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3 O TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO (TFG) E O CURSO DE

4.1 CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO ANALÍTICO

A construção do instrumento analítico considerou a experiência da pesquisa “Arquitetura, Projeto e Produção de Conhecimentos: Produção Acadêmica - TFGs, Dissertações e Teses em PA/ Brasil”, desenvolvida pelo grupo PROJETAR (http://www.grupoprojetar.ufrn.br/), bem como a consulta feita aos professores das diversas áreas do CAU/UFRN, sobre a sua expectativa de reconhecimento do conteúdo das suas disciplinas no projeto final desenvolvido pelo aluno. E isso sempre com o objetivo principal de obter respostas à seguinte questão: a integração de conteúdos das disciplinas favorece o ensino/aprendizado de projeto de arquitetura? Estas respostas orientaram a construção do formulário analítico a ser detalhado posteriormente, contemplando todas as áreas de conhecimento do curso, tendo o entendimento de que o projeto seria a síntese de todas elas. Cabe ressaltar que as áreas de conhecimento definidas nesta análise, não correspondem literalmente as áreas definidas no Projeto Pedagógico A5. Pois, considerando a importância dada pelos professores para alguns conteúdos específicos, reconhecidos como subáreas ou interáreas, para o desenvolvimento dos projetos de arquitetura, ou seja pela tradição de pesquisa dos professores do CAU/UFRN, estes foram alçados, para efeito desta análise, à condição de área de conhecimento.

Para tanto, foram considerados os seguintes aspectos, observados tanto no discurso descritivo/justificativo do projeto, quanto na sua apresentação sob a forma de desenho:

a) Do ponto de vista do processo e das tomadas de decisões do Projeto de Arquitetura propriamente: Se há referência a autores/bibliografias ou se há referências empíricas para o projeto, apresentadas em estudos de precedentes diretos ou indiretos. Em caso afirmativo, quais os aspectos destacados pelo autor do TFG que justificaram a realização destes estudos e que serviram como base para as

decisões de projeto (históricos, socioculturais, econômico-financeiros, legais/jurídicos, funcionais/programáticos, formais/tipológicos, estéticos, tecnológicos, de conforto ambiental, formas de representação e/ou concepção ou o processo do projeto estudado. Quanto ao desenvolvimento da proposta, buscou-se identificar, no discurso do autor, quais as principais restrições para o projeto e quais os principais condicionantes do partido/ideia, se foram objetivos auto impostos (pelo próprio autor) e qual sua natureza: sociocultural, econômico-financeira, estética, tecnológica, legal/jurídica, funcional/programática, formal/morfológica/tipológica, e/ou físico-ambiental. Por fim, se havia relação entre a proposta e os conceitos e métodos descritos no discurso textual, bem como entre a proposta arquitetônica e os estudos de referência realizados.

b) Do ponto de vista urbano, procurou-se identificar quais as referências contidas no discurso quanto à análise do sítio, perfil socioeconômico, impacto urbano da proposta, infraestrutura existente, bem como sistema viário/acessos; procurou-se observar, tanto no discurso quanto no projeto, se foram observadas as prescrições urbanísticas incidentes no município local de intervenção (pelo menos Plano Diretor e Código de Obras), assim como as relações do edifício projetado com o entorno.

c) Do ponto de vista ambiental e tecnológico, buscou-se observar quais as referências contidas no discurso quanto a clima e entorno, insolação, ventilação, aberturas; com relação ao conforto térmico, se a proposta/discurso inclui estudos de orientação do edifício considerando a trajetória solar, análise do conforto urbano do entorno, implantação do edifício no lote com base nos ventos predominates, elementos de proteção solar, dimensionamento das aberturas em função de ventilação natural, zoneamento com base na insolação. Quanto ao conforto luminoso, se a proposta/discurso contempla estudo do terreno, estudo do edifício proposto e/ou dimensionamento das aberturas em função da iluminação natural. Também se houve uso de softwares de simulação para estudos de insolação, ventilação, acústica e/ou iluminação, bem como uso de carta solar e máscara de sombra. Ainda procurou-se identificar se o trabalho contempla estudos/propostas quanto à eficiência energética do edifício. Por fim, quanto aos elementos tectônicos, se são descritos/especificados os materiais e sistemas construtivos adotados pois, conforme informações dadas pelos professores da área, não há expectativa quanto ao aprofundamento dos conhecimentos relacionados ou apresentação de cálculo

estrutural, uma vez que não são exigências e tampouco documentos típicos da fase anteprojeto do projeto de edificações, de acordo com a NBR 6492 da ABNT.

d) Do ponto de vista da teoria e história: se o discurso contempla alguma referência histórica e como ela é apresentada, se em função do sítio, da tecnologia construtiva, dos objetivos do programa e/ou da forma ou do estilo arquitetônico. Buscou-se ainda observar se a linguagem do projeto teve como base tipos arquitetônicos buscados na história ou em edificações de uso similar. Por fim, se houve descrição de conceitos, se eles se relacionam com a proposta final apresentada.

e) Do ponto de vista da arquitetura da paisagem: em termos de desenho, buscou-se identificar se, havendo vegetação, onde ela se encontra representada, na implantação, planta baixa, cortes, fachadas e/ou volumetrias, se apenas no ambiente interno, no ambiente externo ou em ambos. Também se observou se discurso e projeto descrevem ou não o tipo de vegetação utilizada e se esta é comum ou incomum nos projetos locais; bem como se é citada ou descrita a vegetação preexistente no lote.

f) Do ponto de vista da consideração dos usuários no projeto, buscou-se observar: se o discurso apresenta definição e/ou quantidade total de usuários, conforme as diferentes categorias de usuários, condição social e econômica dos usuários ou qualquer outra indicação a eles referente. Quanto a este aspecto no projeto, procurou-se identificar se as exigências de acessibilidade/usos foram contempladas nas áreas de circulação externa e interna, bem como nas áreas de uso comunitário (externas e/ou internas). Ainda no projeto, se houve representação ou não de layout e, em caso afirmativo, se o layout está presente em todo o projeto ou apenas em parte dele, e de que forma estes elementos são apresentados (se apenas através de mobiliário básico, ou se apresenta alguns ou muitos complementos). Por fim, ainda no desenho, procurou-se identificar onde se encontra a figura humana, se na planta baixa, cortes, fachadas e/ou volumetrias.

g) Do ponto de vista da representação e linguagem: foram observadas se as técnicas de desenho e representação textual de projetos atendem às convenções gráficas determinadas pelas normas da ABNT (principalmente a NBR 6492) para o nível de apresentação de anteprojetos, que é o nível exigido pelo regulamento do TFG. Destaca-se a apresentação completa ou não dos desenhos em pranchas de tamanho padrão, uso de letra técnica, especificação de materiais, presença ou não

de quadros de esuqadrias ou de descrição de materiais, escala do desenho, indicação de orientação, apresentação do objeto tridimensional, quer seja através de perspectivas ou de maquetes.

A partir destas informações foi elaborada uma planilha excel (Apêndice 5) para coleta dos dados utilizando o software Excel, na qual, após leitura do texto e exame das pranchas de desenho de cada TFG, foram registrados os dados de interesse da pesquisa e que foram destacados acima.

Utilizando a ferramenta de cálculo do programa, o registro dos dados foram observados do ponto de vista numérico da sua recorrência ou ausência. As informações quantitativas e qualitativam embasaram a análise dos dados que será apresentada no capítulo seguinte.