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Foto 6 – I Oficina de elaboração do Plano de Ação do assentamento Terra livre

4 ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL: fios que tecem a construção

4.1 Município de Canindé: Cultura, Política e Fé

4.3.1 Consórcio de ATER: a difícil construção de uma política

Com isso, passo agora a uma breve exposição sobre o consórcio entre CACTUS e ACACE no lote Sertões de Canindé. O consórcio entre duas instituições se realiza quando as partes não possuem condições estruturais suficientes para realizar uma determinada ação. Nesse sentido, é viabilizada a parceria para que os objetivos sejam alcançados. Antes da atual política de ATER, tanto a ACACE como a CACTUS trabalhavam através do convênio de ATES, atuando no município de Canindé de forma individual junto ao INCRA e ao SEBRAE. De acordo com as entidades, houve uma proposta encaminhada para o INCRA, a de que houvesse a continuidade dos trabalhos de forma individual nos respectivos assentamentos já acompanhados, o que, na vista de alguns, simplificaria o processo, como no exposto abaixo:

os movimentos sociais, FETRAECE, MST, principalmente, tinham proposto que era em vez de lotear os Sertões de Canindé com um bloco só fazer como vinha sendo feito no convênio com INCRA/SEBRAE que era que os assentamentos acompanhados pela ACACE você faz um conjunto e licita eles só, eles isoladamente e faz chamada pública na verdade, licita não, mas faz chamada pública deles em separado. O INCRA não abriu mão das intransigências deles e irresponsabilidade e incompetência própria dos gestores do INCRA que fez com que houvesse um bloco só e, e, em função disso aí todos nós sabíamos que nem a ACACE nem CACTUS tinham condições operacionais de garantir a concorrência da Chamada como um todo sozinha. (Técnico e sócio-coordenador da ONG CACTUS em Canindé, entrevista concedida em 2012).

No novo modelo proposto, as duas entidades assumem atividades individuais, mas também em conjunto, como, por exemplo, atividades que tenham abrangência territorial; exemplo disso é que alguns profissionais chamados específicos, de nível superior, os quais são profissionais disponíveis para o lote todo, este deve atender o Território Sertões de Canindé e as duas entidades. Nessa direção, é imprescindível a atuação conjunta do consórcio. Tanto para o técnico da CACTUS como para a militante do MST em Canindé, houve uma imposição por parte do INCRA para que o consórcio fosse realizado dessa maneira:

Então essa questão dos consórcios foi posto, nós tínhamos uma proposta diferente, é, de organização dessa chamada, então na verdade o consórcio foi uma coisa colocada de cima pra baixo e desde o início as entidades se posicionaram contrário desse processo, mas pela situação que já vinha, já vínhamos vivenciando pela, é, pela falta de, de, falta de recurso, pela paralisação as equipes técnicas pararam, os agricultores sem receber o serviço é a gente acabou aceitando o desafio

de encarar e tentar. [...] por mais que a ACACE não faça parte da Rede, mas é o respeito ao Movimento do Movimento Sem Terra e aí a gente também dialogou no sentido de a gente ter nas regiões onde a ACACE tem uma articulação política, tem uma, assentamentos que são ligados politicamente ao Movimento Sem Terra, a gente pegar e fazer os consórcios a exemplo aqui de Canindé. (Técnico e sócio-coordenador da ONG CACTUS em Canindé, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus].

a gente foi obrigado, a fazer o consórcio ou faria o Consórcio ou ficava fora, e aí assim em alguns momentos nos damos muito bem quando é pra ir pra briga, pra defender, então vamo lá. Quando tem algumas questões internamente assim, então é... um processo de disputa mesmo, entre as empresas e, mas é assim né, no geralzão, né? Não tem muita coisa assim não. (Militante e coordenadora local do MST em Canindé, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus].

Por outro lado, a técnica do INCRA explicita que o Consórcio sinalizou uma saída política e técnica encontrada tanto pela CACTUS como pela ACACE, que já trabalhavam

antes no território, as quais não queriam “abrir mão” dos assentamentos nos quais vinham

trabalhando.

Dadas às dificuldades anteriores à execução dos trabalhos, o Consórcio também teve dificuldades no início e no decorrer do processo para realizar as ações em conjunto. Algumas hipóteses foram lançadas: primeiro, a de que se tratava de um novo processo para ambas as partes; segundo, que houve uma ausência de organicidade das entidades para dar sentido ao proposto e, terceiro, que desde o início do contrato faltaram esclarecimentos sobre diversos fatores essenciais à execução da política de ATER, a saber: os serviços a serem executados, as metas, o contrato em si, o papel que dizia respeito a cada entidade, pouco tempo para que as duas entidades se reunissem em virtude, inclusive, da quantidade de serviços a serem prestados, ausência de uma coordenação mais sistemática da ACACE no Município para viabilizar melhor organicidade aos processos junto à CACTUS e total ausência de formação para os profissionais de ATER, coordenações das entidades e servidores do INCRA. Estes foram pontos que se tornaram mais presentes nos discursos e práticas acompanhadas. Com isso, muitas ações se tornaram desarticuladas em campo, principalmente com relação às necessidades que os assentamentos rurais expunham como prioridades. Diante do exposto, o técnico da CACTUS, ao realizar uma avaliação parcial do processo, completa:

como vem sendo tratada a Chamada, pela maneira como foi posta ela impossibilitou que a gente pudesse fazer essas articulações, as atividades mais articuladas, pela própria dependência de recurso, é pela pressão que a gente tá vivenciando para a questão de manter, de manter as entidades funcionando porque acabou sendo, nós tá vivendo hoje uma correria no sentido de garantir é serviço dentro do contrato para que a gente possa receber os recursos e manter as entidades abertas porque é, o início desse serviço ele gerou uma, um peso muito

grande pra gente. (Técnico e sócio-coordenador da ONG CACTUS em Canindé, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus].

As observações do entrevistado revelam uma ação desarticulada entre as entidades, replica que, da maneira como a Chamada foi posta, ficou difícil a articulação, já que há uma dependência grande de receber recursos a partir do que se apresenta como produto ao INCRA.

Dessa forma, há “uma corrida” por metas a fim de viabilizar o não fechamento das entidades.

Além disso, os serviços nem sempre são realizados em diálogo com as famílias, pois a prioridade é a garantia dos serviços prestados:

a gente retrocedeu no sentido de construir a assistência técnica junto com as famílias, na verdade nós tamos, nós tamos é trazendo uma gama de serviços, de atividade que necessitam ser realizadas e outras que são é essencial pras famílias estão sendo, não tão conseguindo porque na hora que a gente tira o profissional de campo pra ir realizar outra atividade e, que as famílias demandam a gente não, a gente tá deixando de cumprir, de bater metas e aí isso acarreta um desgaste muito pras empresas. (Técnico e sócio-coordenador da ONG CACTUS em Canindé, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus].

Há um indicativo de que houve um retrocesso no modo como está sendo desenvolvida a ATER. As metas e os respectivos serviços já previamente elaborados fazem frente às demandas das famílias assentadas, isso foi um fator percebido e sentido pelas equipes de ATER, bem como de forma mais contundente na realidade das famílias assentadas, vejamos:

“a forma que é pensada essa assistência técnica não é pra nós agricultor não, porque o INCRA faz as suas metas e essas, essas não é, não é a que nós precisamos não”. (Assentado e

liderança do assentamento Terra Livre).

Nesse percurso, o consórcio foi dando os passos iniciais, alguns pontos foram colocados como problemáticos: a) sobre o esclarecimento da Chamada Pública; b) cobranças na formação dos profissionais; c) cobrança quanto à forma como os serviços deveriam ser executados; d) a estimativa da quantidade de profissionais por famílias assentadas; e) questionam sobre a possível rotatividade e quantidade de profissionais de nível superior no território e f) preocupação em torno da quantidade de trabalho com a disposição de tempo previamente determinada.

No decorrer do processo, foi solicitado, por parte dos profissionais, um momento de trabalhar, junto ao consórcio, as questões metodológicas, bem como a situação dos profissionais que trabalham em áreas específicas e devem atender as duas entidades. Contudo, esse momento da ACACE e CACTUS foi relatado da seguinte forma:

eu acho que a princípio a gente cobrou por diversos momentos o que aconteceu muito tardiamente e o muito superficialmente no processo de socialização do conhecimento que eu não gosto de [...] capacitação, mas não socialização dos conhecimentos, né? Porque a gente tem conhecimentos pressupostos aí [...] e experiências e da própria entidade de tomar a frente disso daí [...] eu acho que houve, mas houve como eu disse de forma tardia e superficial, a questão de socialização ou da capacitação dos conhecimentos. (Agrônomo e profissional de ATER da ACACE, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus].

A fala do entrevistado destaca duas questões: o atraso e a superficialidade quanto à socialização dos conhecimentos acerca da Chamada, dentre outras questões que diziam respeito aos aspectos metodológicos e à abordagem para cada serviço.

Em um encontro promovido pela CACTUS e ACACE, no final de 2011, no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais em Canindé, onde o evento teve como objetivo entender o que as metas exigiam, foi possível identificar alguns aspectos.

O clima era de insatisfação com as desarticulações dos trabalhos de ATER, suas metodologias e seus respectivos entendimentos sobre as atribuições propostas pela política de ATER. Isso também já se deve possivelmente aos atrasos de pagamento dos salários. Nos primeiros meses, houve muitos problemas com a devolução de relatórios que não estavam sendo aprovados pelo INCRA; sendo que um dos motivos foi a falta de orientação inicial, situação que exigiu a constituição da Mesa Técnica e da Mesa Política, anteriormente caracterizadas como espaços de negociações. Quando indaguei a um técnico sobre as discussões e possíveis encaminhamentos ocorridos através das Mesas de negociação, o mesmo respondeu que:

Na verdade não existe um retorno porque a Chamada da maneira como ela foi colocada ela é muito amarrada, ela é amarrada e a própria lei também de ATER que é uma, uma avaliação que a gente faz a lei, ela depende de outra lei, a lei de ATER ela depende da lei 8.666 [...] então isso aí tem, tem é, segundo a avaliação isso também tem travado nas discussões além da inoperância do INCRA, né, o INCRA hoje tem uma inoperância é para a quantidade de serviço, pra quantidade de produtos que a gente, é, entrega no INCRA todos os meses, a equipe não consegue avaliar e dá um retorno em tempo hábil pras entidades, então assim, isso também tem travado o processo. (Técnico e sócio-coordenador da ONG CACTUS em Canindé, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus].

Em concordância com as avaliações do profissional da CACTUS sobre as dificuldades que o INCRA tem enfrentado, a técnica do INCRA relata sobre a forma como as atividades têm sido dialogadas junto às equipes de ATER em campo:

tô fazendo o diagnóstico da sua vida, da sua família (Profissional de ATER), mas quando eu chego na ponta e mando a demanda pra cá (para o INCRA) aqui tá ficando parado, eles (os profissionais de campo) são obrigado a fazer um relatório colocar as demandas que tá acontecendo, chega aqui o monitoramento tá lendo,

mas não encaminhando pras equipes, se eu quiser tomar conhecimento eu peço pra ele fazer outro relatório pra mim,porque tá sendo lido, tá sendo arquivado.[...] a falta de pessoas, né, pra trabalhar e também o tempo (refere-se ao INCRA), os técnicos tão com quatro meses que não recebem o pagamento, eles não tão indo pra campo. (Técnica do INCRA e membro do Setor de Desenvolvimento, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus].

Outras indagações feitas, ainda no segundo encontro entre as entidades, pelos profissionais de ATER presentes, deram-se no seguinte sentido: um profissional chamou atenção para o tempo a fim de discutir a proposta metodológica com propósitos de discussão e o coletivo, reafirmando a construção coletiva do conhecimento. Outro colocou que

“estamos contra o tempo, não temos como passar uma semana, fazer palestra, é facilitar e

formar como trabalhamos,é aplicação de questionários, vale a equipe e individual, estudar [...]

não adianta passar o dia todo aqui”. Em concordância com a próxima opinião, que pede

atenção para a realidade, há: “se for para aprofundar tem que passar 15 dias, não dá,

estamos correndo contra o tempo”, as equipes só dispunham de duas horas. Um dos

integrantes da ONG CACTUS diz que o principal é entender a meta de uma só maneira, todos, infelizmente, por falta de tempo, tem que ser restrito, pois não houve capacitação

inicial. Outro ponto importante exposto foi a dificuldade de não saber determinados assuntos e qual a abordagem a ser trabalhada. Essa seria a dificuldade: qual o assunto a que

se refere determinada meta. Outros profissionais ficaram sabendo do encontro em cima da

hora, além de não saberem sobre os objetivos do mesmo, assim, consideram que as ações estão sendo “atropeladas”.

Depois desse momento, as equipes não mais estiveram juntas para as possíveis articulações e formação. Com os destaques acima, em negrito, penso ser importante realizar breves considerações gerais. Muitos profissionais, nesse processo, sentiam necessidade de discutir coletivamente as ações conjuntas visto que se tratava de um Consórcio, de uma parceria, ainda mais considerando que não houve formação inicial para o entendimento de todos acerca dos serviços a serem prestados. Contudo, em meio às dificuldades de tempo e serviços a serem prestados, o que prevaleceu foi um encontro rápido, sem aprofundamento, sobre o contrato e os aspectos teórico-metodológicos, fundamentados na proposta técnica das entidades, que se pauta nas metodologias participativas, com enfoque humanístico e construtivista, bem como orientado pelos princípios da educação popular.

Em suma, em meio às dificuldades de viabilizar um trabalho conjunto entre a ACACE e a CACTUS, alguns profissionais de ATER da ACACE avaliam o consórcio na seguinte direção:

Até hoje nós não conseguimos definir ainda estratégia, onde é que entra um e onde termina o outro, até mesmo porque tem atividades que são de níveis territoriais que tá virando uma briga de recursos [...]. Então, assim, até hoje ainda há arestas a serem aparadas com relação à atuação das duas empresas a nível de consórcio, é lógico, tirando as demandas que são especificamente dos assentamentos que a gente acompanha, mas existem várias atividades na chamada pública que são de cunho territorial que deveria haver uma organização entre as duas instituições no qual isso não tá acontecendo, isso não tem conseguido ser executado de maneira que haja um entendimento de onde é que começa a gestão de uma e termina a gestão da outra. (Técnico em Administração de Cooperativas e profissional de ATER da ACACE, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus]. O profissional levanta algumas questões que considero importantes sobre a não definição de uma estratégia conjunta até pelo possível fortalecimento das entidades e dos trabalhos a serem desenvolvidos junto aos profissionais. Há ainda o não esclarecimento sobre o papel que compete às partes instituídas, ou seja, “onde é que entra um e onde termina o

outro”. Além disso, as atividades de cunho territorial, em alguns momentos, não estão sendo

dialogadas, o que contribui para uma intervenção inadequada nos assentamentos rurais, é o que nos revela outra profissional de ATER a seguir:

Atentando pra especificidade que a gente trabalha em consórcio, então é a nossa empresa faz um planejamento e a outra empresa faz um outro planejamento, uma não sabe o que, que a outra tá fazendo, tem alguns assentamentos que a gente acompanha em conjunto são assentamentos que tem duas associações, então, uma empresa acompanha uma associação e a outra empresa acompanha a outra, sobre a contradição é que tem atividades que são do assentamento que eu tenho que juntar as duas associações e realizar essa atividade isso nunca aconteceu, nunca aconteceu porque o planejamento não é, não existe uma sintonia entre as duas empresas, o que, que acaba acontecendo é que é que a outra empresa, como é empresa líder do consórcio, eles executam a atividade que a gente nem fica sabendo quando nem como, muitas vezes é a nossa associação, a associação que a gente acompanha no assentamento não é chamada e isso eu falo por depoimento dos próprios assentados, porque quando eu fico sabendo que a, o, que determinada atividade do assentamento foi realizada eu pergunto pros assentados da associação onde eu acompanho „vocês participaram de uma reunião que foi discutido isso aqui?‟, „não‟, e então que, que acontece não há um planejamento em conjunto das duas empresas e a gente também não é estimulado a tá fazendo um planejamento mais efetivo porque o que importa é a gente tá cumprindo meta, meta, meta, meta, só, então a nível mais organizacional isso não é cobrado. (Assistente social e profissional de ATER da ACACE, entrevista concedida em 2012) [Grifos meus].

Para a profissional, a ausência de uma coordenação conjunta tem prejudicado a atuação dela em campo, assim como tem causado impactos negativos nas comunidades rurais. Em sua fala sobre o assentamento citado, existem duas associações que, devido ao número de

famílias, devem trabalhar em diálogo com as duas entidades. No entanto, não houve um momento de planejamento conjunto. Quando uma entidade chega para trabalhar no local, muitas vezes, só se reúne com parte do assentamento, deixando o restante alheio ao processo que diz respeito a todos. Nesse sentido, o que tem prevalecido é o aspecto quantitativo do trabalho, as metas a serem cumpridas para o não prejuízo maior das respectivas entidades parceiras. De acordo com as colocações, o técnico da CACTUS, ao ser perguntado sobre o planejamento de consórcio, afirmou:

Eu avalio da maneira como iniciou o serviço, da maneira como foi se direcionando a gente não conseguiu, atuar como consórcio em si, dentro do que se é, esperava do consórcio, ainda não conseguimos fazer um planejamento, uma formação conjunta, um planejamento conjunto. [...] a gente acabou é direcionando e aí ficando é a CACTUS fazendo suas atividades, a ACACE fazendo atividades que compete não tendo, assim, uma relação realmente consorciada pelo que pretendia, porém a gente tem é tentado, é manter, de certa forma uma sintonia, nesse sentido do serviço, no sentido é da própria execução em si. (Técnico e sócio-coordenador da ONG CACTUS em Canindé, entrevista concedida em 2012). [Grifos meus].

O mesmo explicita sobre os condicionamentos postos para as entidades através do contrato de ATER. Dessa forma, expõe que as duas entidades tiveram um primeiro momento de experiência com dificuldades financeiras, assim, ficou inviável a execução de um trabalho mais organizativo. Nessa direção, houve desarticulações junto às reivindicações e necessidades das famílias assentadas, pois a prioridade era viabilizar a execução de metas a fim de tentar minimizar a crise financeira.

De uma forma geral, dos 11 profissionais presentes na entrevista coletiva, ou seja, o Grupo Gerador, apenas 4 posicionaram-se com relação ao consórcio de ATER. E, de acordo com o exposto, o Consórcio não vem se realizando de maneira conjunta para a execução da política de ATER. Nem mesmo as atividades de cunho territorial têm sido fortalecidas. No entanto, é sabido que o contexto de dificuldades também exposto contribuiu para que as entidades se apresentassem; nessa perspectiva, aponto isso porque, em muitos momentos, houve a paralisação de recursos para a realização das atividades. Também vale considerar que esse foi um primeiro ano de experiência entre CACTUS e ACACE, considerando a estrutura de trabalho proposta pelo INCRA.

Em síntese, penso ter sido relevante apresentar, ainda que de forma parcial, o contexto de como o Consórcio tem sido viabilizado na atual política de ATER. Como visto, tanto a ACACE como a CACTUS são entidades que possuem força política e social junto aos assentamentos rurais. A relação que tentam construir em campo, ao que parece pelas lógicas

observadas, tende a superar as experiências negativas da ATER. No entanto, ainda encontram nos percursos muitas dificuldades na execução dos serviços, sendo estas dificuldades determinadas por diversos fatores, como: falta de recursos financeiros e humanos, primeira experiência depois da Lei de ATER, falta de diálogo com o INCRA, poucos encaminhamentos para modificações da política, fragilidade institucional do INCRA, ausência de formação para a nova perspectiva da ATER e, sobretudo, não diálogo e ausência de construção coletiva com os sujeitos que vivem nos assentamentos rurais.

A partir disso, dou início, no próximo capítulo, ao estudo no que concerne a um dos objetivos principais do presente estudo que trata de compreender como vem sendo a prática dos profissionais de ATER da ACACE, sendo esta última o objeto de estudo.

5 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE EXTENSÃO RURAL DOS PROFISSIONAIS DE

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