo ainda havia parte considerável de pacientes que não tinham recebido informações acerca do diagnóstico (36,4%), medicamentos (36,4%), riscos e benefícios do tratamento (31,8%) e sobre exames (27,3%). (LEITE, 2010).

O cumprimento dos direitos em legislação é fundamental à prática de saúde, e todos os profissionais da saúde têm o compromisso legal, moral e ético de cumpri-los (SPIRI; BERTI; PEREIRA, 2006), o que não foi observado nos resultados da nossa pesquisa, uma vez que, a partir da Tabela 10, evidencia-se que as pessoas com UV não possuíam fonte de informações (26,7%) acerca de seu direito à saúde e que os profissionais de saúde eram a fonte primária (13,3%), bem como a mídia (13,3%), seguida dos amigos (10,0%).

O esclarecimento que o profissional de saúde presta sobre a natureza e os objetivos dos procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos é um direito do paciente, bem como de ser informado sobre sua invasibilidade, duração do tratamento, seus benefícios e prováveis desconfortos, e dos possíveis riscos físicos, psicológicos, econômicos e sociais por que possa vir a passar. (ARANTES; MAMEDE, 2003).

As respostas mais frequentes em relação à influência do conhecimento no tratamento da lesão (Quadro 7) fizeram menção à influência no tratamento, uma vez que muitos pesquisados referiram que o conhecimento lhes propiciaria uma busca por um atendimento de maior qualidade. Como também afirmam Arantes e Mamede (2003), uma vez que a falta de acesso à informação impede que os pacientes opinem, aceitem, recusem ou argumentem acerca do tratamento. Também foram citadas uma cicatrização melhor, uma busca maior por seus direitos, e houve também pacientes que referiram não haver influência ou não saberem explicar por que o conhecimento influenciaria no tratamento de sua lesão.

Quadro 7. Categorização das respostas sobre a influência do conhecimento no tratamento da lesão. Natal/RN, 2011

CATEGORIAS POR QUE O CONHECIMENTO INFLUENCIA O

TRATAMENTO DA LESÃO?

TRATAMENTO Busca-se um melhor tratamento, realiza-se tratamento mais rápido, pode-se conhecer o tratamento mais apropriado, o conhecimento de

seus direitos pode gerar um tratamento de maior qualidade. CICATRIZAÇÃO Facilita a procura por serviços certos[,] o que facilita a cicatrização[;]

quanto mais informação[,] melhor será a cicatrização. DIREITOS O conhecimento é bom para tudo, o conhecimento de seus direitos

permite que você possa exigi-los, irá procurar o que é melhor para ele, irá procurar os seus direitos.

NÃO HÁ INFLUÊNCIA

O conhecimento não possui influência.

NÃO SABE EXPLICAR

Diz não saber explicar o porquê.

Fonte: Própria da pesquisa

Em relação ao interesse sobre os direitos como usuários do SUS, os principais foram: atendimento no serviço, direito a materiais para curativo e ter conhecimento de todos os seus direitos à saúde. Tais resultados estão apresentados no Quadro 8.

Quadro 8. Categorização dos interesses sobre os direitos como usuários do SUS. Natal/RN, 2011

CATEGORIAS QUAL O INTERESSE SOBRE OS DIREITOS

COMO USUÁRIOS DO SUS?

ATENDIMENTO Cirurgia corretiva, disponibilidade de atendimento, realização de curativo.

DIREITO A MATERIAIS PARA CURATIVO

Material para curativo, direito a bota de Unna e remédios.

DIREITOS Saber de todos os direitos

Os usuários demonstraram aqui o primeiro princípio da cartilha, que diz que todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde, isto é, acesso às ações e aos serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde promovidos pelo Sistema Único de Saúde. E ainda, que a instituição do SUS deveria prestar assistência de saúde sempre que necessitassem, ou seja, sempre que se apresentem com "falta de saúde". (BACKES et al., 2009).

Também o segundo princípio da mesma carta foi citado: todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema. É direito dos cidadãos terem atendimento resolutivo com qualidade, em função da natureza do agravo, com garantia de continuidade da atenção, sempre que necessário. (BACKES et al., 2009).

6 CONCLUSÃO

Quanto às características sociodemográficas, de saúde, clínicas e da assistência dos pesquisados

Diante das caracterizações sociodemográficas apresentadas, identificamos uma clientela de pessoas com UV predominantemente feminina, com faixa etária a partir de 60 anos, casadas/união estável, com baixo nível de escolaridade e de renda familiar e a maioria desempregada.

Em se tratando das características de saúde, os resultados mostram que as pessoas com UV, em sua maioria, apresentavam doenças crônicas associadas, possuíam tempo de sono maior ou igual a 6 horas e não eram etilistas ou tabagistas.

Em relação às condições clínicas das pessoas com UV, evidenciamos a presença de uma ou mais recidivas, predominando aquelas com granulação/epitelização no leito da UV, exsudato serossanguinolento em quantidade média/grande, sem predomínio de presença ou ausência de odor, com perda tecidual em grau III/grau IV na totalidade dos pacientes, ausência de sinais de infecção, e referiam sentir dor intensa.

Quanto à caracterização da assistência às pessoas com UV, a totalidade dos pesquisados realizou o tratamento, nos últimos 30 dias, no HUOL. Na impossibilidade de trocar o curativo na unidade em que procuravam assistência, eram as pessoas com UV, em sua maioria, que realizavam seu próprio curativo, em domicílio.

Quanto à caracterização da qualidade da assistência das pessoas com úlcera venosa crônica nos serviços de saúde

No que se refere à qualidade da assistência prestada às pessoas com UV, a totalidade dos pesquisados considerou como adequados os produtos e materiais utilizados em seus curativos e a maioria deles elencou mais fatores positivos associados à qualidade da assistência (12 a 16 fatores positivos).

Identificamos um perfil no qual predominou a bota de Unna como principal terapia compressiva utilizada; a realização de exames laboratoriais como sangue e urina, mas, em contrapartida, a não realização do Doppler; a ausência de orientações para a adoção das terapias compressivas, da elevação de membros inferiores e exercícios regulares; menos de

quatro consultas por ano com o angiologista; ausência de registro no prontuário e com referência.

Quanto ao conhecimento das pessoas com úlcera venosa crônica referente aos seus direitos à saúde

No que diz respeito ao conhecimento das pessoas com UV sobre os seus direitos à saúde, a maioria afirmou ter conhecimento sobre seus direitos, sendo o serviço de qualidade/atendimento de qualidade o mais conhecido dentre os pesquisados; classificou como inadequado o nível de obtenção de informações; desconhecia o significado da sigla SUS; mostrou-se satisfeita com o atendimento oferecido pelo SUS no tocante à sua lesão; avaliou como ótimo o respeito aos direitos à assistência à saúde; estava interessada em saber mais sobre seus direitos em relação ao tratamento da ferida, principalmente em relação ao atendimento no serviço, direito a materiais para curativo e ter conhecimento de todos os seus direitos à saúde.

Na maior parte dos casos, o agendamento de consultas com o angiologista, sempre que necessário, era realizado; não havia a disponibilidade de todo o material para a troca dos curativos na unidade de saúde; e, na impossibilidade da realização dos curativos na unidade em que procuravam assistência, os mesmos eram realizados em domicílio, pelos próprios pesquisados e com materiais comprados.

Quanto à avaliação do conhecimento sobre o SUS, a maior parte dos pesquisados obteve um grau de conhecimento considerado adequado e, quando questionados sobre a influência do conhecimento no tratamento da lesão, afirmaram que o conhecimento influencia em seu tratamento.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O nosso estudo teve como objetivo identificar a assistência prestada às pessoas com UVC atendidas no ambulatório do HUOL, levantar os conhecimentos sobre seus direitos e identificar os mais conhecidos, através de instrumentos de pesquisa. Durante a entrevista, foi solicitado ao paciente que relatasse sua experiência na busca de seus direitos. Ficou evidenciada uma discrepância de opiniões, embora o número de pacientes que relataram dificuldades seja praticamente igual ao número de pacientes que não apresentaram nenhum problema na obtenção de seus direitos.

Pretendíamos analisar apenas o processo do nível terciário da assistência a essas pessoas com UV; entretanto, quando começamos a diagnosticar a realidade do serviço, percebemos que ele está totalmente interligado com as estruturas e com os processos dos níveis primário e secundários da assistência.

Destacamos como limitações do trabalho o tamanho, o tipo da amostra e o foco restrito, ou seja, a impossibilidade de generalização dos dados, uma vez que o estudo foi realizado apenas em um hospital do Município de Natal/RN. Mesmo reconhecendo essas limitações, os resultados nos motivam a continuar a investigar a temática, para que tenhamos uma visão mais abrangente das dificuldades que interferem na qualidade da assistência a pacientes e familiares e ainda a sua relação com o conhecimento dos direitos em nível supra, infra e constitucional. Nesse sentido, sugerimos o desenvolvimento de outros estudos que englobem o exercício do direito à informação em saúde em outras instâncias de saúde e regiões do país.

Desejamos que este estudo seja divulgado e discutido entre os gestores e profissionais envolvidos, objetivando a reorganização do serviço de angiologia do ambulatório de clínica cirúrgica do HUOL, a construção e a implantação de um protocolo de assistência às pessoas com úlceras no nível terciário de assistência, parametrado com a nossa Carta Magna.

Em suma, salientamos que o exercício do direito à informação em saúde é condição necessária para a redução da vulnerabilidade e empoderamento da pessoa, possibilitando que desempenhe diversas opções de escolhas relacionadas à sua própria saúde e, assim, tenha condições de se tornar um protagonista da relação profissional de saúde e usuário. Ressaltamos, assim, que apenas a combinação do acesso físico e cognitivo à informação proporciona a geração de conhecimento em saúde e o concreto exercício da cidadania.

REFERÊNCIAS

ABBADE, L. P. F. et al. A sociodemographic, clinical study of patients with venous ulcer. Int

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