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5 A INTEGRAÇÃO DE CONTEÚDOS NOS PROJETOS DE

5.2 ANÁLISE DO REBATIMENTO DA INTEGRAÇÃO DE CONTEÚDOS NOS

5.2.3 Conhecimento específico: Conforto Ambiental e Tecnologia da

A busca pela aplicação dos conhecimentos, referentes à área de conforto ambiental, nos projetos de TFG, também se deu em termos dos discursos dos autores, sobretudo no capítulo em que são apresentados os estudos do terreno. De forma que foram identificados, em trinta e três trabalhos (ou 55% do total), a descrição do clima local e a influência do entorno sobre o mesmo. Cinquenta e oito trabalhos (96,7%) apresentam estudos de insolação, sendo que quarenta e quatro deles com o auxílio de softwares de simulação (Figura 19). Para o desenvolvimento destes estudos, vinte e sete utilizam a carta solar, quatro a máscara de sombra (Figura 20) e dezenove utilizam os dois recursos.

Figura 19: Simulação de sombreamento no terreno – 9h30min realizada com o Software Ecotect

Fonte: TFG 37, 2008.1

Figura 20: Diagrama de máscara de sombra do terreno obtido a partir do Software Ecotect

Ainda com relação aos estudos das condições climáticas do local em que se insere o projeto, cinquenta e seis trabalhos (93,3%) apresentam estudos de ventilação, considerando a predominância e direção dos ventos na área de intervenção, destes, quatro utilizaram de softwares de simulação (Figura 21). Catorze trabalhos apresentam estudos relacionados as aberturas, no que diz respeito a iluminação, com o objetivo de obter o melhor aproveitamento deste recurso passivo para a promoção de conforto à edificação.

Figura 21: Simulação realizada com o software PHOENICS mostrando o estudo das velocidades do vento no entorno da edificação

Fonte: TFG 14, 2005.2

Do ponto de vista do conforto térmico, observa-se, tanto no discurso quanto no desenho, que trinta e sete trabalhos (61,7%) incluem elementos de proteção solar nos edifícios projetados (Figuras 22 e 23); vinte e um apresentam estudos para orientação do edifício considerando a trajetória solar; vinte e sete (ou 45%) propõem a implantação do edifício no lote com base nos ventos predominates; dezenove apresentam o zoneamento dos setores da edificação com base na insolação; dois trabalhos detalham o dimensionamento das aberturas em função de ventilação natural e apenas um trabalho trata da análise do conforto urbano do entorno.

Figura 22: Estudo da incidência solar na fachada

Fonte: TFG 34, 2008.1

Figura 23: Estudo da eficiência dos beirais para a proteção solar obtido a partir do Software Ecotect

Fonte: TFG 50, 2009.2

Percebe-se que, de uma forma geral, os trabalhos que aprofundam as questões de conforto térmico, demonstrando através de diagramas e cálculos estes estudos, são aqueles que se propõem, desde o início, a desenvolver propostas de baixo impacto ambiental ou que utilizam os princípios da arquiteura bioclimática, acompanhando a tendência atual que aponta para a sustentabilidade das construções, não só em termos do projeto em si, como também se preocupando com a vida útil do edifício proposto. Estes, que explicitam estas questões, correspondem a 8% do total de trabalhos da amostra. Acredita-se que este também é o motivo para que apenas cinco trabalhos apresentem estudos sobre a eficiência energética da edificação (Figura 24), uma preocupação bem mais recente no âmbito do curso.

Figura 24: Geometria modelada e simulação da média das temperaturas operativas internas em um dia típico de cada mês do ano a partir do programa DesignBuilder 2.0.4.

Fonte: TFG 44, 2009.1

Quanto ao conforto luminoso, poucos são os trabalhos que se detêm a apresentação destes estudos para o edifício proposto; são apenas quatro do total de sessenta analisados. Quatro também é o número de trabalhos que detalham o dimensionamento das aberturas em função da iluminação natural (Figura 25). Um percentual pouco expressivo diante da ênfase dada a esta questão no conteúdo de uma disciplina do curso.

Figura 25: Simulação das faixas de iluminância de ambientes a partir do software Relux Professional.

Finalmente, a proposição de diretrizes de isolamento acústico aparece em treze trabalhos (ou 21,7%), sendo que cinco apresentam o uso de softwares de simulação relacionado à acústica do ambiente proposto (Figura 26). Em geral, os trabalhos que apresentam estes estudos, são aqueles relacionados às edificações que abrigam eventos ou espetáculos, ou que geram ruídos ao entorno, quando do seu funcionamento.

Figura 26: Simulação geométrica do som a partir do software Ecotect

Fonte: TFG 19, 2006.1

Quanto aos conhecimentos relacionados à tecnologia da edificação (sistemas e materiais construtivos), procurou-se identificar se havia nos discursos dos concluintes a especificação dos materiais e técnicas construtivas e a justificativa para tais escolhas. Em termos de desenhos, se houve a correta representação destas no projeto. Neste sentido, observou-se que apenas um dos trabalhos não indica explicitamente o sistema construtivo adotado e que quarenta e cinco especificam (75%), nos desenhos, os materiais adotados na proposta (Figuras 27 e 28). Ainda em termos do sistema construtivo, constata-se a preferência pelo concreto armado, presente em trinta e um trabalhos, em associação a outros sistemas ou indicado isoladamente. A estrutura metálica, da mesma forma, é adotada em vinte e quatro propostas (40%); em seguida, a alvenaria tradicional aparece indicada em doze trabalhos e, por fim, a madeira foi adotada como sistema único em dois trabalhos e em associação com outros sistemas em uma proposta (Figura 29).

Figura 27: Vista explodida do sistema de montagem da estrutura

Fonte: TFG 22, 2006.2

Figura 28: Maquete eletrônica dos sistemas construtivos

Fonte: TFG 37, 2008.1

Figura 29: Projeto de residência com proposição de sistema construtivo pré-fabricado em madeira

Como foi comentado anteriormente, acredita-se que a escolha dos sistemas construtivos pelos alunos, acompanha a evolução do mercado da construção civil em Natal que, na última década, passou a adotar sistemas mistos de construção aliados ao concreto armado e a explorar os sistemas construtivos pré-fabricados também como elemento de vedação e não só estrutural.