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2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.3.3 Conhecimento – um enforque conceitual

Epistemologia é a ciência que estuda os fundamentos filosóficos do conhecimento. Segundo Sveiby (1998), o termo epistemologia provém da palavra grega

A visão epistemológica do Oriente é dada por Nonaka; Takeuchi (1997), “conhecimento é a crença verdadeira justificada”. Refere-se de um processo humano mutante de demonstrar a crença pessoal no que se refere a verdade. Já a visão do Ocidente, entende o conhecimento destacando sua natureza absoluta e estática e não humana.

Os termos informação e conhecimento têm diferenças e semelhanças abordadas por Nonaka; Takeuchi (1997) da seguinte forma:

• Ao contrário da informação, o conhecimento está envolvido por crenças e valores.

• Ao contrário da informação, o conhecimento está relacionado e conduz à ação.

• Informação e conhecimento referem ao significado, logo, estão intimamente ligados ao contexto.

Para Sveiby (1998), conhecimento possui as seguintes características:

• O conhecimento é tácito – o conhecimento prático é, em grande parte, tácito.

• O conhecimento é orientado para a ação.

• O conhecimento é sustentado por regras – seguimos regras e modelos e nos baseamos em experiências para fazermos julgamentos.

• O conhecimento está em constante mutação.

Boisot (1995) (apud Choo, 2006) destaca que o referido autor tipificou o conhecimento segundo a possibilidade de serem ou não codificáveis e difusos. Para o autor, conhecimento codificado é aquele que pode ser retido ou colocado na forma escrita sem que haja perdas excessivas e constantes de informações, como leis, normas, códigos. O conhecimento não codificado é aquele que não pode ser capturado ou guardado sem que a especificidade da experiência à qual se relacione se perca, como por exemplo, o reconhecimento de um rosto ou fisionomia, andar de bicicleta, tocar um instrumento. O conhecimento difundido é passível de compartilhamento com outros, são as transmissões de rádio e TV e artigos de revistas e revistas. O conhecimento não difundido está nas mentes das pessoas, são as memórias da infância, segredos das empresas, fantasias entre outros.

O Quadro 8, a seguir demonstra os conceitos de Choo (2006) demonstra graficamente os tipos de conhecimentos segundo Boisot (1995).

Tipos de Conhecimento Boisot (1995)

Conhecimento não difundido Conhecimento difundido

Conhecimento codificado Conhecimento proprietário Conhecimento público

Conhecimento não codificado Conhecimento pessoal Conhecimento do senso comum Quadro 8– Tipos de conhecimento. Fonte: adaptado de Choo (2006).

• Conhecimento do senso comum – conhecimento contraído ao longo da vida e as experiências compartilhadas com amigos, família e demais pessoas.

• Conhecimento pessoal – o conhecimento construído a partir da própria existência humana individual. Só é passível de transmissão por meio da presença física das partes envolvidas.

• Conhecimento público – o conhecimento da sociedade, é estruturado e documentado em formas impressas formais e informais, como livros, jornais, etc.

• Conhecimento proprietário – o conhecimento desenvolvido e codificado por um grupo ou pessoa com o propósito de construir sentido a respeito de situações particulares.

O conhecimento possui várias concepções e conceitos na literatura. Conhecimento engloba cognição e habilidades para resolver problemas, aliando teoria e prática, regras do dia-a-dia e orientações sobre como agir. Pode-se destacar defendida por Probst; Raub; Romhardt (2002): “O conhecimento baseia-se em dados e informações, mas, ao contrário deles, está sempre ligado a pessoas. Ele é construído por indivíduos e representa suas crenças sobre relacionamentos causais” (Probst; Raub; Romhardt, 2002:29). Tal conceito traduz de forma mais clara a importância do conhecimento no processo de tomada de decisão nas organizações públicas e privadas.

Em relação a outras áreas da ciência, o conhecimento apresenta diversas interfaces: na sociologia, é percebido como construção social; na psicologia, está relacionado com aprendizagem; e da filosofia podem-se resgatar os conceitos de labor, trabalho e ação.

No contexto organizacional, segundo Drucker (2001), a aplicação do conhecimento no trabalho, seguida da aplicação do conhecimento ao conhecimento, seria uma grande mudança de paradigmas da sociedade pós-capitalista.

Para disseminar o conhecimento; estruturar o processo de aprendizagem; e proporcionar um ambiente de aprendizado dinâmico e focado nas necessidades da organização é necessário viabilizar um fluxo de conversão do conhecimento.

Segundo Nonaka; Takeuchi (1997), a criação do conhecimento organizacional, representa a capacidade da organização em criar um novo conhecimento, difundi-lo e incorporá-lo a produtos/serviços e sistemas/processos. Para os autores, o processo de criação do conhecimento organizacional compreende as dimensões epistemológica e ontológica. A dimensão ontológica apresenta os níveis de entidades criadoras do conhecimento: individual, grupal, organizacional e interorganizacional. Já a dimensão epistemológica se distingue entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito.

O conhecimento tácito tem caráter pessoal, portanto, é difícil de ser transmitido, pois só pode ser acessado por intermédio de colaboração direta e de comunicação com pessoas que detém o conhecimento. É composto por experiências tácitas, ideias, insights, valores e julgamentos de pessoas.

São identificadas duas dimensões no conhecimento tácito: técnica e cognitiva. A dimensão técnica corresponde às habilidades e capacidades associadas ao “saber fazer”, ainda que o indivíduo não saiba expressá-las. A dimensão cognitiva é composta pelos modelos mentais, crenças e percepções que constituem a visão de realidade e de futuro do indivíduo.

Para Choo (2006), o conhecimento tácito é vital para a empresa, porque as organizações só podem aprender e inovar estimulando de algum modo o conhecimento tácito de seus membros, os seres humanos, levados pelo tácito know-how, têm essa capacidade de gerar novo conhecimento.

Segundo Lara (2004), Polanyi (1967) desenvolveu a teoria do conhecimento tácito que defendia as seguintes teses:

• A verdadeira descoberta não resulta de um conjunto de regras articuladas ou algoritmos.

• Conhecimento é, ao mesmo tempo, público e, em grande parte, pessoal, ou seja, é construído por indivíduos e contém emoções.

• Todo conhecimento ou é tácito ou tem raízes no conhecimento tácito, ou seja, tem raízes empíricas.

O conhecimento explícito é adquirido pela educação formal e envolve conhecimento dos fatos. É facilmente difundido em linguagem formal e sistemática, podendo serformalizado em textos, desenhos, diagramas, etc., bem como guardado em bases de dados ou publicações.