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1.2 OBJETIVOS

2.1.10 Gestão Estratégica na Administração Pública

O modelo burocrático da Administração Pública Federal inviabiliza, em tese, a utilização de modelos gerenciais modernos. Compreender o contexto em que se insere o conceito de gestão estratégica e os efeitos práticos do seu desdobramento é fundamental para a adoção de modelos como a gestão do conhecimento e gestão por resultados.

A administração pública, sem a flexibilidade do setor privado, tem evoluído de forma mais conservadora, sendo características estruturantes do modelo burocrático de gestão:

• Centralização do poder - traduzida pela concentração da autoridade e poder de decisão em pessoas muitas vezes afastada dos problemas organizacionais e dos funcionários;

• Hierarquização das relações e rigidez nos procedimentos – ausência de padronização e de melhoria dos processos de trabalho, sem uma análise crítica, que possa resultar na sua adaptação e modernização;

• Descontinuidade administrativa de objetivos, estruturas e projetos e de políticas públicas;

• Inexistência de indicadores adequados para estabelecer um ciclo de controle dos planos de ação, nas etapas de sua formulação, execução e avaliação impedindo o desenvolvimento de um ciclo de melhoria das práticas pertinentes que traduzam em medidas tangíveis sua missão;

• Fragilidade no sistema de recompensas, reconhecimento e punições voltadas à melhoria do desempenho funcional e dos resultados organizacionais;

• Cultura e clima organizacional que dificultam o compartilhamento de informações, a disseminação de conhecimentos, o estabelecimento de indicadores de desempenho, definição de padrões de processos.

Dessa forma, deve ser iniciado um processo de transformação das estruturas burocratizadas, hierarquizadas e ultrapassadas em organizações flexíveis e empreendedoras, visando à apropriação do conceito de gestão estratégica. De um lado, é necessário flexibilização e celeridade nos processos e procedimentos administrativos por meio de soluções inovadoras, além de ser indispensável que a Administração Pública Federal

Brasileira atue com foco nos resultados, manifestados pela satisfação dos serviços públicos prestados aos cidadãos. De outro lado, é importante a preservação e o fortalecimento de princípios burocráticos (como a legalidade, impessoalidade, universalidade, entre outros) que constituem requisitos para a concretização do Estado de Direito.

Atualmente, a Administração Pública Federal Brasileira têm sofrido muitas mudanças impostas mediante o descarte do paradigma anterior sem a identificação ou a devida clarificação do novo. A necessidade de atender os cidadãos oferecendo um serviço público de qualidade, que satisfaça minimamente as suas necessidades, impõe eficiência, eficácia e efetividade. A eficácia e a eficiência no setor público devem ser traduzidas como melhorias no atendimento à população. Devem ser repensados os modelos gerenciais do setor público, inserindo-se a temática da agregação de valor aos serviços ofertados aos cidadãos (Schlesinger et al.2008).

Motta (1990) conceitua eficiência, eficácia e efetividade da seguinte forma:

Eficiência – refere-se ao cumprimento de normas e a redução de custos. Sua

utilidade é verificar se um programa público foi executado de maneira mais competente e segundo a melhor relação custo-resultado.

Eficácia - refere-se ao alcance de resultados e à qualidade dos produtos e serviços e

sua utilidade é verificar se os resultados previstos foram alcançados em termos de quantidade e qualidade.

Efetividade - refere-se ao efeito da decisão pública e sua utilidade é verificar se o

programa responde adequadamente às demandas, aos apoios e às necessidades da comunidade.

Em outras palavras, avaliar eficiência é saber como aconteceu; a eficácia, o que aconteceu; a efetividade, que diferença faz. O Quadro 5 demonstra as diferenças conceituais.

EFICIÊNCIA EFICÁCIA EFETIVIDADE

Fazer as coisas de maneira adequada; Resolver problemas;

Salvaguardar os recursos aplicados Cumprir o seu dever;

Reduzir os custos.

Fazer as coisas certas; Produzir alternativas criativas; Maximizar a utilização dos recursos;

Obter resultados; Aumentar o lucro.

Manter-se no ambiente; Apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo

(permanentemente).

Quadro 5- Diferenças entre eficiência, eficácia e efetividade. Fonte: elaborado pela autora.

Para Gomes (2009), os limites potenciais ao aumento de eficiência nas organizações públicas podem decorrer de inúmeros fatores políticos, organizacionais,

culturais, psicológicos, dentre outros. Portanto, para aumentar a eficiência das organizações públicas é necessário adequar racionalmente o emprego de recursos aos objetivos estabelecidos. Logo, torna-se essencial problematizar, no planejamento estratégico da organização pública, seguindo os seguintes questionamentos: como se estabelecem os objetivos, ou seja, qual o processo de tomada de decisão envolvido; qual a disponibilidade e demais características dos diversos tipos de recursos necessários; e qual o nível de racionalidade disponível para processar tal adequação entre meios e fins, entre recursos e objetivos.

Segundo Coelho (2004), o conjunto de informações geradas durante o planejamento estratégico situacional, como a missão, a visão, os objetivos estratégicos, a identificação dos seus macroprocessos e o estabelecimento de procedimentos de avaliação do desempenho; as organizações públicas podem gerenciar os seus processos utilizando, por exemplo, o modelo de gestão do Programa de Qualidade do Serviço Público ou implantar outras metodologias voltadas à gestão de processos.

No caso de estas instituições optarem por ações de curto prazo, devem disseminar o método de gestão de processos baseado no ciclo PDCA de controle, promovendo a educação e a comunicação para todos os funcionários públicos e, assim, implementar ciclos de análise, de padronização e de melhoria de seus processos e rotinas. Concluída a reestruturação dos seus processos, atividades e tarefas, as organizações devem promover as devidas adaptações nas suas estruturas organizacionais, de forma a compatibilizar os processos de trabalho, os fluxos de comunicação e a hierarquia de poder, de competências e de responsabilidades, em relação aos objetivos organizacionais estabelecidos.

A implantação da gestão estratégica nas organizações públicas requer estímulo e valorização da inovação, apropriação dos saberes organizacionais e responsabilidade dos gestores e funcionários públicos; já que a modernização do modelo de gestão necessita do compromisso coletivo. É fundamental criar um ambiente propício para inspirar as pessoas a atingirem todo seu potencial, alinhando os objetivos individuais com os organizacionais. A realização sistemática do Planejamento Estratégico não se limita apenas na execução do Plano de Ação, mas também necessita do gerenciamento efetivo dos resultados, por meio da fixação de indicadores e metas e do acompanhamento de processos, alinhando recursos e gerenciando informações para subsidiar o desempenho individual e institucional.